O bluff suicida, por Adam Schoenfeld
Fazer bluff em Limit Hold’em não tem nada a ver com fazer bluff em No Limit Hold’em. Num jogo de Limit, raramente consegues apostar um valor que expulse o teu adversário do pot se ele tiver qualquer tipo de mão ou de projecto. Por vezes, tentarás fazer um bluff no river porque o teu adversário não pode perseguir mais nada, mas, mesmo assim, as pot odds são geralmente tão favoráveis que ele irá pagar com uma mão fraca.
Apesar de fazer bluff em Limit Hold’em ser difícil, todos os bons jogadores compreendem que terão de o fazer ocasionalmente. Mas acontece que há uma situação onde fazer bluff é, absolutamente, desaconselhável, à qual eu gosto de chamar “suicidal end bluff” (bluff suicida) e vejo-o ser usado demasiadas vezes.
Eis um exemplo de um bluff suicida de um jogo de $15/$30 que joguei. O jogador UTG + 1 abriu com raise para $30. Eu falava a seguir com e fiz reraise para $45. O jogador à minha esquerda aumentou para $60. As blinds e os restantes jogadores largaram e ele fez o call de mais $45. Esse é um call duro de fazer – nunca deves dar call à terceira aposta fora de posição a menos que tenhas uma mão Premium – pelo que ele teria de ter uma mão monstra ou ser um jogador fraco cometendo um grande erro. O que quer que fosse. O raiser inicial pagou mais $30, eu paguei mais $15 e fomos 4 jogadores ver o flop.
O flop trouxe , uma board altamente perigosa. Não foi o melhor flop para . Se alguém estivesse completamente “fora da lei” com teria flopado o melhor jogo possível. Se alguém tivesse era, na verdade, favorito em comparação com a minha mão. E alguém podia ter conseguido um trio de 6’s, 7’s ou 8’s. Mas, ao mesmo tempo, eu não deixava de ter um par mais alto que a board pelo que não era de todo, o pior flop que me podia ter saído.
O jogador na Big Blind fez check, o raiser inicial também e eu decidi sair a apostar, metendo $15 num pote de $250. Eu sabia que não me conseguiria livrar de quaisquer projectos mas queria, eventualmente, reduzir o número de jogadores em jogo expulsando um jogador que estivesse ali, aleatoriamente, com um Ás ou um Rei. Depois de apostar $15, o jogador a seguir a mim subiu para $30 e a Big Blind voltou a subir para $45. O jogador à minha direita desistiu e a acção estava de novo em mim. E aqui está um conceito chave: como eu podia fechar a acção mostrando força, aumentei para o Limite de $60 em vez de dar apenas call como teria feito se houvesse raises possíveis a seguir à minha vez de falar. O jogador à minha esquerda foldou e a Big Blind pagou os $15 que faltavam.
Então, éramos só eu e o jogador da Big Blind – o que pagou três apostas extra antes do flop e jogou o flop em check/raise – que íamos ver o turn.
O turn trouxe uma carta boa para mim, o . Não completava qualquer projecto; qualquer mão pior que a minha antes do flop continuava a ser pior do que a minha no turn. O meu adversário fez check, eu apostei $30 e ele pagou. Devo admitir que não fazia ideia de que mão ele poderia ter neste momento. A minha melhor ideia era que ele tivesse um projecto, pois muitas pessoas jogam os seus projectos de forma agressiva no flop e depois abrandam no turn se o falharem.
O river trouxe o , dobrando a board. Se ele tivesse um 7, então teria completado a melhor mão, mas eu não conseguia, na verdade, colocá-lo em qualquer mão que ele pudesse ter com um 7. Ele fez check, o que tornou claro que ele não tinha um 7. Se ele tivesse um 7 não apostaria para garantir que eu tivesse de dar o call em vez de fazer também check? Confiante de que tinha a melhor mão, apostei mais $30 com as minhas damas, num pote de $460. E ele surpreendeu-me com raise para $60.
Naturalmente, passou-me pela cabeça que ele tivesse ou um full house mas esta era uma situação em que, mesmo que eu suspeitasse que estava batido, tinha de pagar $30 para um pote de $550. Então paguei, e qual era a mão dele? .
O primeiro erro dele: pagar mais $45 pré-flop na Big Blind com J9 off-suitted quando os outros jogadores mostraram uma força tremenda. O segundo erro dele: fazer um semi-bluff no flop envolvendo-se num pote que atingiu o limte de apostas, o que era uma jogada demasiado agressiva com apenas um projecto de sequência para cima ou para baixo.
Mas o maior erro dele foi no fim. Ele “atrofiou” completamente e checou. Eu apostei e ele tentou um bluff em check/raise. Com a força que eu tinha mostrado, que mãos poderia eu ter que que me fizessem desistir por $30 aqui? Ele deitou fora $60 no river, pura e simplesmente. Esta é a melhor definição do bluff suicida.
Em No Limit Hold’em, um grande bluff teria hipóteses de resultar naquela situação. Mas em Limit Hold’em tens de reconhecer que há situações em que um bluff, simplesmente, não resulta. Desiste da mão e poupa muito dinheiro.
Este artigo tem o patrocínio da Full Tilt Poker.
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