“Correr mal” - Parte I por Chris Ferguson
Em 1964, o Oficial de Justiça do Supremo Tribunal Potter Stewart tentou definir o que podia ou não ser considerado obsceno sobre a lei dos US. No final, ele determinou que não existia essa definição, mas quando se fala de obscenidade, “Eu sei que é quando a vejo.” - “Correr mal” - Parte I por Chris Ferguson
A mesma verdade é aplicável quando estamos a falar sobre correr mal numa mesa de poker. Tu podes não conseguir identificar o que está a acontecer de errado, mas sabes que está a acontecer. No meu entendimento, não há uma única definição ou critério para “correr mal” porque tem um significado diferente para todos. Para alguns jogadores, é jogarem 10 ou 12 sessões negativas seguidas. Para outros, é perder uma dúzia de coin-flips durante uma única sessão. “Correr mal” depende do indivíduo e das medidas que são usadas para avaliar a sua performance.
Qualquer que seja a definição, é um facto real que todos têm uma bad run uma vez ou outra. O que separa os jogadores ganhadores daqueles que ficam falidos é a forma como se aguentam a eles próprios e à sua banca quando as suas cartas estão “mortas”. Para mim, correr mal não quer dizer ter algumas noites perdedoras ou levar algumas bad beats durante o decorrer de uma sessão. Isso é variância e é uma parte inevitável do jogo. Na minha mente, correr mal é algo maior que acontece durante o longo prazo.
Se tu não tens a certeza se te está realmente a correr mal ou não, começa por recuar e analisar os teus resultados durante um período de tempo estatisticamente relevante. Se tu vês um modelo consistente de sessões negativas (perdedoras) durante uma série de semanas ou meses, então é provável que tu estejas a ter problemas sérios com o teu jogo. A chave para voltar a “entrar na linha” é descobrir o que actualmente está mal.
Para muitos jogadores, correr mal é um círculo vicioso; eles sofrem algumas sessões perdedoras e começam em tilt, o que os leva a alterar o seu estilo de jogo de forma a tentar alterar positivamente o jogo. Em breve, eles realmente começam a jogar pior, o que leva a mais sessões perdedoras, e a uma continuação da sua espiral negativa. Eles perdem porque lhes está a correr mal e está-lhes a correr mal porque eles estão a perder.
Se tu olhares para o teu jogo e acreditares que estás actualmente a jogar bem mas estás apenas a ter azar, então talvez estejas mesmo. Ases são batidos por pares pequenos, trios são batidos por cor, e mãos são esvaziadas no river mais vezes do que aquilo que podes pensar. O meu conselho nestas situações é afastares-te do jogo por algum tempo. Faz uma pausa, reagrupa, e volta quando estiveres mentalmente rejuvenescido e preparado para começar a jogar outra vez. No entanto, não comeces a mudar o teu jogo para compensar o azar. Concentra-te no fundamental, procura boas mãos iniciais, e tenta jogar o poker mais sólido que conseguires. Eventualmente, a sorte irá mudar.
O que quer que faças, no entanto, não tentes subir de nível com o objectivo de recuperar as tuas perdas. Eu tenho visto muitos jogadores falirem em momentos como estes porque eles estão demasiado concentrados em tentar reconstruir a sua banca sendo gambler’s em vez de jogarem bom poker e de descerem para jogarem um nível mais baixo. Pensem sobre isso; se tens vindo a perder, há hipóteses que estejas a jogar com uma banca menor que o normal, o que quer dizer que estás a arriscar uma percentagem maior dos fundos restantes ao jogarem em níveis maiores. Com uma menor “almofada” atrás de ti e mais da tua banca em risco, não demorará muito tempo para as coisas passarem de más a piores e para tu perderes tudo o que te sobra.
Por outro lado, ao descer um nível ou dois, tu estarás a arriscar menos no curto prazo enquanto tentas reconstruir a tua banca. Claro, os pot’s que ganhas podem não ser tão grandes como os que ganharias em níveis superiores, mas contrabalançados com as odds de ficar falido, é uma troca que estou disposto a fazer. E também, ao descer de nível, eu posso apenas ter que jogar num nível abaixo por um mês ou dois para recuperar as minhas perdas mas se ficar falido por subir de nível, poderá demorar-me um ano ou mais até conseguir recuperar. Isto é um argumento muito influenciador se tu realmente valorizas o teu tempo.
Enquanto eu não te posso dizer se te está realmente a correr mal ou não, eu posso dizer que o teu estado mental influencia o teu jogo. Se tu te sentes bem, há hipóteses de jogares bem e, se não, as hipóteses são de não jogares bem. Alturas difíceis fazem parte do jogo e aprender como lidar com adversidades no curto prazo sem perder a confiança ou a tua banca irá fazer-te um jogador melhor no longo prazo.
“Correr mal” - Parte I por Chris Ferguson, profissional da Full Tilt Poker.