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Selecção Nacional - Danny confirma-se como alternativa a Nani no triunfo por 3-0 sobre Moçambique

No dia em que perdeu Nani para o Mundial, a Selecção Nacional ficou a saber que pode contar com Danny. O atacante do Zenit respondeu da melhor forma ao desafio que a partir de agora lhe é lançado, o de se tornar a principal alternativa aos dois extremos titulares, Cristiano Ronaldo e Simão. Mostrou iniciativa, velocidade, capacidade de transporte de bola e engodo pela baliza, pelo que não se estranhou que tenham saído dos pés dele as jogadas mais perigosas da partida, incluindo os dois primeiros golos da vitória (3-0) de Portugal sobre Moçambique, no último ensaio antes da competição. O primeiro marcou-o, o segundo ofereceu-o, numa altura em que, desbloqueado o impasse em torno do resultado, os espectadores já estavam mais concentrados na chegada de Cristiano Ronaldo ao jogo.

O ensaio não terá cumprido na plenitude nenhum dos objectivos principais traçados por Carlos Queiroz para ontem. Por um lado, a sedução do público estava garantida à partida, pois nem no período negro da Selecção Nacional (a primeira parte) os milhares de emigrantes lusos presentes no Wanderers Stadium deixaram de apoiar e de soprar as suas ruidosas vuvuzelas para incentivar os craques. Por outro, em termos de responsabilidade competitiva, a equipa nacional não conseguiu pôr de lado o facto de estar a uma semana da estreia no Mundial e a jogar num relvado irregular, no qual o risco de lesões subia, pelo que a intensidade de jogo foi deixando a desejar. Somada à boa organização defensiva moçambicana, essa falta de intensidade redundou no nulo ao intervalo e numa primeira parte em que a melhor ocasião de golo até pertenceu aos moçambicanos (um remate de Hagy ao poste).

Feitas as contas ao que se viu, porém, também há ilações positivas a retirar do jogo. Primeiro que tudo, a já citada contribuição de Danny. Depois, o bom jogo de Deco, a confirmar em meia-dúzia de iniciativas a subida de rendimento que já se lhe vira contra os Camarões. Mas houve mais: a confirmação de que, com Liedson e Hugo Almeida, Portugal pode usar duas formas diferentes de atacar, ou com um ponta-de-lança mais móvel a pedir a entrada dos médios na área ou com um atacante mais posicional, a pedir profundidade aos extremos: ontem resultou melhor a segunda, mas casos haverá, contra equipas menos compactas, em que a primeira se recomenda. E como brinde ainda deu para ver as acelerações e os potentes remates de longe de Ronaldo (substituiu Simão aos 63', lançando os espectadores em êxtase, e ainda esteve na origem do terceiro golo) e um Pepe (jogou os derradeiros 15' em vez de Pedro Mendes) em boas condições físicas, a mostrar-se apto para ser chamado do banco no decorrer do jogo contra a Costa do Marfim, se for caso disso.

O resultado, a segunda chapa 3 aplicada pela Selecção em jogos consecutivos, acaba por ser bom também, porque moraliza a equipa antes da estreia - e é preciso não esquecer que esta selecção de Moçambique acabou por ser decisiva na qualificação da Costa do Marfim para o Mundial, ao empatar com a Tunísia na última jornada da qualificação africana. Mas tudo começou de forma cinzenta, com os portugueses no seu habitual 4x3x3 a mostrarem dificuldades para entrar no 4x3x2x1 moçambicano. A posse de bola era quase sempre da Selecção Nacional, os dois extremos até se mostravam, bem como Deco, mas faltava algum dinamismo a meio-campo, onde Raul Meireles se mostrou uns furos abaixo do que se lhe viu contra os Camarões, e a ligação com Liedson não era bem conseguida. O melhor que a equipa mostrou nesse período ainda foi a forma como subia em conjunto para pressionar a saída de bola moçambicana (criou assim as poucas situações de perigo dos primeiros 45'), ainda que não seja previsível que venha a mostrar-se tão afoita perante os mais perigosos marfinenses.

Na segunda parte, com Hugo Almeida em vez de Liedson, Portugal nem começou bem, mas marcou logo aos 52'. O golo nasceu da visão de jogo de Deco e do facto de a equipa ter um avançado mais posicional, que mesmo colocando-se em posição irregular, obrigou a defesa moçambicana a procurar a profundidade e "destapou" o espaço para Danny se isolar e fazer o 1-0. Ora este era um daqueles jogos em que a sabedoria popular diz que "custa é entrar o primeiro". E nesse momento acabaram as dificuldades: Moçambique continuou a ser uma equipa ofensivamente inoperante e Portugal soube depois explorar o espaço atrás da defesa adversária para marcar mais dois golos, ambos de Hugo Almeida: o 2-0 após jogada à linha de Danny; o 3-0 em recarga a uma bomba de Ronaldo que Lama não segurou.

Fonte: O JOGO