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"O Rei Vai Nu" - o mais recente blog de Naza114

João Vieira

Recentemente, li um artigo sobre o Ricky Rubio – Jogador na NBA, MVP e Campeão do Mundo – e sobre um colega seu da seleção Espanhola, Victor Claver.
O artigo era sobre uma sala hospitalar para tratamentos destinada a pacientes com cancro, que o Ricky reconstruiu e que ambos estavam naquele dia a inaugurar. O Ricky perdeu a Mãe e o Victor o seu Pai, para o cancro. O Ricky passou muitas horas naquele mesmo lugar, a acompanhar a Mãe em tratamentos, e refere na entrevista que ela ficaria muito mais orgulhosa pela inauguração daquela sala de tratamentos do que o recente título de Campeão do Mundo.

O Lebron James criou um programa chamado “After School All Stars” que ajuda estudantes desfavorecidos da sua cidade, a entrar e concluir a Faculdade. Atualmente, 800 estudantes fazem parte deste programa que os ajuda com $10,000 mensais para os seus estudos Universitários.

Há 15 anos, eu tinha 15 anos. Já integrava a equipa da Liga Profissional de Basquete, e todos os meus ídolos eram jogadores de Basquete. Jordan era o Rei; o Kobe era O Príncipe, e o Iverson a última coca-cola do deserto. Eu nunca fui fã de Ciclismo e nunca passei nenhum tempo significante em cima de uma bicicleta. Mas o meu maior ídolo desportivo era o Lance Armstrong.

E nem era pelo ciclismo nem pelos títulos, idolatrava-o por outras razões. Lance tinha sobrevivido ao Cancro e já contava com 4 ou 5 títulos na Volta a França; tinha criado a Livestrong que ajuda milhares de pessoas com a mesma doença; e era exemplo e inspiração para milhares, talvez milhões de pessoas que tinham cancro, para vencer a sua batalha e realizar os seus sonhos, tal como ele tinha feito. Depois de vencer um cancro testicular, ele era o melhor ciclista da atualidade – talvez o melhor ciclista de sempre – e usava a visibilidade e capacidade para fazer algo muito maior que o Ciclismo. Algo muito maior que ele mesmo. E para mim, era por isto que ele era o Maior.

E de repente, um dia, todos descobrimos que o Rei ia nu. Era tudo uma mentira. Ele dopava-se como gente grande e mentira a toda a gente durante todo este tempo. De bestial, a besta.

A questão que me surge da história do Lance Armstrong é a seguinte: Valeu a pena? Mesmo que nunca ninguém tivesse descoberto, teria valido a pena? Pelo dinheiro, pela fama ou só para alimentar o seu ego?
Mesmo que nunca ninguém tivesse descoberto, uma pessoa iria sempre saber. Ele saberia sempre que o Rei ia Nu. E não há maior idiota do que aquele que se engana a si mesmo.

A história do Lance Armstrong é uma grande lição. Especialmente, porque quando o seu caso é discutido numa mesa de café, há sempre alguém que repete uma frase parecida com: “Ah, mas na altura quase todos eles se dopavam”, como que a validar as centenas de transfusões de sangue do rapaz.
Mesmo que fosse prática comum em parte do pelotão, ele teria sempre 2 opções: Juntar-se ao grupo dos que vão pelo caminho desonesto, ou competir e aceitar os resultados como um Homem, fossem quais fossem. Acaba em segundo, terceiro, ou acaba em último se isso é o melhor que consegues fazer. Mas acaba a corrida como um Homem e com a cabeça erguida. Ou vais sempre cruzar a meta nu.

A vida não acaba quando acaba a prova. E no fim do dia ou no fim disto tudo, nunca será pela prova nem nunca será pelos títulos. Se é só por isso: pelo dinheiro, pela fama e por tudo o resto; aos meus olhos, tens o Mundo ao contrário, tal como escreveram os Xutos.

Para mim, o objetivo é sempre a autossuperação. E na busca pela autossuperação aparecem os desafios; as dificuldades; a evolução; as lições. O Progresso. E cada vez que te tornas um melhor ciclista, um melhor jogador de basquete, um melhor jogador de poker ou um melhor qualquer coisa em qualquer coisa que faças: Estás sempre a tornar-te um Homem melhor. Um melhor Amigo. Um melhor Filho. Um melhor Pai. Um melhor Ser Humano. E quando te tornas uma pessoa melhor, melhoras a vida das pessoas que estão à tua volta, incluindo a tua. E no fim disto tudo, é só isso que importa.

Por que outra razão haveríamos de estar aqui?

“It's not about what you can achieve, or what you can get. It's about what you become.” Mary Gates

Post original aqui.