"Ganhei dois WCOOP e ainda consegui ficar a perder dinheiro" Shaun Deeb em entrevista pré-WSOPE
O poker já rola nas World Series Of Poker Europe 2018, com a dezena de eventos a premiarem as cobiçadas braceletes douradas nas mesas do King's Casino, em Rozvadov. Na migração de jogadores de poker ao interessante local na Rép. Checa está o melhor posicionado para agarrar o Player Of the Year, Shaun Deeb, que se sentou à conversa com o nosso colega da Card Player para balanço e antevisão da corrida:
JR: As WSOPE estão quase aí. Estás entusiasmado com a ida?
SD: Para ser honesto, não deverá ser lucrativo para mim ir lá, quando consideras os buy-ins e as despesas de deslocação. Se fosse só pelo dinheiro, nunca me incomodaria ir lá, mas quero mesmo ganhar o POY e esta é a melhor oportunidade que já tive de o fazer.
JR: Então, pode custar-te dinheiro mas vais na mesma?
SD: Sempre gostei de leaderboads, desde o primeiro dia de poker. a TLB de PokerStars (ranking de jogadores de torneios) era a minha principal motivação para o grind e para me dedicar no passado. Ganhei muitas leaderboads pela minha carreira fora e a das WSOP é a mais importante de todas. Não há um prémio monetário mas quero ganhar na mesma.
JR: Queres tanto o POY que a num momento deste Verão estavas a jogar dois eventos em simultâneo. De facto, conseguiste fazer dia 3 de ambos os torneios de $1.500 e conseguir 3º e 16º lugares.
SD: Multi-tabling foi definitivamente uma decisão EV-, mas de alguma forma consegui fazer dinheiro com ela. Diverti-me imenso durante os dois torneios e é uma história fixe. Para mim, fazer os dois dia 3 em simultâneo foi a coisa mais impressionante que fiz neste Verão, não ganhar duas braceletes. Tive que acumular tantas fichas em ambos os eventos apenas para evitar ser blinded out, a correr para dum lugar para o outro. Obviamente que um par de milhões de dolares é saboroso, mas o meu momento favorito foi jogar os dois torneios ao mesmo tempo. Se alguém conseguisse ganhar duas braceletes no mesmo dia seria um incrível feito no poker. A maioria nem o tenta, como tal ficar tão perto foi algo especial.
JR: Por falar em braceletes, agora tens quatro. Que pensas da tua colecção em crescimento e onde as guardas?
SD: Acho que são cool, gosto delas. Eu ofereço-as como prendas. A minha terceira bracelete foi para a minha esposa porque ainda não tinha uma. A minha quarta bracelete foi para um dos meus tios de quem sou muito chegado. São as melhores prendas para dar. Ganha-las deixa-me ao menos de fora de uma prenda de Natal ou de anos a alguém. (risos)
JR: Fizeste ITM um número sensacional de 15 vezes neste Verão, para quase $2.5 milhões. No ano passado foi um Verão cheio de "quase" ou "perto". Fizeste algo diferente este ano que te terá ajudado a fechar estes eventos?
SD: O meu jogo é o meu jogo. Apenas tive sorte em evitar coolers e em não levar com uma badbeat. Há pouca diferença entre um Verão OK ou um Verão incrível. Consigo olhar para as minhas deep runs e ver muitas mãos que me podiam ter eliminado mais cedo. Alguns verões apenas não as consegues evitar e acabas em 9º, 12º ou fora dos prémios. Por alguma razão este ano foi tudo para mim. Não posso dizer que sou o melhor, ou que até tenha feito outplay a alguém. Apenas estou feliz que os eventos que ganhei foram de elevados buy-ins.
JR: Pareces acreditar que estiveste apenas no lado certo da variância.
SD: Eu sei qual é o meu ROI teórico. Óbvio que foi um ano extremamente anormal. Ganhei dois eventos em que não sou muito bom, tu sabes. PLO e eu já não sou tão bom em no-limit hold'em. Sei que sou decente em torneios, mas houve várias ocasiões onde era de longe o pior jogador da mesa, e penso que todos na mesa concordariam. Eu sei que alguns destes rapazes são muito melhores do que eu, mas eu tenho alguns truques, apliquei pressão quando pude e corri bem quando interessou mais. Mais importante ainda, eu consegui aumentar a variância. Era o meu objectivo. Quando reconhecia que era o pior, tentava reduzir o edge deles aumentando a variância, jogar potes maiores, tentar empurrar primeiro.
JR: Estás a falar de jogadores que adoptaram a forma GTO de abordar o jogo. Disseste à PokerStars que te consideras agora um jogador old-school hoje em dia porque não só não usas solvers, tu nem usas HUDs [Cesário style].
SD: Algumas pessoas dizem que os solvers estão a arruinar o jogo. Eu penso que para no-limit hold'em, os solvers tornaram definitivamente os jogos menos lucrativos e mais difíceis de bater. Toda a gente está treinada para jogar tight como tal é mais complicado de ganhar. Os jogos estão a mudar. É menos sobre meta-game e psicologia, nos dias de hoje, com todos a procurarem jogar GTO poker.
Com esposa e filhos em casa, eu não tenho tempo e energia para aprender esse estilo de jogo, para conhecer os programas e como os usar. Como tal estou definitivamente a sair prejudicado. Mas as horas que teria que investir para aumentar o meu edge, ou diminuir o deles, digo, apenas não vale a pena. Não jogo muitos dos high-rollerse apenas me fico pelos torneios de mixed-game ou NLHE com grandes fields.
JR: Ter responsabilidades familiares certamente corta o teu horário de poker, mas conseguiste encontrar tempo para jogar as WCOOP recentemente e ganhar mais um par de títulos.
SD: (risos) Yeah, ganhei dois WCOOP e ainda consegui ficar a perder dinheiro. Foi como as series correram. Eu joguei todos os eventos WCOOP e uma boa porção de outros eventos, devo ter gasto $400.000 em buy-ins ou perto. Tive múltiplos dias a $40.000 e maior em buy-ins. É mesmo insano como o poker online anda. Todas as semanas alguém deve bustar.
Eu normalmente jogo em Montreal mas o meu local habitual não estava disponível. Como tal acabei por ir a Edimbugo, Escócia, já que ia estar "por perto" para o EPT Barcelona e basicamente grindei poker online durante duas semanas como nos tempos antigos.
JR: Por alguma razão consegues encontar-te envolvido em vários dramas fora das mesas ao longo dos anos. Pese embora fales como aviso para os outros na comunidade de poker sobre indivíduos aldrabões, tu permaneces uma figura polarizada entre os teus pares. Porque não há um apoio generalizado a Shaun Deeb?
SD: Eu percebo. Eu estou na tua cara. Eu fiz slow roll a alguns. Eu acusei outros. Eu faço muitas coisas... contra a corrente. Como tal eu percebo que as pessoas não gostem de mim, mas não me incomoda porque eu sou o tipo de gajo que vai falar sempre independemente do que os outros pensem. Agora, eu já me enganei, disse coisas inapropriadas, coisas que me arrependo, pisei algumas linhas, mas não foi parar. O mundo do poker estaria melhor se todos nomeassem os aldrabões e ladrões, mas isso não acontece porque toda a gente só pensa em si. Eu não vou ficar sossegado, ou tímido, ou ser falinhas mansas. Eu faço e digo o que acho melhor para a indústria, e para mim também.
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