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''Se vocês acharem, joguem meu discurso no lixo'' Akkari na Comissão que estuda a regulamentação dos jogos no Brasil

O Brasil está a mexer na regulamentação do jogo, onde os casinos são ainda ilegais, com a comissão que a estuda a frisar que haverá um capítulo específico para os jogos de habilidade, como e-games, damas, xadrez, bridge, go e poker.
 
Quem o diz é o redactor do documento em discussão, Guilherme Mussi, na audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, com a presença de várias personalidades do mundo do poker, e não só, brasileiro. Guilherme foi mais específico de como quer continuar ver o poker enquadrado:
 
"Acho importantíssimo que o poker seja tratado em um capítulo separado porque já é uma modalidade que funciona bem para o país e que tem muitos adeptos. Acho que se colocarmos qualquer item que possa mexer no que já existe hoje só iria prejudicar. Então, pelo contrário: a gente tem que dar mais legitimidade e proteção à modalidade. Como relator, é por isso que vou brigar, e colocar à mesa pra que não haja cilada por parte de outros interessados. Eu não vou permitir no relatório, por exemplo, que os torneios de poker aconteçam somente dentro dos cassinos. Isso seria o início do fim de uma estrutura muito organizada. Esperamos votar o relatório e, nos próximos 30 dias, talvez, proceder. Tenho um compromisso com o Eduardo Cunha que, assim que votado e aprovado na comissão, com número suficiente de votos, o projeto seja de imediato colocado em pauta na Câmara e prossiga o mais rápido possível para o Senado"
 
 
Nesta terceira reunião da comissão, André Akkari e Igor Federal foram convidados e tomaram da palavra para contribuírem para o tema. Se o primeiro dispensa qualquer apresentação, Federal é também um nome familiar deste lado do Atlântico, estado agora em representação da CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold'em) quanto pela ABRESPI (Associação Brasileira de Esportes Intelectuais), onde o poker se junta a modalidades como xadrez, damas e go:
 
"A palavra jogo pode ser usada indiscriminada na sociedade. Mas no Congresso, ela tem que ser repartida. O texto da lei que esperamos deve ser claro na distinção entre jogos de habilidade e jogos de azar"
 
 
Federal suportou-se em alguns números reunidos pela ABRESPI: 12 milhões de practicantes de xadrez, 5 milhões de damas, 7 milhões de poker, 15 milhões de bilhar, 3 milhões de dominó e cerca de 50 milhões de e-sports, no país canarinho. Tudo representará algo como 100 mil empregos directos, 300 mil indirectos e R$1.2 mil milhões de reais.
 
Em conclusão, o homem forte do poker brasileiro diz o que quer. "O que queremos é um capítulo sobre os jogos de habilidade na Lei de Jogos no Brasil, livre prática em todo território nacional, segurança ao trabalhadores do segmento e impostos condizentes com nossa atividade".
 
 
Já o Team PokerStars Pro, André Akkari, foi simples na distinção do jogo poker com os restantes jogos associados aos casinos:
 
"Eu sou campeão mundial de poker. Fui aplaudido de pé na imigração dos Estados Unidos, quando eles viram o bracelete. No Brasil, já saí de clube expulso pela polícia. A oportunidade que vocês tem aqui é de corrigir isso. Daquele currículo que vocês viram meu eu queria que vocês me mostrassem alguém batendo fotos e pedindo autógrafos para o campeão mundial de roleta. Se vocês acharem, joguem meu discurso no lixo".
 

Eis o video das intervenções:

No Brasil a regulamentação está ao rubro, com a comissão a debater também a legalização de casinos em território brasileiro, desfazendo a actual lei da década de 1940. O combate ao mercado ilegal, ao crime organizado, a protecção do jogador e, claro, a indústria e impostos que daí resultarão estão em cima da mesa, com o presidente da comissão a ser esclarecedor sobre o ponto:
 
"Tem que acabar com a hipocrisia. Tem mais de 30 cassinos clandestinos em São Paulo. É preciso regulamentar para acabar com a sacanagem, com o esquema, a falta de clareza".
 
 
O Brasil é actualmente o 17º maior mercado de jogos de fortuna ou azar, mesmo sendo ilegal, partilhando com Cuba a restrita lista de membros da ONU sem jogo regulamentado.