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Artigo de Estratégia: Dinâmica Turn e River

O EducaPoker.pt pretende dar-vos a conhecer os artigos dos níveis mais avançados do seu currículo e semanalmente disponibilizará aqui no PokerPT.com um artigo de nível médio/alto.

Será uma forma de darmos a conhecer os excelentes conteúdos da escola e com o objectivo claro de partilhar os conhecimentos com a nossa comunidade. Depois de O valor da iniciativa e Coordenação da mesa e vulnerabilidade, hoje apresentamos o artigo de nível Bacharel Dinâmica Turn e River.

Os artigos do EducaPoker.pt encontram-se divididos em 50 níveis e este artigo encontra-se no nível 24 - Listagem de artigos.

Introdução

Neste artigo falaremos da dinâmica das mesas e de como afectam as cartas que saem no turn e river na hora de avaliar uma situação.

É imprescindível que nos lembremos do artigo “O valor da iniciativa”, em que se fala de mesas ofensivas, defensivas e neutras.

Também devemos ter presente o artigo sobre “Coordenação da mesa e vulnerabilidade”.

Dinâmica da mesa

A dinâmica de uma carta (Turn e/ou River) mede a probabilidade que esta carta tenha produzido mudanças entre o que era a melhor mão no flop e a que será nas rondas seguintes.

Veremos de uma forma fácil com um exemplo.

Imaginemos numa mesa de 5 cartas ha hk hj d6 c2. Ao compara-la com uma mesa hj d6 c2 hk ha podemos ver que estamos perante a mesma combinação de cinco cartas.

Mas existe uma grande diferença entre ambas as mesas: no primeiro caso a melhor mão no flop tem uma percentagem extremamente elevada de continuar a ser a melhor mão no river, enquanto no segundo caso houve uma grande mudança na situação entre o flop e river.

Dizemos que uma carta é estática quando é muito provável que a melhor mão, antes desta, continue a ser a melhor.

Dizemos que uma carta é dinâmica quando é provável que a melhor mão, antes desta carta, tenha deixado de o ser.

Grau de Coordenação

No artigo “Coordenação da mesa e vulnerabilidade” falamos dos tipos de mesa, fazendo uma primeira classificação de secas e coordenadas.

Uma mesa seca é uma mesa onde é muito provável que as cartas futuras (turn/river) sejam estáticas.

Não estamos a dizer nada de novo: numa mesa seca é provável que a melhor mão no flop acabe ganhando no river. Portanto, o provável é que a mesa acabe por ser estática. Por isso a equity está muito polarizada: a melhor mão ganha a maioria das vezes.

Uma mesa coordenada é uma mesa onde é muito provável que as cartas futuras (turn e/ou river) sejam dinâmicas.

O que dizemos é exactamente o mesmo que nas mesas secas, mas em sentido contrário: a mesa é coordenada precisamente porque existem muitas cartas futuras que podem trazer mudanças.

Uma mesa extremamente coordenada é uma mesa que era coordenada e em que o turn e/ou river foi muito dinâmico.

O que acontece com as cartas estáticas?

Quando chegamos ao river com cartas estáticas, a melhor mão no flop continua a ser no river na maioria das vezes.

Se a mesa era coordenada, é uma boa situação para fazer bluff ou induzir bluffs. Os dois jogadores irão pensar que houve muitos projectos falhados no range dos seus rivais e que eles os terão.

Se a mesa era seca, nada mudou. Se quisermos fazer bluff devemos fazê-lo com uma aposta de grande valor já que é muito provável que o rival tenha alguma mão com valor, já que não existem demasiadas outras coisas que possa ter. É relativamente complicado induzir bluffs nestas mesas.

Isto é especialmente certo se a mesa era seca e ofensiva. É muito raro que um rival iguale duas apostas numa mesa assim para abandonar uma terceira salvo se mostrarmos muita força.

O que acontece com as cartas dinâmicas?

Quando a mesa era coordenada e o turn e/ou river são dinâmicos, estaremos perante uma mesa extremamente coordenada.

Estas mesas não são demasiado boas para induzir acção. As mesas extremamente coordenadas são boas para fazer bluff, mas apenas numa das rondas. Se nos igualarem uma aposta numa mesa deste tipo não será muito provável que depois abandonem.

Quando a mesa era seca mas o turn é dinâmico, abre-se uma grande oportunidade de fazer bluff se tivermos a iniciativa, ou para igualar com mãos médias ou débeis perante as apostas do rival se não a tínhamos e o seu range preflop for amplo.

Isto é especialmente correcto nos dois casos se a mesa for ofensiva, ou se a carta criar uma mesa ofensiva.

Uma carta dinâmica é algo muito parecido a uma “scary card”. A diferença é que as cartas dinâmicas podem ser favoráveis ao jogador com iniciativa preflop (seria uma carta dinâmica e ofensiva) ou podem ser favoráveis para o jogador sem iniciativa (seriam cartas dinâmicas e defensivas).

Uma scary card é uma carta dinâmica e ofensiva. São cartas que aproveitamos para fazer bluff já que podem levar a que muitas mãos abandonem face à nossa aposta.

Resumo

* Usaremos três características para definir a mesa numa mão de poker. O grau de coordenação (seca/coordenada), o beneficio que dê ao agressor (ofensiva/defensiva/neutra) e o grau de mudança que tenha se verificado pelas cartas do turn e/ou river na situação do flop (dinâmica/estática).
* O grau de coordenação medirá a probabilidade que as cartas futuras possam vir a mudar a situação do flop/turn.
* A “ofensividade” de uma mesa mede o quão vantajosa uma mesa é para o agressor preflop.
* A dinâmica de uma nova carta diz-nos qual o grau de mudança que esta trouxe à mesa existente.