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Estratégia/

Um Monstro no Aussie Millions por Gus Hansen

Gus Hansen

Aprende em mais um artigo de estratégia, onde Gus Hansen explica com eliminou o campeão em título do Aussie Millions.

Mão 133 - Mão Crucial nº 7 - Maior mão até esse momento - Eliminar o Campeão em Título

Blinds: 4000/8000/1000, Minha Posição: SB, Minha Mão: , Minha Stack: 389,000

O campeão em título Lee Nelson acabava de chegar à mesa. Em middle position faz raise para 24,000 e eu decido fazer apenas call com o meu na SB. A BB folda. O flop vira:

Penso que é razoável chamar-lhe um flop acima da média!

Faço check e como esperava Lee aposta 44,000 num pote de 64,000. Tendo trio de Damas e top kicker, ou como alguns dizem um “Monstro”, tenho algumas possibilidades de acção distintas:

1. Fazer call, tentando fazer uma emboscada ao Sr. Nelson, esta opção seria ainda mais tentadora se não houvesse um flush draw na board. O problema aqui é que ao fazer call não atraio mais fichas para o pote. Para que a armadilha fosse real, teria também de fazer check no turn o que daria ao Sr. Nelson duas cartas grátis. Não gosto!
2. Fazer mini-raise – dobrando a sua aposta de 44,000 para cerca de 100,000. Tentando manter Lee em jogo, mas obrigando-o a colocar mais fichas em jogo. Além disso podia ser interpretado como uma fraca tentativa de roubar o pote, levando o Sr. Nelson a agir. Esta já me seduz!
3. Standard raise – para cerca de 150,000. Colocar ainda mais fichas no pote pode forçar o Lee a abandonar alguma mão marginal que tenha. É uma possibilidade credível!

Como podem ver prefiro o mini-raise.

Após alguma reflexão faço então o raise para 100k. Agora é a vez de Lee pensar. Surpreendentemente rápido ele anuncia all-in, colocando um total de 326,000 fichas no meio. Bastante satisfeito com o desenvolvimento da jogada, não hesito em fazer call. Afinal de contas, tenho o terceiro nuts, ou se preferirem o “nuts” pois Lee teria agido de forma mais lenta caso tivesse Q4 ou 44.

Estão agora 716,000 no pote, por isso as duas próximas cartas são cruciais para o que aí vem deste torneio. O campeão em título está all-in e a mim restam-me menos de 50,000 fichas. Quem quer que vença esta mão estará bem encaminhado para a final table, e o outro sairá derrotado ou muito perto disso.

Tempo de mostrar as cartas:
Lee:
Eu:

Probabilidades de vencer pré-turn:
Lee: 23.1 %
Eu: 76.9 %

Turn:

Nenhum pau, mas agora ele tem a possibilidade extra de sequência. As suas probabilidades mantêm-se iguais.

River:

Lindo - Eu venço o pote de mais de 700,000 fichas.

Então o que é que se passou aqui? Como colocámos 700.000 em jogo nesta fase do torneio?
Vamos recapitular desde o topo:
O raise inicial de Lee em middle position com - é a meu ver um bom movimento.
O meu call na blind com não é com certeza o melhor movimento, normalmente estaria inclinado para fazer um re-raise. Não tendo posição, e defrontando um adversário difícil com uma grande stack, optei pelo movimento mais conservador, o call.
Fazer check no flop – Muito seguro, pois quase de certeza que Lee agiria com quaisquer duas cartas.
Aposta no flop de Lee – Bom movimento! Continuation bets são parte importante da estratégia de vencer torneios e devem ser executadas muitas vezes – especialmente nesta mão em que tem um flush draw como suporte!
O meu mini-raise - já descrito no relato da mão.
O all-in de LeeOOPS. Não concordo com este movimento.

Uma opção muito melhor seria fazer apenas call e ver no que dava. Lee tem posição e podia dar-se ao luxo de esperar para ver o que eu fazia. Se eu não tivesse nada era muito provável que eu desistisse e ele levaria o pote com uma aposta média no turn. Por outro lado se eu tivesse uma Dama provavelmente faria all-in no turn e ele podia largar a mão sem perder toda a sua stack. Não se esqueçam, se saísse um pau no turn ambos colocaríamos todas as fichas na mesa, partindo eu atrás.

Como podem ver Lee conseguiria obter muita informação se fizesse apenas call. Ficava com uma muito melhor ideia da minha mão e podia esperar para ver se saía ou não um pau!

Além disso, e ao contrário do que muitas pessoas pensam eu sou de facto um jogador muito tight :-). Pelo menos em algumas ocasiões… Muito raramente faço check-raise a um big stack no flop sem nada na mão. Estava numa posição confortável e não tinha necessidade de fazer um grande bluff. Depois de analisar a mão vezes sem conta, cheguei à conclusão que o mais provável consoante a minha forma de agir era eu deter uma Dama, ou um flush draw de Ás. Nada que um tivesse qualquer chance de bater.

Não tenho a certeza porque é que Lee optou por fazer all-in, mas o meu palpite mais forte é que teve a ver com a minha reputação.

Este artigo de Gus Hansen tem o patrocínio da Full Tilt Poker.

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