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'Na perspectiva dos fãs, o jogo está menos interessante' - Negreanu comenta as declarações de Joe Hachem

As declarações de Joe Hachem sobre o legado dos Campeões do Mundo, são o tema mais quente da actualidade no mundo do poker. Para Hachem, vencedor do Main Event das WSOP em 2005, "o poker está a morrer". Isto porque a nova geração de campeões não cativa as pessoas. O Team PokerStars Pro Daniel Negreanu, concorda com Hachem.

Com a nata do poker mundial presente em Melbourne, onde se está a jogar o Aussie Millions, é mais fácil aos meios de comunicação presentes, recolher rapidamente a opinião dos jogadores. E a Bluff Magazine, foi desta vez ouvir Daniel Negreanu:

Uma das coisas que o poker tem de bom, e um dos principais motivos porque as pessoas escolhem o poker como profissão é a liberdade de fazerem o que querem. Como tal, se falarmos da existência de uma responsabilidade, há pessoas que não gostam de estar sob o foco mediático e não têm de o fazer. Eles pagaram o buy-in, ganharam o Main Event e não têm de carregar essa responsabilidade. Concordo com o Joe no sentido de que seria bom para o jogo, ter um Campeão do Mundo que seja um bom embaixador. Mas se falarmos de uma obrigação, não é. Há pessoas que não se sentem confortáveis por serem o centro das atenções.

O interessante nestes jogadores mais novos é que pensam "Qual é a minha equidade? Fazer esta entrevista beneficia-me de alguma forma? Será que vou ganhar algum dinheiro com isto?" Acho que é uma visão redutora. No longo prazo ao criar mais interesse no jogo, manter as pessoas interessadas, faz com que os números continuem a subir e que mais pessoas entrem no mundo do poker. Enquanto que se todos tiverem uma perspectiva mais fria, como a caça ao peixe no poker online e quando o peixe sai da mesa saem todos, eventualmente o dinheiro vai acabar. É importante para o futuro. Se eles não o querem fazer, alguém tem de o fazer.

Alguém desta geração mais nova tem de se ligar aos fãs, fazer com que as pessoas continuem a entrar no jogo. Caso contrário este será um mercado que vai secar, restanto apenas os profissionais a jogarem entre eles. Vai perder interesse.

A razão porque as pessoas vêm poker na televisão, ou porque começaram a ver, é porque têm interesse nas personalidades. O poker não era o principal. Mesmo escutando os comentários nas transmissões, acho que não são bons, a maior parte dos comentários centra-se na parte analítica do jogo. Aqueles que adoram o jogo vão continuar a ver. Mas pessoas como o Stapes (Joe Stapleton) e como o Norm (Norman Chad), fazem precisamente o que é preciso fazer. Uma conversa divertida e animada, com umas piadas pelo meio.

Sobre o poker em geral, Negreanu acha que o melhor já passou:

Para ser honesto acho que os anos dourados já passaram. O tipo de pessoas que tiveram sucesso no início do milénio, eram pessoas com passados completamente diferentes, de todos os quadrantes. Hoje em dia as histórias são muito semelhantes. Jovens que viram aquelas pessoas e que ganharam interesse no jogo, mas que não têm experiência de vida. Na perspectiva dos fãs, o jogo está menos interessante. Acho que as pessoas recordam-se sempre desses tempos, como por exemplo o High Stakes Poker (o programa de televisão), aí acho que o poker estava no seu expoente máximo. Para que isso mude, acho que a perspectiva errada é por exemplo a de alguns membros da TDA (associação de directores de torneios), uma perspectiva mais séria. Nem pensar. Mais sério é a perspectiva errada, porque tudo o que esta parte mais séria vai fazer, é trazer os jogadores mais sérios para o jogo, e afastar os jogadores casuais que se querem divertir nas mesas.

O poker tem de ser divertido para toda a gente.

E o que diz Negreanu sobre o Legado dos Campeões Mundiais?

Por diversas razões, o Legado do Campeão Mundial tem mudado. Quando eu comecei a jogar no final dos anos 90, olhava para a lista de vencedores e ficava de boca aberta. Uau. Cada um daqueles nomes era especial, exceptuando um ou dois, mas a maioria era verdadeiramente especial.

Isso mudou, primeiro por causa dos números. Agora tens oito a nove mil jogadores no torneio, e vais ter mais pessoas de que nunca ouviste falar. O que se traduz no enfraquecimento do legado. Quando acontecem escandâlos, como por exemplo com o Jamie Gold, o prestígio do Main Event também é abalado e fica como um ponto negro no próprio poker. Mas não é irreversível, essas coisas vão sempre acontecer. Acredito que um bom campeão do mundo, um bom embaixador, pode fazer maravilhas pelo jogo. Precisamos mais dessas pessoas, especialmente os mais novos que estejam dispostos a falar com a imprensa, a relacionarem-se melhor com os fãs.

E o que pensa Negreanu dos dois últimos campeões (Greg Merson e Ryan Riess)?

O Greg Merson foi muito claro, não queria estar sob os holofotes. Queria dedicar-se aos cash games. Acho que dada a sua personalidade, fez um esforço para dar o melhor de si, mas não é propriamente uma pessoa cativante.

O Ryan Riess foi ele próprio. Eu acho que foi óptimo o que ele disse. Muita gente criticou-o por dizer que achava que era o melhor do mundo. Gostei disso, é muito diferente da entrevista habitual: "Dei o meu melhor, foi um trabalho de equipa". Ele fez uma declaração arrojada. É o que ele pensa. Não disse que era um facto: "sou definitivamente melhor que toda a gente". Ele acredita nele próprio.

Declarações desse estilo são boas para o jogo, quer as pessoas pensem nele como o bom da fita ou o vilão. A conclusão é que ele vai ganhar notoriedade por ter dito o que disse.

Podem ver a entrevista no vídeo seguinte:

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