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Vão ouvir falar de nós mais vezes! por Carlos Branco

Não sou o patriota propriamente dito. Não sou dos que acredita que Portugal já foi dono do mundo, como nos contam na escola; não vibro fabulosamente com as eleições de x local em Portugal como melhor destino turístico; até mesmo no futebol, por mais criticável que possa ser para muitos, não vibro com a selecção como pelo Benfica. Gosto imenso do país, orgulhoso das suas virtudes e "aceitando criticamente" os seus defeitos (não arranjei melhor expressão).

Isto tudo pelo ano que os portugueses estão a ter no poker. Eu sou do tempo em que se vibrava com um dia 2 luso de um EPT. Em que cada vitória online era uma vitória de uma comunidade inteira. Vieram as vitórias no EPT, os resultados cresceram aos poucos mas o topo parecia sempre tão distante, como tudo parece para um país como Portugal. Eram os americanos, eram os suecos, eram os alemães, eles dominavam tudo, eles papavam tudo. E o caminho continuou...os big scores aumentavam, as espadinhas tornavam-se frequentes, o Skyboy quase fez FT no maior torneio do mundo...entre tantos outros acontecimentos representativos de uma evolução. Mas 2018...bem, 2018 está a ser à parte de qualquer outra coisa.

Sucessivos records batidos de maiores scores tanto online como live; portugueses a competir de igual para igual e a atingir FTs nos High Rollers que habitualmente assistiam do sofá; conquista de bracelete de campeão do mundo; deep runs incríveis nos 2 maiores torneios europeus e uma vitória estrondosa num dos maiores torneios live do ano; sucessivas vitórias nos maiores majors online, em que o estranho é se não houver, pelo menos, 2 ou 3 noticias num dia; culminando tudo no dia de ontem, com 3 portugueses no top 5 do maior torneio online de sempre e respectiva vitória. Sim, ontem senti um orgulho gigante de ser português.

Provavelmente por, em boa parte dos casos, se tratarem de pessoas que são amigos ou conhecidos, mais ou menos próximos, mas a verdade é que sinto que os portugueses estão a chegar ao ponto em que estávamos habituados a dizer "f***-se, ganham sempre aqueles!". Com talento, dedicação, trabalho, ambição (todas elas, na medida adequada para os objectivos de cada um), desde a geração mais antiga do online, à mais recente com a alavanca das equipas/escolas, passando por um grupo de regulares live que obtêm resultados muito constantes e um sem número de jogadores que passam a ferro noutras variantes menos publicitadas, e sem querer individualizar, pois iria sempre lamentavelmente esquecer-me de nomes...mas nem é esse o intuito. Aquela bandeirinha vermelha e verde, estranha mas engraçada para os estrangeiros, está a aparecer nos maiores palcos e veio para ficar. Pelo menos, no que mais importa, na identidade nacional.

A profecia do Zaga há umas semanas está a concretizar-se: vão ouvir falar de nós mais vezes!

Carlos "Tacuara" Branco