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Futebol - José Mourinho apresentado em Madrid dentro de momentos

A oferta de um relógio ou uma caneta com o símbolo do Real Madrid selará esta manhã a contratação de José Mourinho pelo clube espanhol. Será o momento simbólico do dia após a assinatura do contrato que irá ligar o treinador e os merengues durante quatro épocas depois de duas temporadas ao serviço do Inter de Milão. Uma transferência que custou, aos cofres do Real, 16 milhões de euros, e 40 milhões em quatro anos, e com a qual o presidente Florentino Pérez tenta dar ânimo a um clube que investiu milhões de euros há um ano e terminou a época sem conquistar um troféu.

Hoje, José Mourinho, que se tornará um dos treinadores mais bem pagos de sempre, começará a sentir o peso da história dos madridistas quando chegar à sala onde se reúne a Direcção: aqui estão guardadas as nove Taças dos Clubes Campeões Europeus (actual Liga dos Campeões) já conquistadas pelo clube. A rubrica do compromisso está agendada para as 12h45 locais (11h45 de Lisboa), seguindo-se a primeira conferência de Imprensa como treinador do Real Madrid. Depois manterá algumas reuniões de planeamento da próxima temporada e seguirá para um período de férias.

Todo este cerimonial ocorrerá longe dos adeptos, pelo menos segundo as indicações do clube, pois Mourinho terá pedido para que não se preparasse uma recepção idêntica à que tiveram no Verão passado Cristiano Ronaldo (90 mil pessoas no estádio), Kaká (50 mil) ou Benzema (30 mil), por exemplo. Depois do banho de multidão na final da Liga dos Campeões (vitória do Inter de Milão, por 2-1, frente ao Bayern de Munique) no mesmo Estádio Santiago Bernabéu que hoje o receberá, o segundo treinador português a liderar o plantel do Real - o primeiro foi Carlos Queiroz, em 2003/04 - prefere manter-se "na sombra".

O que, no entanto, dificilmente consegue. Aparato mediático não falta, e as previsões sobre o que vai fazer da equipa também não. Entre contratações possíveis - Maicon (Inter), Kolarov (Lázio), De Rossi (Roma) ou Di María e David Luiz (Benfica) - e saídas hipotéticas, como as de Guti e de Higuaín, muitas são as dúvidas sobre o Real Madrid de 2010/11.

A ida de Mourinho para o Real não deixa ninguém indiferente, mesmo fora do futebol. É o caso de José María Aznar, antigo primeiro-ministro espanhol e ex-líder do PP, que é um adepto fervoroso do clube e ontem, numa entrevista ao jornal desportivo "AS", explicou a sua visão do que poderá ser o clube. "O que falta ao Real é construir uma equipa. E isso consegue-se com regularidade e trabalho. É a falta de regularidade que justifica o facto de o Madrid não passar dos oitavos-de-final da Champions há seis anos. Nestes anos ganhou duas ligas, mas não foi competitivo na Europa", lembrou.

Guerra de dois egos

O início de uma nova era no Real Madrid marca também o começo de uma "guerra" entre duas figuras com egos insuperáveis: José Mourinho e Jorge Valdano, director-geral do emblema merengue. O dirigente já veio a público dizer que resolveu todas as divergências existentes entre a dupla - no passado já havia criticado o estilo de jogo adoptado por Lo Speciale -, mas a verdade é que o facto de ter sido relegado para segundo plano por parte de Florentino Pérez na escolha do novo homem-forte da equipa madridista não lhe agradou.

Jorge Valdano gosta do poder e está habituado a ter um papel preponderante na estratégia definida pelo clube, algo que pode levar a um conflito aberto com o treinador vencedor da última edição da Liga dos Campeões. Porém, este cenário não será novidade para Mourinho, pois já ao serviço do Chelsea teve diversos choques com Avram Grant e Frank Arnesen, que desempenharam funções de director para o futebol e responsável pela formação e prospecção de talentos para o clube londrino, respectivamente, e que acabaram mesmo por desgastar a relação do técnico luso com Roman Abramovich, dono dos blues. A luta promete. Resta saber quem sairá vencedor e se Mourinho contará com o apoio total do seu novo presidente, o também galáctico Florentino Pérez.