Filmes de Poker: Shade (2003) de Damian Nieman
Apesar de este filme se chamar “Shade”, acho que se devia chamar “Who’s The Duck?”, ou seja, quem é o pato? Um bom "con movie" com uns plot twists bem interessantes. E Poker? Tem bastante mas não é Hold’em.
Charlie e Tiffany são dois “con artists” com uma vida cheia de pequenos golpes mas que, com algum orgulho no que fazem, procuram aquele “trabalho” que lhes irá dar fama e fortuna. Para isso precisam da ajuda de Vernon, um pequeno génio na arte de mexer nas cartas, um mágico ou, como chamam no filme, um bom mecânico.
Desenvolvem um pequeno golpe que lhes traz $80.000 de lucro. Tudo muito bom, mas este dinheiro pertence a um chefe da máfia. Pressionados pelos mafiosos, vêm-se na necessidade de arranjar um golpe maior, que os irá livrar da dívida e arruinar de vez com a reputação do maior mecânico de sempre, The Dean. Este último é uma lenda viva, uma figura que parece sair do meio do nevoeiro, um ganhador, um perito, um mito…
Com muito treino, perícia, jogo de cintura e algumas mentiras, chegam ao desejado high stakes game com The Dean; o que não esperavam era que este fosse organizado pelo mesmo chefe da máfia a quem devem dinheiro… E quem ganha? Vernon ou The Dean? Esta parte do filme é a única que vale a pena espreitar.
Com Gabriel Byrne e Thandie Newton como Charlie e Tiffany, este duo desempenha as suas funções primárias com alguma classe, acima da média, mas sem que sejam umas personagens fora de série. Fica-se pelo carisma de Byrne e pelos vestidos de Newton… Vernon, interpretado por Stuart Towsend é a primeira surpresa do filme. Misterioso, calmo e enigmático, apresenta-nos uma personagem com quem simpatizamos. Dentro dos possíveis, o bom da fita… Dean “The Dean” Stevens é interpretado pelo experiente Sylvester Stallone. Uma figura curiosa e a segunda surpresa do filme. Uma prestação discreta e marcante. Dá para perceber a figura superior que é, e Stallone fá-lo com a cabeça e não com os músculos, ao contrário do que é habitual. Melanie Griffith é a namorada de The Dean, zero comentários…
O filme Shade não é nada de especial, vale mesmo por um ou dois plot twists que nos fazem sorrir durante o filme. Nada de muito elaborado mas que é capaz de chamar a atenção. Apesar de considerar que o guião é sólido, julgo que a realização o compromete. Damian Nieman é um entusiasta de truques com cartas e arriscou fazer este filme. As mãos dele são as mãos que cobrem o genérico com truques de cartas. Acho que falhou em vários sentidos. No lado artístico, tentou fazer algo que não sabia, pois Shade foi o 1º e último filme que realizou. Planos pouco conseguidos, erros de racord, personagens mal exploradas, etc… Parece mesmo uma ideia que um grupo de amigos teve no café e a partir da qual fizeram um filme. Por acaso tinham dinheiro e arranjaram uns actores famosos.
O filme foi um falhanço, ao ponto de não ser comprado por uma distribuidora e ter ido parar directamente a DVD.
Por esta última razão, a banda sonora também não sobressai. Tudo o que era som teve de ser reeditado pelo filme não ter conseguido vender os seus direitos.
É um bom filme para se ver uma vez. Vê-se alguns bons truques, aprendemos umas coisas e ainda dá para ver um desempenho suficientemente bom de dois actores. Tirando isto, há Poker que chegue lá no meio.
Stay tuned.
Por Ricardo “Cacopt” Pinto