'Acho que o poker está a morrer' - Joe Hachem
O vencedor do Main Event das World Series of Poker de 2005, teve esta afirmação forte durante um intervalo do Main Event do Aussie Millions. Segundo Hachem "o poker está a morrer porque as pessoas já não se divertem nas mesas".
E porque é que as pessoas não se divertem?
Estes jovens génios, não dizem uma palavra, estão à caça do peixe e quando o peixe sai da mesa o jogo pára. Quer seja online ou ao vivo, já assisti a ambos os casos.
Mas Hachem não se ficou pelas chamadas de atenção aos mais novos.
Acho que entre o Jamie Gold e o Jerry Yang, destruíram o legado do Campeão Mundial.
Após o Jerry Yang todos os vencedores do Main Event foram miúdos com menos de 25 anos, são jovens que estão no pico da sua paixão pelo jogo. Ainda não fixaram raízes, não criaram uma família. Talvez ainda não estejam prontos para serem o embaixador, como eu fui, o Greg Raymer e o Chris Moneymaker.
Deste lote o meu favorito é o Jonathan Duhamel, lembro-me de uma das primeiras entrevistas que fez. Ele estava a jogar porque queria ganhar, ser o Campeão Mundial tinha muito significado para ele, não estava ali apenas pelo dinheiro.
Lembro-me que quando eu estava a jogar, as pessoas me perguntavam pelo dinheiro. É claro que é importante, estaria a mentir se dissesse o contrário. Mas chamarem-te de campeão mundial, e seres reconhecido como um campeão do mundo para o resto da tua vida, era a única coisa que queria.
Ter esse privilégio e levar a todos os cantos do mundo o jogo que adoras e ajudar a aumentar a sua reputação. Farei isso até ao dia em que morrer, adoro o poker. Por isso é que fico triste por ver o poker actual. Tantos jovens jogadores brilhantes que só estão interessados no dinheiro e não se preocupam com mais nada. Isso deixa-me muito triste.
Em declarações à Bluff, Hachem dá o exemplo de Antonio Esfandiari como alguém que é completamente o oposto:
As pessoas gostam do poker porque se divertem a jogar. As pessoas perdem dinheiro para os profissionais de poker há anos, mas adoram fazê-lo. Vejam o Antonio Esfandiari, um grande exemplo. Toda a gente, todos os grandes fish's adoram jogar com ele, porque se divertem. Não estão preocupadas com o dinheiro.
Hoje quando o público vê poker na televisão, é como se estiver a ver tinta a secar. Exceptuando os profissionais mais aplicados, quem é quer saber qual é o range de check/raise de determinado jogador? O que o público quer saber é o que é que mexe com esse jogador. Que tipo de pessoa é ele? Quando é que se chateia? Como é que lida com a vitória? É um bom ser humano fora das mesas? Qual é o seu passado? Foi isso que tornou o poker popular.
Estas declarações de Hachem tiveram por origem uma análise aos vencedores mais recentes do Main Event das WSOP. Jogadores que para Hachem têm uma responsabilidade extra para com o jogo. Diz Hachem que estes campeões têm de amadurecer e descobrir que há outras razões para além do dinheiro para estarem no mundo do poker.
Ao Ryan (Ryan Riess vencedor do Main Event 2013), ao Greg (Greg Merson vencedor do Main Event 2012) e a todo esse pessoal mais novo, eu diria que têm de pensar nisso. É responsabilidade deles, eu não os posso obrigar a isso, mas se adoram mesmo o jogo e se querem que o jogo continue a crescer, têm de ter esse cuidado.
Dito isto, reparei que alguns jogadores mais novos, que participam no circuito ao vivo há uns anos e não falavam nas mesas, começam a mostrar-se. É muito mais divertido partilhar a mesa com eles.
Podem ver a declaração completa a seguir:
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