O fantasma continua logo atrás da porta - Sporting 2-1 Nordsjaelland
Três boas notícias para o Sporting na noite de ontem: o apuramento para a próxima eliminatória da Liga Europa, a recuperação aparente de Hélder Postiga e a confirmação de que Maniche, com cara de gordinho ou não, é realmente reforço. De resto, sobram motivos de preocupação para Paulo Sérgio, que viu a sua equipa em risco de ser eliminada por um adversário de terceira ou quarta linha do futebol europeu. Os adeptos leoninos devem mesmo ter perguntado a si próprios onde é que já tinham visto aquele futebol pastoso e permissivo da segunda parte, lembrando-se de imediato que foi essa a sua sina durante quase toda a... época passada. Esse fantasma continua atrás da porta e o novo treinador terá ainda muito trabalho pela frente até o caçar em definitivo.
Trazendo da Dinamarca uma interessante, mas nada definitiva, vantagem de um golo, o Sporting entrou em campo com vontade de a aumentar depressa e assim viver uma noite serena. No onze, Paulo Sérgio procedeu a três alterações - uma das quais forçada (Pedro Mendes por André Santos), apostando também em Valdés para o lado esquerdo, em detrimento de Djaló, e sentou Saleiro para dar a titularidade a Liedson. A equipa de Alvalade tentou assumir o jogo, mas nos primeiros minutos sentiu alguma dificuldade para contornar a pressão do Nordsjaelland, que defendia subido e punha cinco unidades - os dois trincos e os três elementos da linha seguinte - a segurar os quatro homens que o Sporting tinha na linha do meio-campo. Seria até o organizado conjunto dinamarquês a criar (e desperdiçar) a primeira oportunidade clara de golo, sobre os 10', pelo perigoso Nicki Bille, que já na primeira mão ameaçara cedo a baliza de Patrício.
A ocasião serviu de pretexto aos primeiros assobios do tribunal de Alvalade, mas tal não amedrontou a equipa leonina, que, como Paulo Sérgio pedira, teve cabeça fria e estaleca para continuar a tentar furar a defesa contrária. O Sporting acabaria então por chegar ao golo com alguma fortuna, mas também em consequência de um fluxo ofensivo que se acentuava, num lance de insistência de Liedson, exemplarmente aproveitado por Postiga - o Carteiro, que neste defeso foi associado a vários clubes e... nenhum deles era o Sporting, continua assim a viver uma espécie de ressurreição no conjunto verde e branco.
A vantagem deu naturalmente alguma serenidade ao Sporting, que, no entanto, se esqueceu dela ao intervalo, no balneário, de onde regressou demasiado amorfo. Quando o que se exigia era um segundo golo que arrumasse em definitivo a eliminatória, os leões pareciam mais interessados em gerir a curta vantagem que haviam conquistado, incapazes de segurar a bola e permitindo o contragolpe do Nordsjaelland. Paulo Sérgio mexeu, lançando Djaló e depois Matías, mas seriam os nórdicos a empatar, com o suplente Lawan a aproveitar uma bola bem metida entre o lateral e o central - uma lacuna que ficou evidente no Sporting durante todo o jogo.
Seguiram-se dez minutos de suspense, porque um segundo golo do Nordsjaelland deixaria os leões fora da Europa. Os dinamarqueses acabaram com quatro homens na frente, à procura desse momento de glória, tendo mesmo criado alguns lances de perigo junto das redes de Rui Patrício. O sofrimento só terminou ao segundo de três minutos de desconto, quando Maniche, de trivela, estabeleceu o resultado final. Um suspiro de alívio que, contudo, não esconde (não pode esconder) o essencial: o Sporting mostrou ontem limitações que outro adversário - e o play-off será mais duro... - dificilmente perdoaria.
Fonte OJOGO