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Norman Chad no Washington Post pede aos jogadores uma postura mais civilizada

Chad é não só um dos comentadores de poker da ESPN, mas também ele um bem sucedido jogador, e é um dos colunistas do reputado Washington Post. Jornal onde publicou uma espécie de carta aberta aos jogadores de poker, para que estes desliguem um pouco do poker e tenham consciência do mundo que os rodeia.

Curiosamente este artigo, que a seguir podem ver traduzido na íntegra, foi para o ar no passado domingo, horas antes de Chad terminar em sexto num evento de $2,500 Omaha/Seven Card Stud Hi-Low 8 or Better.

World Series of Poker - Está na hora de uma postura mais civilizada do mundo do Poker

Las Vegas - Do meu quarto para não fumadores no hotel em Las Vegas, com janelas do chão ao tecto, é curioso que eu ainda consiga sentir o cheiro a tabaco, mesmo que o ar do exterior não penetre nestas paredes. Estranhamente, serve como metáfora para o estado do poker nos dias de hoje.

Eu adoro poker. Adoro as nuances do jogo, o carácter das pessoas, a diversidade de carácteres. Mais ainda, eu adoro as World Series of Poker, e tenho sido afortunado em apresentá-las na ESPN nos últimos 10 anos - juntamente com o não menos sortudo Lon McEachern.

Nenhum de nós é jogador de poker e um de nós - o mais baixo - nem sequer é um apresentador e contudo falamos pelos cotovelos, noite dentro com a mesma autoridade de Walter Cronkite num lançamento do Apollo.

Este ano, as WSOP terminam com um espectáculo gémeo. Na próxima semana, arranca o Main Event - a última corrida ao ouro ao melhor estilo americano, na qual milhares de profissionais e amadores de poker colocam $10.000 com o sonho de se tornarem multimilionários.

E mesmo antes do Main Event chega o audacioso Big One for One Drop com um buy-in de $1Milhão, em que $111.111 de cada entrada vai para a organização One Drop para providenciar água potável em todo o mundo. É preciso $1 milhão para se sentarem a uma mesa. Por esse dinheiro, no mínimo será vibrante. O evento criado por Guy Laliberté, fundador do Cirque do Soleil terá quase 50 jogadores, um misto de empresários bem sucedidos e profissionais do poker.

Tanto o Main Event como o One Drop colocam o "wow" de volta ao "Wowza!".

Mas todo este brilho mascara uma realidade difícil: há muito ar estagnado neste mundo do poker e demasiados nomes brilhantes do poker têm-se mantido despercebidos ultimamente.

O poker está numa encruzilhada - o jogo está cercado, tanto por forças externas como internas. Como comunidade, podemos estar à altura e sermos cidadãos produtivos ou descer às sombras da América mainstream.

(Vamos começar por expulsar os batoteiros e todos os operadores que enganam o público).

Por enquanto, a proibição do poker online nos Estados Unidos continua a ser um risco na liberdade dos americanos. A proibição - instituida a 15 de Abril de 2011 e conhecida como "Black Friday" nos círculos de poker - é intelectualmente estúpida assim como economicamente descabida. O poker online deveria ser legalizado, regulado e taxado; os impostos sozinhos pagariam as barreiras que tantos querem colocar ao longo da fronteira para impedir os mexicanos ilegais de entrar.

Por outro lado, estou cansado de ouvir falar sobre como a Black Friday custou muito dinheiro a muita gente. De facto, muitos jogadores de poker perderam o seu meio de subsistência. Mas a verdade é que a Black Friday poupou muito mais dinheiro a muito mais gente. Afinal, a maior parte das pessoas perde quando joga. Portanto, a proibição do poker online - apesar de infeliz em termos de liberdades individuais - acabou por colocar mais dinheiro no bolso das pessoas.

Entretanto, desde a Black Friday, os jovens jogadores de poker online descobriram as salas de poker - como a minha em Los Angeles, Hollywood Park - com todo o ambiente social que as rodeia. Não falam nem ouvem muito bem - uh, chama-se uma conversa - porque estiveram fechados nos seus quartos desde os seus anos de adolescentes, de persianas fechadas, com os monitores a iluminarem todo o seu mundo 6 a 12 horas por dia, a clicar no raise, bet ou fold.

De qualquer forma, a todos vocês de poker online e offline, o que vos peço é que se apercebam que estamos rodeados por outros seres humanos. Portanto, vamos interagir com outros Homo Sapiens de forma civilizada.

Vamos vestir-nos melhor e tratar toda a gente com melhores modos.

Vamos estar atentos aos familiares e amigos que possam ter problemas de jogo.

Vamos perceber que é apenas um jogo - certo, um jogo complexo, maravilhoso, multi-facetado jogo de skill - e vamos parar de o tratar como ciência nuclear. Ninguém aqui dividiu o átomo, bastou alguém esperto o suficiente para perceber que o Lugar 8 faz 3bet com 76off.

Vamos sair da sala de jogo de vez em quando para ver o pôr-do-sol.

Vamos deixar de aborrecer as pessoas nas casas-de-banho com histórias de bad beats.

E vamos todos lavar as mãos antes de voltar às mesas. Acreditem em mim, podemos sempre perder uma mão ou duas para isso.

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