Ténis - Frederico Gil finalista vencido do Estoril Open
Frederico Gil não se tornou no primeiro português a conquistar o Estoril Open, mas andou lá muito perto. Se não, atente-se: chegou a comandar o terceiro set, por 3-0, com dois breaks, e, a 4-4, esteve a dois jogos de erguer o troféu de porcelana. Para a história das 21 edições do torneio fica eternizada a primeira presença de um nosso representante na final e a extraordinária réplica oferecida ao novo bicampeão, Albert Montañes.
O espanhol, bem mais experiente e a disputar a oitava final da carreira, sempre em terra batida, teve de puxar dos galões para vencer, por 6-2, 6-7 (4/7) e 7-5, em 2h33. Gil não ganhou, mas ficou no coração dos adeptos. Dos mais de sete mil que tudo fizeram, no court central do Jamor, para o empurrar rumo ao título, e de outros milhares que assistiram pela televisão à sua brutal actuação.
O encontro teve quatro fases bem distintas. Um primeiro set de quase sentido único, com o catalão e 34º mundial a lograr dois breaks (3-2 e 5-2) e a dar, a espaços, um recital do melhor ténis que se pode praticar em pisos de pó de tijolo. A segunda partida, equilibrada q.b., ficou marcada pelos dois match points que o sintrense salvou a 4-5, evitando também que a final se tornasse na mais rápida de sempre (69 minutos) da história do Estoril Open. O terceiro acto incluiu a clara vitória de Gil no tiebreak e a entrada à verdadeiro matador, com o tal 3-0, no parcial decisivo. Depois, foi a reviravolta de Montañes, iniciada num momento crucial, quando impediu o português de chegar a 4-0 e lhe quebrou o saque. Novo break a 4-4, sem que Gil tenha somado qualquer ponto, e 7-5 com nova quebra de serviço.
Nesta cronologia convém incluir os 37 winners para cada lado e os 41 erros não forçados do atleta do CETO, relativamente aos 48 do jogador de Barcelona. Numa explicação menos estatística, importa destacar a capacidade mental de Gil em dar a volta a um encontro que parecia perdido, por 6-2 e 6-3, e o seu grande mérito de depois disso ter colocado seriamente em causa o favoritismo do adversário, lutando pela melhor gestão possível da ansiedade e nunca fugindo ao plano táctico (bem) delineado.
Então, porque ganhou Montañes? Pelo simples facto de nos momentos-chave ter controlado os pontos e, acima de tudo, ter sido capaz de os resolver a seu favor, ora aproveitando um ou outro desacerto do rival, ora abstraindo-se da enorme pressão que descia das bancadas até aos seus ombros.