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Daniel Negreanu fala sobre a reunião com a PokerStars

Daniel Negreanu já está de volta aos Estados Unidos, após a visita a Montreal para a reunião entre jogadores e a PokerStars. "Pontos de vista interessantes" dos visitantes e "apresentação informativa" do visitado é o detalhe da conversa, sendo previamente explícito a todos que nada haveria de ser negociado.

O Team PokerStars Pro foi o primeiro a falar sobre a reunião em que participou, no quartel general da PokerStars, com Dani Stern, Daniel Dvoress e Isaac Haxton. O canadiano já regressou do seu país natal a casa, Las Vegas, e falou com Lee Davy sobre vários temas como prop-bets, bitcoin, caridade, entre outros.

Mas o tema inicial, central e que dominou 30 dos 70 minutos da conversa foi as polémicas alterações ao sistema VIP. Fica aqui o excerto transcrito do tema quente (entrevista completa aqui):

Lee Davy: Que podes dizer sobre a reunião entra a PokerStars e Dani Stern, Daniel Dvoress, Isaac Haxton e tu?

Daniel Negreanu: Foi uma longa reunião. Começou pelo meio-dia. Pelas 19h tinha voo de regresso e eles continuaram após ter saído. Cobrimos uma variedade grande de tópicos. Tudo poker online, actual e futuro estado do ecossistema. No geral acho que foi muito produtivo. Os jogadores levantaram alguns pontos interessantes e a apresentação da PokerStars foi muito informativa.

Os jogadores assinaram um NDA (NTD: Non-disclosure agreement, acordo de confidencialidade), como tal não podem falar sobre números específicos, ou detalhes do ecossistema. Como tal, dessa perspectiva, não há muito a partilhar. O que é importante é que os jogadores viram com os próprios olhos que as alterações eram necessárias. É discutível se a Stars fez as alterações correctas, mas não há dúvida para quem viu os números que são necessárias.”

LD: Saíram contentes?

DN: Não fiquei até ao fim, mas parece que todos ficaram satisfeitos. Não houve qualquer ressentimento ou ira. Foi um encontro muito positivo da perspectiva de ambas as partes. Questões foram contestadas de ambas as partes. Vamos apelida-los de saudáveis debates.

Não sou um representante do poker online. Sou uma espécie de embaixador, mas estes rapazes fazem parte do tecido do poker online. É importante que eles tenham a oportunidade de falar directamente com  as pessoas que tomam as decisões.

LD: David Baazov esteve na reunião?

DN: Dentro e fora; ele é um homem muito ocupado. Mas, francamente, muitos dos detalhes e pormenores relacionados com estas questões do poker, ao micro-nível, é gerido pelas pessoas que lidam com estes números diariamente, não o David.

LD: Vai mudar alguma coisa?

DN: Para ser claro, a reunião não era uma negociação. Ambas as partes sabiam isso. Ambas as partes sabiam que as alterações iam seguir em frente. Discutimos, sim, a quebra da promessa e a perda de confiança na PokerStars. Para a maior parte das pessoas, o que as enraiveceu foi o facto de termos dito que os jogadores foram avisados. Não considero tal justo. Nós pedimos desculpa porque fizemos asneira.

O objectivo da reunião era mostrar aos presentes qual é a posição da empresa. Era mostrar que as alterações tinham que acontecer já e não daqui a um ano, pois o risco de esperar um ano não compensa o facto de se renegar, de certa forma, uma promessa promocional de dois anos.

O programa Supernova Elite é agora de um ano devido à dificuldade em prever como será o contexto de ano para ano. O que víamos em 1 de Janeiro de 2015, no ecossistema, parecia muito diferente do que se via quando Outubro chegou, por exemplo.

LD: Haverão mais reuniões?

DN: Sei que sim. O David adorou a ideia de eu facilitar reuniões com os jogadores. Não será necessariamente com os mesmos rapazes. Uma das pessoas que eles especificamente querem falar com é MaleaB. Ele postou muita informação com a sua percepção dos números e da verdade. Se ele estivesse lá, teria visto o quão longe estão os seus números, e a sua ideia de como o bolo é distribuído pelos jogadores e empresa, da realidade.

LD: De que lado estás?

DN: Penso que se perguntares a ambas as partes dirão que não estou do lado deles. É onde me posiciono politicamente também. Tento equilibrar a minha posição da perspectiva de compreender ambas as partes.A minha posição no poker evoluiu com o passar dos anos. Olho para o passado e para a forma como lidei com o caso Howard Lederer, com o videoblog a dizer para se lhe aproximar um taco de baseball das nozes. Não é algo que fizesse hoje em dia.

Eu compreendo que nenhum dos lados terá tudo o que quer, mas há objectivos comuns para nos focarmos e andarmos em frente? É facto que uma promessa foi quebrada, no entanto, a PokerStars continuará a operar. Então como andamos juntos para a frente? Não há já mais benefício em olhar para trás e para a forma como foi gerido. Temos olhar para a frente para nos certificarmos que não repetimos erros.

Temos que perceber que a imagem da empresa ficou danificada na percepção das pessoas por este caso. Temos que falar de formas de melhorar o ecossistema para os jogadores; aumentar o número de depositantes e revigorar os novos jogadores depositantes. Sem eles, os pros não pagam contas. Se não atraíres jogadores recreativos, não há sistema de bónus possível que consiga fazer com que os jogadores não-ganhadores, não percam dinheiro

LD: Alguns queriam que te juntasses a Alex Millar e Isaac Haxton na saída da sala, que pensas sobre isso?

DN: Deixa-me ser claro numa coisa. Os contractos de tanto Isaac como Alex estavam a terminar e estes escolheram não os renovar. É uma ligeira diferença entre isto e uma rescisão de contracto. O meu contracto não acabava no final do ano. Tenho um contracto multi-anos, mas não vou entrar em detalhes.

A questão, em suma, é saber como mantenho a minha integridade apesar do facto de que a empresa que represento ter feito algo de que discordo e que não foi bom para os jogadores. A verdade é que tal não é a primeira vez que acontece. Não vais concordar com todas as linhas que a empresa segue.

Esta foi uma questão importante para mim, sem dúvida, e todas as opções estiveram em cima da mesa.
No final, acabei por ter provavelmente mais informação do que qualquer outro jogador, pelas conversas com o CEO. Não apenas da necessidade para as alterações, mas quais os planos para o futuro da empresa. Acredito genuinamente que após este percalço, baseado no conhecimento que tenho, não irá apenas a empresa e o ecossistema melhorar, mas o poker em geral também. Qualquer tendência que o jogador veja na dureza do jogo irá mudar.

Eu teria implementado estas alterações há sete anos. Gritava que tínhamos grandes problemas. Não foi evidente para as pessoas com os depósitos de 2004 a entrar. Não pereceu uma questão. Mas com o tempo, para mim ficou claro que o sistema não fazia qualquer sentido.
Imagina que organizas uma mesa em casa e convidas nove amigos. Dois são mesmo maus e sete são pros. Pagarias aos pros para jogar na tua mesa ou enviarias uma limousine aos dois mais fracos que criam o jogo? Porque te concentrarias noutros que não os dois jogadores mais valiosos?

Nunca na minha vida me queixei duma estrutura de rake. Sempre vi as coisas desta forma: o mercado estabelece o preço; não gostas no jogo, encontra outro ou não jogues. Se achasse o rake demasiado alto, não jogaria.

Da minha perspectiva, temos que nos concentrar nos milhões de pessoas que jogam $0,50/$1. É o que atrai pros. Se te focares nos grinders de 24-mesas, que tornam o jogo menos divertido, levarás a que os jogadores recreativos se divirtam menos, o que diminuirá a probabilidade de novo depósito, o que secará os jogos e os pros não sobreviverão.”

A malta que ficou para jantar e que não representa a empresa irá comunicar algo para breve:

“Assinamos NDAs e vimos informação que não podemos partilhar, como tal não podemos sair e dizer o que queremos sem pensar um pouco primeiro.”

“Para os que perguntam: [Isaac Haxton e Daniel Dvoress] irão publicamente debater o que se passou na reunião mas primeiro vamos reunir os nossos pensamentos eficazmente.”

Estaremos atentos às próximas novidades de Stern, Haxton e Dvoress.