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Benfica 3 - V. Setúbal 0: Roberto de besta a bestial!

Parece mentira o que se passou ontem na Luz - e é provável que, contado, ninguém acredite, porque, se calhar, nem Hitchcock construiria um argumento assim. O Benfica venceu o Setúbal e fê-lo com goleada e também com nota artística, pela beleza dos lances dos três golos, mas bem pode agradecer o êxito a... Roberto. Esse mesmo, o guarda-redes espanhol. Roberto ficou no banco, de castigo pelos erros cometidos quase sem parar desde que assinou, mas teve de entrar logo aos 24', porque Júlio César... fez um penálti e foi expulso! Se isto já parecia incrível, pois obrigava à entrada em campo de um jogador que Jesus tinha decidido deixar fora dele, o que veio a seguir só realça o carácter surpreendente, apaixonante e também intrigante do futebol: Roberto defendeu o penálti e impediu que, na altura, o Setúbal chegasse ao empate. A Luz quase veio abaixo. E o Benfica pode ter ganho um guarda-redes quando se preparava para se desfazer dele!
Ora, escrito o parágrafo obrigatoriamente dedicado a Roberto, sendo certo que ninguém esperaria lê-lo por estas razões, importa frisar que o Benfica foi uma equipa com sentido e personalidade desde o início, procurando declaradamente a baliza do Setúbal. Jesus, além de fazer o que se previa - e impunha -, com Júlio César na baliza, apostou também em Salvio, deixando o centro do terreno por conta de Javi García e Aimar, enquanto Gaitán surgiu sobre a esquerda. E essa entrada forte valeu aos campeões nacionais a vantagem madrugadora, obtida logo aos 4'. Os três defesas-centrais que Manuel Fernandes colocou em campo não chegaram para Cardozo, que quase nem precisou de saltar para finalizar de cabeça um cruzamento perfeito de Gaitán - depois das boas indicações deixadas há uma semana na Choupana, o argentino ex-Boca Juniors confirma-se como elemento de indiscutível qualidade e, sendo diferente de Di María, não tão explosivo, promete deixar a sua marca.
A ganhar cedo, o Benfica não baixou o ritmo, e o jogo continuou a desenrolar-se nas imediações da área do Vitória, cujo contra-ataque não funcionava, limitando-se a equipa sadina a tímidas iniciativas que, no máximo, rendiam cruzamentos para zonas de ninguém, onde realmente nunca estava ninguém - num deles, Júlio César agarrou com facilidade, mas a tremenda ovação que ouviu de imediato validava a decisão de Jesus de trocar de guarda-redes. O que nem ele, nem o técnico, nem o público esperavam foi o que se passou então, sobre os 23 minutos de jogo. De frente para a sua baliza, Maxi Pereira demorou uma eternidade a decidir se afastava a bola ou se a atrasava ao guardião brasileiro, optando pelo atraso quando Júlio César tinha um adversário em cima. Sem reacção para aliviar de primeira, o camisola 13 (ai os supersticiosos...) perdeu a bola para Zeca e teve de derrubar o jovem que foi a surpresa de Manuel Fernandes. Penálti, vermelho... e o resto já se sabe: Roberto entrou, parou o penálti de Hugo Leal e de vilão passou a herói.
Jesus, que (com lógica) tirou Salvio para a entrada do guarda-redes, reorganizou a equipa, com Aimar a ficar sobre a direita e Gaitán sobre a esquerda, ambos em posições interiores, preparado para a inversão de papéis que se previa: o Benfica à espera do Setúbal e o Setúbal, com mais um em campo, a ir para cima do Benfica. Mas os sadinos, afectados pelo penálti falhado e demasiado lentos, nunca causaram problemas a Roberto e, pior, sofreram novo golo à beira do intervalo. Luisão fugiu a Collin, na sequência de um canto ridiculamente cedido pelo francês do Vitória, e cabeceou com êxito. Todas as alturas são boas para marcar, mas melhor do que esta dificilmente haveria. Dos balneários voltou mesmo um Benfica ainda mais tranquilo, então já com Rúben Amorim a fortalecer o miolo (saiu Saviola), em contraste com o abatimento dos sadinos. Foi por isso com naturalidade que as águias chegaram ao 3-0, depois de um lance espectacular entre Coentrão e... Gaitán. O argentino centrou, Diego largou, Aimar, oportuno, encostou. A mais de meia hora do fim estava tudo decidido. Manuel Fernandes ainda mexeu, mas o Vitória, como que torpe pela sucessão de acontecimentos, já não reagiu. E o encontro acabou assim com dois factos, um natural e outro que parece sobrenatural: os três pontos ficaram na Luz, e Roberto saiu ovacionado.
FonteOJOGO