Filmes de Poker: The Cincinnati Kid (1965) de Norman Jewison
O melhor filme de Poker de Sempre? Se considerarmos que grande parte da acção do filme se passa em torno de uma mesa de pano verde e tudo resto é secundário, sim, The Cincinnati Kid é o melhor filme de Poker de sempre!
New Orleans é o local, Eric Stoner é o gambler, um jogador que acredita ser o melhor do Mundo. Convencido, charmoso e confiante, pretende desafiar um outro jogador que, os que o rodeiam, consideram ser o melhor e até mesmo imbatível. Assim, numa sala preparada para a ocasião, Stoner pode enfrentar Lancey Howard, um jogador respeitado, implacável e uma das melhores poker faces do mundo underground do Poker. O jogo era Five Card Stud e estavam reunidas as condições para uma luta quase interminável.
Fora do Poker, Stoner namora com Christian, uma relação de altos e baixos mas forte. A sua parceira não encara com bons olhos as decisões e estilo de vida de Stoner. Shooter é uma das pessoas mais próximas de Eric e ajuda-o a preparar o derradeiro encontro. Shooter é casado com Melba, uma femme fatale de atributos extraordinários, que quer ter Stoner a todo custo.
Apesar de ter um argumento com as condições necessárias para ser um grande filme, acaba por ser mal explorado, em termos de realização. Steve McQueen no papel de Eric Stoner faz aquilo que lhe compete, e bem. Numa altura em que a rivalidade com Paul Newman era enorme, The Cincinnati Kid vem tentar sobrepor a imagem de bad boy criada por Newman em “The Hustler”, o mítico Fast Eddie Felson de 1961.
O elenco acaba por dar vida a uma realização básica e pouco elaborada. Norman Jewison foi uma segunda escolha. Karl Malden como Shooter é brilhante ao representar um underground shark, que se mexe bem e conhece os cantos à casa. O falecido Edward G. Robinson é Lancey Howard e o seu papel é desempenhado com uma classe acima da média. Dá à personagem a textura que era precisa, sendo um adversário à altura do nosso herói. Quanto à parte feminina, foram escolhidas duas pin ups, duas sex symbols da altura. Tuesday Weld é a namorada conservadora e moralmente séria, Ann Marget, uma Deusa de lingerie que transpira sensualidade.
Quanto à banda sonora, temos uma New Orleans recriada em toda a sua potencialidade. Desde o jazz funeral, que abre o filme, até à blues band que toca no The Quarter. Com alguns sons notáveis temos Ray Charles a tocar o tema de Abertura.
Extremamente inovador para a época, vejo-o como um passo em frente em todas as direcções. No jogo, na representação, nos diálogos, na abordagem ao tema, na exposição de temas como o adultério e a traição. Temas que julgo serem um pouco tabus para a década de 60. Sem James Dean, com Paul Newman a brilhar e Steve McQueen a criar uma reputação sem precedentes, tínhamos iniciado uma cultura pop do Mister Cool ou do Cool Bad Boy.
The Cincinnati Kid. por Ricardo “Cacopt” Pinto