PokerPT.com

WSOP/

Antoine Saout: Entrevista exclusiva ao November 9 das World Series of Poker 2009

O francês que assinou pela Everest Poker depois de alcançar a mesa final do Main Event das World Series Of Poker confessou, em entrevista exclusiva ao PokerPT.com, que não esperava chegar tão longe no maior torneio do Mundo. Admite que nunca estudou o jogo e, embora reconheça que deveria ter esse cuidado, mostra-se confiante numa boa prestação a partir de sábado, em Las Vegas. Depois disso, é possível que o encontremos de novo em Vilamoura, por ocasião da etapa do European Poker Tour.

PokerPT.com – Como se sente por ser um dos November Nine?
Antoine Saout – Sinto-me bem. Fiz um bom torneio em Vegas, um torneio enorme com muitos jogadores, com um grande buy-in. Concentrei-me em dar o meu melhor e, depois, assinei o contrato de patrocínio com a Everest Poker.

PKPT – Como é se sente depois de voltar de Vegas com mais de 1 milhão de dólares, facto que lhe permitiu integrar a equipa da Everest Poker? Sente-se entusiasmado?
A.S. – Sinto-me bem. É sempre difícil chegar à Everest mas tive uma boa prestação no torneio. Cheguei ao Main Event e foi então que assinei o acordo. Estou muito contente pelo contrato que fiz, pois permite-me fazer os circuitos. E já comecei a fazer alguns, como o SPT em Vilamoura. Logo, vou ganhando prémios e espero continuar assim e tirar o maior proveito deste contrato.

PKPT – E qual é a sensação de voltar de Las Vegas mais rico 1 milhão de dólares?
A.S. – Penso, essencialmente, no impacto que isso teve nos media, quando via o jornal ou a televisão e apercebi-me da grande dimensão que tudo isso tinha. Depois percebi que, realmente, a minha conta tinha crescido. Uma pessoa acaba por pensar em adquirir alguns bens ,como um carro ou uma casa porque, de facto, trata-se de um valor enorme. Mas, particularmente ainda não pensei nisso. É, de facto, uma soma gigante e ganhá-la num torneio como este, o maior do Mundo, é extraordinário.

PKPT – Se antes do Main Event das WSOP alguém lhe perguntasse o que se iria passar, o que é que lhe responderia?
A.S. –
Que esperava fazer um bom torneio, que tinha a ambição de ficar nos lugares pagos mas que nunca esperava ser um dos últimos nove jogadores, mesmo tendo em consideração a estrutura do torneio e os níveis que se jogam em Las Vegas.

PKPT – Depois de se qualificar para a mesa final das WSOP, teve a preocupação de ver os vídeos dos outros oito jogadores? O que pensa do jogo deles?
A.S. –
Ainda não vi vídeos dos outros oito jogadores. Eles devem ter falado em entrevistas e tudo isso mas, entretanto, não vi nada. Tenho visto algumas coisas pela televisão e vi também o histórico deles através da internet, as suas “performances” passadas, os seus resultados online...

PKPT – Apesar de não ter visto os vídeos dos seus adversários, existe algum que o intimide um pouco mais do que os outros?
A.S. – Particularmente, não. Porque até numa mesa final eu pratico exactamente a mesma “ciência dos torneios” e sei que irei confiante para enfrentar todo o mundo, aumentar as fichas, construir a minha stack. Penso que não se trata, por isso mesmo, de um caso particular.

PKPT – Depois de se tornar num dos November Nine, quando se senta numa mesa online ou ao vivo, acha que existe um factor positivo ou, talvez, um factor negativo relativamente à maneira como os seus adversários o vêem e jogam consigo?
A.S. –
Penso que existe, essencialmente, um aspecto positivo. Existem muitos adversários que querem jogar comigo, que me pagam e me analisam, que cobrem as minhas apostas, que me fazem bluff e que, afinal, até nem têm grandes saídas... Mas isso é bom para mim. Penso que isso é um factor positivo.

PKPT – Após a sua qualificação para a mesa final, tomou a iniciativa de estudar um pouco mais? Gostaria de aprofundar alguns pontos no seu jogo para melhorar o seu nível de poker?
A.S. –
Ainda não estudei muito sobre o jogo. Nunca li um livro ou uma revista. Deveria fazê-lo para melhorar os meus conhecimentos de pot odds , selecção de mãos, etc. No entanto, penso que o meu jogo melhorou desde Las Vegas. Tenho jogado de uma forma muito mais agressiva, como alguns tiveram a oportunidade de testemunhar aqui e no PPT de Cannes. Isso ajudou muito o meu jogo e penso que tenho ainda que melhorar. Afinal de contas, ainda só passaram dois anos desde que comecei a jogar!

PKPT – Sente alguma ansiedade para que comece a mesa final?
A.S. – Não necessariamente. Quando chegar o dia, certamente estarei bem preparado e passarei uma boa imagem. Agora, até à data, esperarei tranquilamente.

PKPT – Depois de se ter qualificado para a mesa final, com todo esse dinheiro, houve algum momento em que cometesse uma pequena ou uma grande loucura com alguma coisa que comprasse?
A.S. –
Ainda não tive tempo. Estou um bocado apertado pela imprensa e a fazer negociações com a Everest. Por isso ainda não tive a oportunidade de ser excêntrico. Mas já dei uma vista de olhos a alguns carros... A minha primeira loucura será mesmo um carro e, mais tarde, pensarei num apartamento ou numa casa.

PKPT – Houve quem ficasse surpreendido por vê-lo jogar no Spanish Poker Tour. O que lhe interessa realmente é jogar Poker, não tendo grande importância o buy-in, quer seja um Main Event das WSOP, quer seja um torneio de €100. É verdade?
A.S. – Sim. Fui eliminado na 13ª posição do torneio principal e isso chateou-me um bocado. Mas os meus amigos também participaram no Fun Event, fui jogar e acabei por me divertir bastante e por passar um bom fim-de-semana em Portugal. Adoro o Poker. É a minha paixão, logo, sempre que tenho a oportunidade de me lançar nos torneios para jogar noutro nível, faço-o. Funciona sempre assim.

PKPT – Que tipo de poker joga online? Joga habitualmente Sit and Go’s, MTT’s ou cash? Que limites joga mais frequentemente?
A.S. –
Na Everest jogo, sobretudo, torneios Sit and Go de $10+1 de buy in, todos os torneios à noite ou ao fim-de-semana, como os 100.000 garantidos. Por vezes também faço Heads-Up, sempre Sit and Go, de $50 ou $100. Quanto a cash games, de vez em quando jogo de $1/$2 ou $2/$4.

PKPT – Lembra-se de algum torneio que lhe tenha corrido muito bem e de outro que, pelo contrário, tenha sido uma catástrofe, em que todas as mãos e jogadas tenham sido más?
A.S. – Lembro-me do European Poker Championship, no ano passado. Foi nesse mesmo torneio que sinto que joguei verdadeiramente poker. O primeiro dia correu muito bem e o segundo também. No terceiro dia joguei mal, tendo jogado um Ás-Rei contra Ases. É claro que tudo isso me marcou mas é preciso ganhar experiência. Entretanto, também estive em Cannes, onde fiz 3 dias enormes e fui chipleader em todos eles. Nesse caso pratiquei um excelente nível de poker.

PKPT – Há muitos franceses que participam no SPT, tal como David Colin e Christian Debeil que se têm revelado excelentes jogadores. Reconhece o seu valor? Recomendaria estes jogadores para fazerem parte da própria Everest Poker?
A.S. –
Penso que sim. Conheço muito bem a equipa da Everest e estou habituado a jogar pela mesma. Logo, conheci bastantes jogadores e, ao vivo, conheci Christian Debeil e também David Colin, que ganhou mesmo em Castilha. Debeil também esteve no heads-up desse evento. Penso que são dois excelentes jogadores e que deveriam fazer parte da team Everest.

PKPT – Mas do ponto de vista da reputação global, os jogadores franceses são categorizados como tendo um estilo de jogo não muito bom, sendo bastante loose e, por vezes, demasiado agressivos. Sente isso por parte dos jogadores da sua nacionalidade? Ou acha que os franceses têm evoluído ao longo do tempo?
A.S. –
Isso depende das várias impressões de cada país. Os franceses têm mostrado, quanto muito, o seu bom nível e, hoje em dia, fazem parte do top 100 ou 200 dos melhores do Mundo. Há jogadores franceses com diferentes níveis e com estilos de jogo também diferentes. Existe também um caso de um jovem jogador, da região de Rennes, que também esteve num EPT. E isso é muito bom.

PKPT – No mundo do Poker existem jogadores, não necessariamente franceses, que admira particularmente e considera como referências?
A.S. – Não leio revistas, livros nem nada disso. Logo, não tenho verdadeiras referências. Aprendi a jogar poker por mim mesmo. Mas há jogadores que gosto de acompanhar. Gosto das suas leituras e do seu jogo mas, mesmo assim, não conheço especificamente o jogo deles, só mesmo a imagem. Prefiro concentrar-me no meu jogo do que no dos outros.

PKPT – Como foi a sua estadia em Vilamoura a jogar no SPT? Foi a primeira vez que veio a Portugal? O que é que pensa do lugar em si, do sol, da praia?
A.S. –
Já fiz vários SPT mas esta foi a primeira vez que estive em Portugal, em Vilamoura. Achei as pessoas bastante simpáticas, estava um óptimo tempo. No casino também todos eram simpáticos e toda a gente estava habituada a jogar poker. Foi um bom momento, passado em conjunto. Foi muito agradável e conheci excelentes jogadores.

PKPT – Vamos ter uma etapa do EPT em Portugal, de 17 a 22 de Novembro. Depois da experiência que viveu no SPT de Vilamoura, faz parte dos seus planos participar nesse evento?
A.S. – Tenho feito todos os torneios do EPT, portanto tenho em mente estar presente no de Vilamoura. Depende também dos resultados que obtiver em Las Vegas. Se tudo correr bem, lá estarei.

PKPT – Como é que se imagina daqui a 5 anos?
A.S. – Espero, daqui a 5 anos, continuar a jogar Poker, a fazer uns bons anos, como este. Seria um bocado pesado fazer torneios todas as semanas, por isso faria dois torneios por mês, ou algo assim; mas espero fazer carreira no Poker para ter uma vida tranquila assegurada. Depois, também o faço por paixão…