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Toby Stone, director do EPT, e as novas regras

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O arranque do EPT Barcelona marcou a entrada em vigor de novas regras no circuito, regras que entre outras, visam evitar o uso de ferramentas durante os torneios. Toby Stone, director de torneios do EPT, falou sobre algumas das novas medidas.

Um dos temas mais quentes deste verão, no que ao poker diz respeito, dizia respeito à vitória de Jonathan Tamayo no Main Event das WSOP. Torneio onde foi visto por diversas vezes, a receber ajuda de Dominik Nitsche e Joe Mckeehen sendo que estes estavam a utilizar um portátil no rail para passar as mãos por um solver.

Em declarações ao site pokerfuse, Toby foi convidado a falar da nova regra que proíbe o uso de qualquer software de apoio, durante os torneios, seja na mesa ou noutro ponto do recinto. Proibição que se alastra não só aos jogadores, mas a qualquer acompanhante que possa passar informação a quem está a jogar.

Há medida que os anos vão passando, isto tem-se tornado um problema cada vez maior. Cada vez é mais fácli utilizar software e apps, e este tipo de aplicações proporcionam uma vantagem competitiva.

A nossa regra inicial é que os jogadores não podiam usar na mesa. Regra imposta há cerca de um ano. E depois aconteceu aquilo nas WSOP e tornou-se um grande escândalo. Em consequência, decidimos rever a nossa política e agora o nosso pensamento é que não deves ter qualquer tipo de ajuda em tempo real enquanto jogas.

Pedido a esclarecer o que queria dizer por "em tempo real", Toby continuou:

Sempre que o relógio estiver a andar, estás a jogar, e enquanto estás a jogar. Obviamente que num intervalo podes fazer o que quiseres.

Mas desde que estejas a jogar, não deves ter qualquer vantagem competitiva proveniente deste tipo de programas, e isso também engloba o ir ao rail durante uma mão ou até falar com um backer, obtendo conselhos em tempo real. Isso quebra a regra de um jogador na mão.

Mesmo que não esteja na mesa naquele momento, damos um passo mais e vamos dizer que desde que o relógio esteja a andar, deve ser uma pessoa por mão.

E também não permitiremos ajuda em tempo real - seja na mesa, no rail, ou de amigos.

Toby admite que não será fácil controlar as conversas mantidas entre os jogadores e os espectadores no rail:

Teremos de enfrentar vários desafios para conseguir implementar a regra. Algumas coisas serão mais fáceis de identificar que outras. Por exemplo, ir ao rail falar com um backer. Com certeza não haverá muito que possamos fazer nesse caso. Mas o que podemos fazer é se virmos o jogador a dirigir-se a alguém que tenha um computador, isto podemos ver e tentar resolver o assunto, falar com os jogadores.

Creio, que na sua maioria, os jogadores ficarão contentes com esta regra. Os jogadores com que falei, dizem que "é justo, percebemos".

Por isso acho que, na sua maioria, os jogadores vão respeitar a regra e não vão tentar esticar os limites. Continuarão a aparecer aqueles que nos colocam perguntas difíceis, que sabemos que são difíceis. Mas tudo bem. Existem muitas perguntas difíceis às quais temos de responder.

Mas acredito que a maior parte dos jogadores vai respeitar, especialmente nos momentos mais importantes do torneio, nas mesas finais quando o dinheiro em jogo é mais avultado, penso que será mais fácil para nós, por isso estou contente com a alteração.

Penso que, numa escala global, é melhor para a economia do poker, é melhor para o poker ter algo assim escrito.

Uma das medidas pensadas pela direção de torneios era proibir o uso de aparelhos electrónicos (telemóveis), durante o torneio. Algo que Toby reconhece ser virtualmente impossível, mas relembrou o caso de um jogador que parecia estar a tirar notas das mãos numa app GTO.

Esse jogador estava a usar uma app. E basicamente o que lhe dissemos foi que podia tirar as notas que quisesse, sem qualquer problema. Mas que as escrevesse, podia tirar notas desde que não fosse de forma electrónica.

Convidado a comentar o que se passou na mesa final do Main Event das WSOP, e a ausência de decisão por parte do floor, Toby disse o seguinte:

As WSOP têm desafios distintos dos nossos. Têm muito mais staff, mais dealers. Têm muito mais com que se preocupar.

Para mim, é muito mais fácil quando tens uma boa equipa de floor e dealers. Obviamente que tenho muito menos pessoas que eles. Eles têm milhares de dealers, centenas de mesas, mas dito isto: era a mesa final do Main Event.

Não sei onde estava o floor. Não sei, ouvi algumas coisas, mas não quero comentar com base num diz que disse. Mas podem ter passado alguns cenários. Ou o floor não estava a prestar atenção, o que pode acontecer certo? Pode acontecer comigo por vezes.

Ou, o floor não sabia como actuar perante aquele caso. É uma mesa final, há muita pressão. Talvez alguém estivesse nervoso para se dirigir à mesa e dizer "hei, vamos parar com isto", e levar resposta, uma vez que não é uma regra escrita. Mas temos sempre a regra número um.

A regra número um diz que basicamente podemos fazer o que quisermos, não num sentido autoritário, mas no melhor interesse do poker. E para mim isso servia como justificação.

Dirigias-te ao rail e dizias "isto não está correcto, fechem o computador", e acho que os jogadores respeitariam a decisão.

Por isso creio que foi um desses casos, ou o floor era fraco ou não sabia como actuar perante aquela situação, ou não estavam lá, ou não quiseram saber.

No final da entrevista Toby deixou algumas palavras sobre outro assunto que acha que tem de ser combatido, o stalling (perder tempo).

Diria que o stalling está a tornar-se um problema cada vz maior. E acredito que os jogadores devem jogar o seu jogo no tempo apropriado. Quando chegas à decisão, deve ser esse o momento de agires.

Tentamos atrair mais jogadores para este jogo. Sem novos jogadores, o jogo eventualmente morrerá. E se este tipo de problemas continuarem e crescerem cada vez mais, estraga o jogo. E o jogo ficará cada vez mais pequeno, e acho que ninguém quer isso.

Por isso, e com a intenção de manter o jogo vivo, divertido e entusiasmante, e que consiga atrair novos jogadores, aconselharia aos jogadores para virem jogador, ser amigáveis na mesa, tratarem bem o dealer, e jogarem o seu jogo no tempo adequado.

*foto de Danny Maxwell/Rational Intellectual Holdings Ltd.