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Benfica - Lição mal estudada resulta em derrota com Académica

Jorge Costa nunca tinha ganho ao Benfica, mas foi avisando durante a semana que não iria fazer reverência aos encarnados, mesmo correndo o risco de ter de pagar a factura da Supertaça que estes tinham perdido com o FC Porto. Dito e feito: apostou forte e ganhou 2-1 mesmo ao cair do pano. Os campeões nacionais foram derrotados no arranque do campeonato, algo que não acontecia há 19 anos, e também com o Benfica: a equipa então orientada por Eriksson perdeu em casa, mas diante do Boavista (ver quadro).

O treinador da Académica deu uma verdadeira lição a Jorge Jesus jogando de peito aberto (4x3x3), como gosta. Primeiro tirando a iniciativa à equipa da casa, pressionando no meio-campo encarnado e, depois da expulsão de Addy, aos 50', mantendo uma cortina muito unida à frente da defesa, sem que isso significasse um recolhimento até à sua baliza. Ao mesmo tempo seleccionou muito bem os ataques, enervando o adversário com constantes trocas de bola. Não houve autocarro nem pontapé para a frente enquanto os estudantes estiveram com o mesmo número de jogadores que o Benfica.

O resultado não poderia ser melhor, com Laionel a mostrar por que razão o futebol é apaixonante - já nos descontos, num remate de se lhe tirar o chapéu, a uns bons 40 metros. Com lances destes, vale a pena pagar bilhete, perder um jantar agradável e dar uma saltada a um estádio perto de casa!

No sexto arranque sem ganhar - o último a consegui-lo foi o de Giovanni Trapattoni, em 2004/05 -, o Benfica foi abafado pela Académica. Os problemas evidenciados na Supertaça repetiram-se, mesmo tratando-se de um adversário sem os argumentos do FC Porto, e isso foi fatal para as águias. Jesus até pôde ter dado uma injecção de confiança aos jogadores, mas o problema (ainda) não está na cabeça; está na ausência de alguém para romper e dar profundidade ao futebol benfiquista. A bola não chega a Cardozo e Saviola como chegava na última época. Falta o jogador - e não um jogador.

E se a ausência de Ramires ainda pode ser superada, já a de Di María decididamente não. A águia continua a sofrer com a ausência do internacional argentino por tudo o que o próprio representava e pelo que os atacantes deixaram de ter. Di María matava a fome de Cardozo, sobretudo, e também de Saviola; ambos estão a pagar um preço altíssimo pela ausência do génio que vestia a camisola 20. A equipa está mais frágil em termos ofensivos, não consegue reagir e, mais do que isso, não cria verdadeiras oportunidades de golo. Entrar no último terço estudantil foi uma dor de cabeça, e só Coentrão, quando acelerava, criava alguns desequilíbrios.

Jorge Jesus manteve o 4x4x2, com Rúben Amorim no vértice direito e César Peixoto no lado contrário. Aimar, que não chegou a entrar na partida durante toda a primeira parte, apoiava Saviola e Cardozo. Mais recuado, Javi García, de regresso ao onze, tentava neutralizar as rápidas transições do meio-campo academista. E foi claramente o médio mais esclarecido durante uma boa parte do desafio, conseguindo aqui e ali travar o contra-ataque do adversário. Ao contrário, César Peixoto somou erros atrás de erros, tendo sido uma vez mais reprovado pelo tribunal da Luz com várias assobiadelas, que se estenderam a toda a equipa.

Desligado, o Benfica jogava em sofrimento, tentava dar rapidez ao seu jogo, romper, mas não o conseguia, e a Académica apercebeu-se dos níveis de ansiedade do adversário e colocou algum veneno no jogo. Na primeira oportunidade, Miguel Fidalgo não perdoou, depois de um livre apontando por Diogo Valente que nem Sidnei nem David Luiz conseguiram interceptar. Se o jogo estava complicado para o Benfica, pior ficou depois deste lance. A reacção foi muito branda e sempre mais com o coração.

Jorge Jesus tentou mudar o rumo dos acontecimentos na segunda parte lançando Jara. Pensou-se que a equipa passaria a actuar num 4x3x3, mas a verdade é que só a espaços isso aconteceu. O reforço chegou a vestir a pele de Aimar, jogando no apoio a Saviola e Cardozo. O empenhamento do atacante argentino viria, no entanto, a ser premiado aos 62', num desvio à boca da baliza, já depois de Addy ter sido expulso por acumulação de amarelos.

O técnico das águias apostou então na capacidade de remate de Carlos Martins e na velocidade de Weldon, mas estes não tiveram espaço para brilhar. Até ao fim, a Académica conseguiu manter o Benfica bem vigiado e, com requintes de malvadez, acabou com o jogo depois de uma arrancada de Júnior Paraíba a que Laionel deu a melhor sequência gelando o Estádio da Luz.

Benfica - Académica, 1-2

Estádio da Luz, em Lisboa.

Assistência 48 905

Árbitro: Cosme Machado (Braga).

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Benfica

Roberto, Maxi Pereira (Carlos Martins, 65), David Luiz, Sidnei, Fábio Coentrão, Javi Garcia, Ruben Amorim, César Peixoto (Jara, 46), Pablo Aimar (Weldon, 85), Saviola e Cardozo.

Académica

Peiser, Pedrinho, Orlando, Berger, Addy, Nuno Coelho, Diogo Gomes, Diogo Melo, Diogo Valente (Pedro Costa, 55), Sougou (Júnir, 90) e Miguel Fidalgo (Laionel, 56).

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Ao intervalo, 0-1

Marcadores: 0-1, Miguel Fidalgo, 26 minutos; 1-1, Jara, 62.; 1-2, Laionel, 90+3

Acção disciplinar:

cartão amarelo para Sougou (30), Cesar Peixoto (45), Nuno Coelho (49), Addy (49 e 50), David Luiz (55), Aimar (67), Ruben Amorim (73) e Peiser (79).

Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Addy (50)

Fonte O JOGO