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Os impostos do WSOP Main Event 2019

Através do blog Taxable Talk, Russ Fox, que se identifica como agente de impostos, jogador de poker e escritor no seu Twitter, alia os três para analisar o impacto fiscal que o WSOP50 Main Event poderá ter pelas diversas nacionalidades. Espreita abaixo os números de impostos no WSOP ME.

Antes da análise aos números, o autor aponta para o contexto dos "bancados" das "trocas de percentagem" nos torneios de poker ao vivo como provável factor. Ainda assim, em virtude da natureza privada dos mesmos, Fox opta com naturalidade por ignorar qualquer parceria, acordo ou troca no seus números.

O primeiro olhar é para o campeão. Hossein Ensan é actual campeão do mundo e agasalhou o segundo maior prémio da história do Main Event WSOP, $10.000.000! O jogador de nacionalidade germânica, para onde migrou desde o Irão em 1990, é segundo a internet "jogador profissional de poker" o que é importante para as autoridades fiscais na Alemanha. Em 2017, o tribunal fiscal alemão decidiu que os jogadores profissionais têm que pagar impostos sobre os ganhos (menos despesas), com o "jogador amador" a estar isento de qualquer imposto. Ensan está isento de taxação nos Estados Unidos devido ao acordo EUA-Alemanha.

Ora, se o "profissional" for estabelecido, Ensan terá que largar $4.606.469 no Bundeszentralamt für Steuern, BZSt, autoridade de impostos na Alemanha.

Dario Sammartino poderá eventualmente ser agarrado pelas autoridades italianas, embora o napolitano esteja já há alguns anos a residir em Nova Gorica, Eslovénia, onde o poker online é agora ilegal. Será que a Agenzia delle Entrate irá tentar levar $2.572.350 dos $6 milhões de prémio tota a Dario?

O terceiro classificado, Alex Livingston, irá resolver a questão fiscal logo em Las Vegas, como os portugueses, pois o país de residência, Canadá, não possui o tal acordo fiscal entre os países da América do Norte. Assim sendo, 30% fixos serão retirados ao prémio de $4 milhões, com os $1.200.000 retidos a poderem ser abatidos através da apresentação de perdas de poker durante 2019 (formulário 1040NR).

Garry Gates, jogador local, tem a facilidade de ter um emprego (trabalha da estrutura da PokerStars) e deverá apenas ver os $3.000.000 serem incluídos na sua declaração de IRS anual. Sem o estatuto de jogador profissional e com o de residente no Nevada, Garry deverá "apenas" perder $1.050.813, estima Fox pelo seu conhecimento dos impostos nos EUA.

Kevin Maahs, de Chicago, também se encontra debaixo do estatuto de "jogador amador", com o total de $870.729 a ser o quanto o autor estima ser o custo, via impostos federais e estatais nos ganhos.

Zhen Cai foi o sexto classificado e conquistou $1.850.000 pela prestação. Residente na Flórida, o estado não taxará o prémio, e tal como Gates, Cai verá a sua declaração anual retirar $706.679 do prémio.

O sétimo classificado é o jogador com a melhor "carga fiscal", pois o londrino Nick Marchington conta não só com o acordo EUA-UK para escapar à taxação imediata, como também usufrui do facto do Reino Unido não taxar ganhos de jogo. Portugal está a um acordo com os EUA de ficar com o mesmo estatuto.

Oitavo classificado e $1.250.000 de prémio para o residente em Boston, Timothy Su. O facto de ter um emprego faz Su escapar ao imposto de "jogador profissional", mas não aos impostos federais e do estado do Massachusetts. As recentes alterações na taxa estatal de 5,15% para 5,05% poupam $1.250 na conta final de $491.150 em impostos a pagar.

O primeiro eliminado da Final Table está na posição, fiscal, oposta a do inglês, pois Milos Skrbtic é sérvio de nacionalidade e tem residência em San Diego. O jogador profissional perderia 50% caso ainda estivesse ligado fiscalmente à sua nacionalidade de origem, com 30% directos em Las Vegas, em virtude da ausência de acordo EUA-Sérvia, e ainda 20% de impostos sobre os ganhos em jogo do país europeu. Mas Skrbtic não está exactamente num local muito melhor, com os 47,45% ($474.463) de taxa sobre o $1 milhão de prémio a ser a mais alta da Final Table. Viver na Califórnia tem custos...

Em jeito de conclusão, o autor deixa uma análise geral ao total agasalhado pelas autoridades fiscais, com 38,84% do prémio total a poder ser retirado aos vencedores:

A tabela abaixo reformula a classificação final se apenas olharmos aos prémios finais, com o inglês a escalar do 7º lugar para ser o 5º mais bem premiado, algo aquando de Eastgate e Demidov foi mais escandaloso.