Arsenal 6 - 0 Braga - Sonho vira pesadelo
A estreia do Braga na Liga dos Campeões pendeu, naturalmente, para o superfavorito Arsenal, por muito que a equipa de Domingos Paciência e os adeptos sonhassem com um resultado que ficasse na história. Ficou, mas, infelizmente, pela negativa.
Uma goleada por 6-0 - os mesmo números da pior derrota de sempre do Braga nas provas europeias, em 1983/84, frente ao Tottenham, o grande rival do Arsenal - estava fora dos planos dos mais pessimistas, mas a verdade é que espelha a diferença existente entre as duas equipas, não só no jogo de ontem. Com uma formação recheada de estrelas - Fàbregas foi a que mais cintilou, ao ponto de cegar toda a defesa do Braga - e a jogar num palco espremido entre bancadas onde os adeptos dão uma tremenda força à sua equipa e intimidam o adversário, o Arsenal entrou pronto a resolver rapidamente o desafio desta primeira jornada do grupo; se servir de algum consolo ao Braga, neste estádio só o Manchester United conseguiu derrotar a equipa de Wenger em partidas da Champions.
A relva curta e a rega de que foi alvo pouco antes das equipas entrarem em campo pressupunha um jogo rápido e a verdade é que os ingleses entraram com o pé no acelerador. Pressionantes no meio-campo defensivo português, os gunners começaram a desenhar cedo a ameaça de um resultado pesado, sustentando o conceito de que mais importante do que qualquer táctica é a dinâmica imposta. O 4x2x3x1 do Braga foi uma brincadeira para o carrocel ofensivo dos ingleses, servido pelo brilhantismo e a visão de jogo de Fàbregas, os toques de classe de Arshavin, as investidas rápidas de Nasri, as movimentações de Wilshere e o poderio físico de Song na luta pela posse de bola.Tudo somado, o resultado foi a completa desorientação bracarense. As bolas metidas pelos homens do Arsenal para as costas da defesa, em lances com trocas de posições rapidíssimas, colocando-as no espaço entre os laterais e os centrais foi o trunfo que rendeu a goleada e para o qual o Braga nunca encontrou solução.
Foi de um destes lances que nasceu o penálti que ajudou os britânicos a embalar para a goleada. Felipe derrubou Chamakh, isolado à sua frente, e começou aí a derrocada do Braga. A defesa foi caindo, desmoralizando a cada desfeita do adversário e acabou em ruínas, incapaz de um assomo de segurança. Com o meio-campo completamente anulado pelos londrinos, o ataque, praticamente, desapareceu. Almunia bem se esforçou por brilhar para os repórteres fotográficos, às vezes ameaçando cair no ridículo, tão poucos foram os lances de perigo dos portugueses.
Os golos foram-se acumulando ao ritmo das acelerações dos arsenalistas originais, face à incapacidade bracarense em parar as tabelas e as triangulações, num estilo de futebol em que a geometria é desenhada pela imaginação.
- Arsenal, 6 - Braga, 0
Emirates Stadium, em Londres
Árbitro: Alain Hamer (Luxemburgo)
Assistência: cerca de 50 000 espetadores
- Arsenal:
Almunia
Sagna
Koscielny
Squillaci
Clichy
Song (Denilson, 63)
Wilshere
Fabregas
Nasri
Arshavin (Eboué, 69)
Chamakh (Vela, 63)
(Suplentes: Fabianski, Eboué, Djourou, Gibbs, Denilson, Rosicky, Vela)
- Sporting Clube de Braga:
Felipe
Miguel Garcia
Moisés
Rodriguez
Sílvio
Vandinho
Hugo Viana (Mossoró, 55)
Luís Aguiar
Alan
Paulo César (Hélder Barbosa, 70)
Matheus (Lima, 59)
(Suplentes: Artur, Paulão, Léo Fortunato, Madrid, Mossoró, Hélder Barbosa, Elton, Lima)
- Ao intervalo: 3-0
Marcadores: 1-0, Fabregas, 09 minutos (g.p.); 2-0, Arshavin, 30 minutos; 3-0, Chamakh, 34 minutos; 4-0, Fabregas, 53 minutos; 5-0, Vela, 69 minutos; 6-0, Vela, 84 minutos
Acção disciplinar: cartão amarelo para Felipe (08), Rodriguez (20), Sagna (64)
FonteOJOGO