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"Muitos pensaram que podiam bater Phil Ivey. Nenhum estava certo, até ver" Vicky Coren

A jogadora britânica é uma das personalidades inescapáveis da história do mundo do poker, sendo não só a primeira mulher a conquistar um European Poker Tour como também a primeira a repetir o feito, Vicky Coren tem andado afastada dos palcos principais do jogo, mas continua com um olho atento à actualidade como a sua coluna no The Guardian demonstra.

De quando em vez, Coren Mitchell aborda temas relacionados com o mundo do jogo, dedicando um destes artigos ao caso Ivey vs Crockfords, que o PokerPT.com acompanhou de perto:

É raro ver Phil Ivey, o melhor jogador de poker do nosso tempo, perder verdadeiramente. O homem é um génio. Ele consegue entrar dentro da cabeça dos outros.

Penso que ele me achou um pouco desconcertante, na primeira vez que joguei contra ele. É normal, a primeira vez. No caso de Phil, eu não acho que fosse de ser mulhar - o que desconcerta a maioria - mas que era mulher e estava a fazer piadas.

Facilmente não é o único a ficar abanado por tal (como qualquer um pode comprovar se ler a minha caixa de comentários online a estas colunas), mas foi emocionante para uma fã. A confusão nos seus olhos, enquanto ele ponderava o quão a sério tomar esta pequena, impertinente pessoa... Eu senti-me como uma maliciosa ave a passarinhar nas costas de um crocodilo.

"Phil Ivey não sabe o que fazer de mim!" Pensei contente. "Ele não consegue ler a minha mente! Há uma interferência com a força!"

Enquanto palrava e conversava, Phil olhava fixamente desde o outro lado da mesa. "O que é este tom elevado ruidoso?" Conseguia ouvi-lo a pensar. "Está doente? Está doida? É isto uma espécie de bluff?"

E depois... gradualmente... "Oh! Penso que ela quer ser engraçada."

Foi muito parecido com a minha primeira vez num painel dum programa de televisão. Meh, as pessoas esperam o que já estão habituadas; tens que lhes dar tempo.

Cerca de meia hora demorou Phil. Ele depois riu, relaxou e - embora me continuasse a mirar como se fosse uma ave rara - não lhe consegui ganhar mais uma mão no resto do dia.

Não me interpretem mal, eu sou uma boa jogadora de poker. Sou uma espécie de Tim Henman para o Roger Federer do Phil Ivey. Ele é um jogador mágico, cintilante. Ele faz arte com a equação entre a matemática e a psicologia. É como se ele visse as tuas cartas.

Deixem-me ser clara: ele não consegue ver as tuas cartas. Ele não é uma batota. Infelizmente tal não foi o mesmo que acharam cinco juizes do Supremo Tribunal, que decidiram que o Crockfords Casino não devia £7.7 milhões a Phil, que ele ganhou a jogar punto banco, em 2012.

O casino, os media e a internet fizeram imenso ruído sobre a derrota de Phil Ivey. Eles apelidaram-na de um triunfo da casa.

Mas será assim tão simples? Uma vez mais, como parece ser frequente com Phil Ivey (passou-se com o dealer do Crockfords, com muitos adversários de poker e certamente aos dois gamblers que conheci que se vangloriavam de quanto lhe estavam a ganhar em golf, antes de ele ter lições secretas e sacar-lhes £1 milhão), eu suspeito que ele está a ser substimado.

Ele perdeu verdadeiramente? Alguma vez perde? Vou pensar nisto como se fosse uma mão de poker. Eu posso não ser Roger Federer, mas hey, Tim Henman batia o field.

Primeiro, o que é batota? Phil e a sua parceira repararam que o Crockfords estava a usar cartas com assimetrias nas trazeiras. (Tipo, duh.) Persuadindo o croupier a virar algumas das cartas para sorte - que foi aceite facilmente, em virtude da casa antecipar gordas perdas para o par de visitantes - ele conseguia basicamente saber o que vinha aí no baralho.

Sem tocar, contrabandear ou subornar; ele agiu abertamente. Qualquer pessoa esperta veria a situação. Acontece que a pessoa mais esperta na sala era Phil Ivey. Como costume. Eu não acho que ele tenha aldrabado mas foi mais astuto que o casino.

Estou correcta? Quem sabe?! Estas coisas são subjectivas. Fui uma vez requisitada a ser uma testemunha-perito num julgamento onde alguém processou um casino por falhar em protegê-lo de batota. A prova era confusa porque as alegações iam de massagistas que espreitavam cartas e mandavam sinais (o que definitivamente considero batota) ao jogo em si ser demasiado volátil como variante de poker (o que não considero). Respondi que não conseguia fazer o trabalho, que os nós não podiam ser desfeitos. Acho complicado de acreditar que os juizes que ouviram o caso de Phil Ivey durante os últimos anos estejam mais confiantes e certos da correcta etiqueta de um jogo de cartas.

Certamente que os comentários de Lord Justice Hughes, quando afirmou "se ele tivesse secretamente ganho acesso às cartas e pessoalmente interferido com as mesmas, seria considerado batota. Ele conseguiu o mesmo resultado ao indicar as acções ao croupier" soa - como todo o devido respeito - a palaras de alguém que não passou muito tempo numa sala de casino.

O ponto é, Phil Ivey não perdeu dinheiro no Crockfords naquela noite. Eles apenas recusaram pagar-lhe os seus ganhos. Agora: e se ele se apercebesse, lá atrás em 2012, que ele nunca receberia o dinheiro? É frequente nestes círculos do jogo; a maioria apenas engole e segue em frente.

Supõe agra que Ivey escolheu não engolir. Bom, ele continua a não ter o dinheiro. Mas ele tem três instâncias judiciais, todas elas resultaram em títulos de notícias pelo mundo fora a dizer que o casino não lhe pagou. Ele ajudou milhões de pessoas a aperceberem-se que não é permitido ser-se mais astuto que o casino. Ele colocou um casino a pensar que é bom passar um longo, detalhado processo em que expressam "deleite" por não terem que fazer o pagamento. Ele fez com que eles basicamente berrassem aos ouvidos do seu público-alvo: párem de sonhar em bater o sistema! Isso não existe! Afinal não "podes ser tu"!

Então quem levou a melhor no final?

Apenas digo: muitos pensaram que podiam bater Phil Ivey. Nenhum estava certo, até ver.

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