Visão do Repórter Caco Pinto em Londres

Estivemos em Londres durante 11 dias para acompanhar os portugueses em prova no World Series of Poker Europe e no PokerStars.com European Poker Tour. Mas os resultados já sabemos... Falta saber o que se passou “behind the scenes”...
Chego a Londres na 5ª feira, dia 25 de Setembro, e era um dia morto. A única coisa que acontecia de especial era o Dia 2 do evento de PLO. Mas estamos em Londres e vir cá sem ver o Big Ben é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa ou ir à Madeira e não comer bananas. Assim, eu, o Oversleep, a Muranguita, o Tokas e a Annette fomos dar uma volta a pé. Desde Leicester Square até ao London Eye. Ainda deu para rir e aprender umas coisas. Demos uma volta no London Eye e a vista é simplesmente inacreditável. Quem tem vertigens, não recomendo. Mesmo! Mas são 25£ que valem mesmo a pena.
Terminada a míni sightseeing tour, voltamos para Leicester Square, quartel general do WSOPE. O frio apertava e tínhamos de fazer horas pela mãe da Annette. Sem nada marcado no horizonte, com chuva e frio, fomos ao cinema! Fomos ver o novo filme Pacino/De Niro, “Righteous Kill” e saímos de lá com a sensação que podia ser um bocadinho melhor... A £13 o bilhete, mais ou menos €17, esperava muito mais! Fogo-de-artifício e afins! Mas não... A seguir, jantarada de comida japonesa e ficamos no Empire Casino, no rail, a puxar pelo nosso amigo Sorel Mizzi.
O dia já ia longo, estávamos cansados e fomos descansar... Falta contar a parte de que dormi no quarto errado! Aparentemente havia outro sujeito de nome Ricardo Pinto que tinha um quarto marcado naquele hotel... De manhã, vieram me informar do erro, troquei de quarto e fomos para o nosso “palacete”! Um quarto para mim e para o João Nunes que devia ter uns bons 70 ou 80 metros quadrados. Menos mal.
De salientar o posicionamento do Hotel em Gloucester Road. A menos de 100 metros do Hotel tínhamos um Tesco Express (supermercado aberto 24 horas por dia), um Burger King, um KFC, 5 ou 6 cafés, 4 ou 5 restaurantes, 1 Pub, o café do Sr. João (um madeirense a viver em Londres, onde íamos tomar o pequeno almoço) e a estação de Metro. Local perfeito...
Sexta-feira também foi um dia relativamente calmo. Começou com o Heads Up entre a Annette e o Doyle Brunson. Já sabemos que o Doyle ganhou mas a ideia foi gira, o ambiente era descontraído e ainda deu para o Doyle oferecer o Super System I e II à Annette. Tiradas as fotos e feitas as entrevistas, começava a Final Table do PLO com Sorel Mizzi. Toda a Equipa Betfair esteve no rail a apoiar até ao último minuto. Infelizmente, Sorel acabou em 2º com algum azar à mistura. Pelo meio ainda houve um intervalo de duas horas para jantar onde a Betfair organizou a festa de lançamento do Main Event. Copos, música, muitos prós, muita cara conhecida, etc... Só a comida é que falhou! Ficamos todos cheios de fome e fomos comer a um restaurante italiano. Terminado o evento #2, com Theo Jorgensen a vencer a bracelete, estava na altura de regressar ao hotel pois no dia seguinte já havia trabalho, do duro.
Mas estava longe de ir dormir... Estou no quarto sossegado da vida e estava na hora do Jomané chegar. Teoricamente chegava por volta das 23.30 mas era uma e 1.30 e nem sinal dele. Até que recebo uma sms a dizer “Tou no lobby. Quarto?”. Eu respondi “343” e passados 5 minutos ele ainda não tinha aparecido. Recebo outra sms a dizer “Não abres a porta?”. Abri a porta do meu quarto e não estava lá ninguém. Liguei-lhe e descobri que estava no hotel errado!!!!! E tinha acordado o pobre coitado do quarto 343 desse hotel... Resolvido esse hilariante problema, tive dificuldade em adormecer tal foi a absurdidade da cena. Só pensava na outra pessoa do 343 que às 2 da manhã tinha um maníaco a bater à porta como se não houvesse amanhã!
Começava o Main Event do WSOPE, os tugas lá no meio e começava o trabalho. Seguir 3 ou 4 jogadores não é problemático. Mesmo nada. Mas quando não podemos ter acesso às mesas ou a sala de imprensa está 3 andares acima da sala de Poker, tudo fica mais complicado. Para além disso, as mesas de Poker estavam literalmente espalhadas pelo casino. Quando uma mesa fechava e um tuga mudava de mesa, era um Drama para o encontrar... Mas antes assim do que aquilo que aconteceu em 2007, onde o WSOPE se realizou em 3 casinos... Prefiro 3 salas do que 3 casinos... Depois de entrar no casino às 12.30 e sair às 3.00 da manhã, não há muito a fazer a não ser dormir e descansar a cabeça. Voltávamos para o Dia 1B que foi quase perfeito. Os 3 portugueses em prova passavam ao Dia 2 e a boa disposição reinava na Equipa. Enquanto isso, os Diogos, Veiga e Borges, andavam a atormentar os cash games do Victoria...
De salientar o field com uma qualidade nunca vista. O número de profissionais excedia todas as expectativas e os portugueses tiveram a oportunidade de confraternizar com jogadores como Joe Hachem, Max Pescatori, John Juanda, Bruno Fitoussi, Chad Brown, Dario Aliotto, Jennifer Tilly, Erik Friberg, Masaaki Kagawa, David Benyamine, Layne Flack, Andy Bloch, Freddie Deeb, Erica Schoenberg, David Chino Rheem, Adam Jungler, Barry Greenstein, Alex Jacobs, Johannes Strassmann, etc... Estes foram apenas alguns nas mesas dos nossos jogadores.
Jomané dominava a sua mesa e depois de fazer o 4º re-raise a Strassmann, este fica mesmo preocupado e diz "Man, why are you picking on me?".Alex Jacobs sai-se com a frase "No, dude. He is picking on everybody..."
E ainda deu para ver Ayaz "Dr. Machine" Manji a brilhar na TV Table...
Houve de tudo… Phounder levava uma bad beat de Fitoussi com , Jomané perdia para runner runner flush, Segrob bate de frente em Ases, etc...
Mas entretanto, no Sábado à noite tínhamos uma pequena aventura! Saimos do Casino perto das 2.20 da manhã e tentamos apanhar um táxi. Tal tarefa era impossível tal era o volume de pessoas na rua. Milhares de pessoas, muito álcool, muita confusão (ainda deu para ver uma perseguição de 7 gajos a um pobre coitado que iria levar uma carga de lenha gratuita), etc...
Com mochilas, portáteis e tudo o resto às costas, começamos a andar os 6 Km em direcção ao Hotel... Quando o frio e o desespero tomaram conta das cabeças, decidimos perder o amor a £20 e arranjamos maneira de chegar ao hotel. Uma daquelas bicicletas comunitárias, com uns romenos a pedalar e 2/3 pessoas atrás.
Claro que depois de estarmos dentro de 3 preciosidades destas, começaram as corridas. A desvantagem era que com a velocidade, ficava ainda mais frio e os 4 ou 5 graus pareciam temperaturas negativas... Depressa perdemos a vontade de uma corridinha e pedidos ao ciclista para adoptar um ritmo normal.
Tudo corria bem até que o nosso "triciclista", o meu e do Jomané, com o nosso peso, mais os portáteis e as malas Betfair, começou a perder a resistência e teve de pedir ajuda... Chegada a assistência, o Phounder e o Jomané trocaram de lugar.
Para piorar tudo, ainda tivemos um furo! Chegamos ao hotel cerca de 1 hora e vinte depois de sair do Casino, congelados... Ficamos todos a conhecer uma Londres que não nos passava pela cabeça.
Os restantes dias não foram diferentes. Entrar no casino antes das 13h e sair depois das 3 da manhã, apenas com um belo intervalo de duas horas, para jantar. Num desses intervalos não resisti em ter uma massagem, numa das duas cadeiras de massagens no Betfair VIP Lounge (ver foto). Final do dia, directo para cama que as escadas do casino dão cabo de qualquer um...
No meio de todas estas emoções ainda houve espaço para recebermos uma equipa de reportagem da Sport TV, que irá transmitir um Report TV sobre Poker no dia 16 de Outubro. Acho que vai valer a pena e os jornalistas ficaram agradavelmente surpreendidos com o Mundo Poker. Já agora um abraço para o Jaime e Raul.
Terça-feira era dia de Liga dos Campeões e fui ver o meu FCPorto ao Emirates Stadium. O resultado já todos sabemos (que foi uma pequena tragédia) mas faço um saldo positivo do jogo. Primeiro não estava à espera de ganhar, pois era pouco provável, e estava mais inclinado para os outros aspectos deste jogo. Estádio cheio, os fans do Arsenal a cantar, um futebol de abrir os olhos a qualquer um mas, acima de tudo, ver um jogo da Champions League em solo inglês. Inesquecível.
Roberto Machado e Tomé Moreira ficavam nos lugares premiados, cada um deles arrecada £25.340, perto de €32.500, que se saldava numa performance muito acima da média, especialmente se considerarmos o field em causa... Terminava a participação dos portugueses no WSOPE e estava na altura de mudar de ares!
Começava a PokerStars.com EPT no Grosvenor Victoria Casino na parte árabe da cidade. Só restaurantes libaneses, marroquinos, etc... Ainda cometi a gaffe de pedir bacon num deles mas rapidamente vi que não ia ter sorte. Mas o ambiente é engraçado. Mesmo com 10º, centenas de pessoas sentadas em esplanadas a fumar shesha (tabaco aromático), sempre acompanhadas por um chá e música árabe ao melhor estilo.
Dentro do casino, o de sempre. 1m e 40 segundos de percurso entre a sala de imprensa e o local do torneio o que implicava esforços adicionais. Tal era a distância que não consegui acompanhar todas as eliminações, como as de Manuel Silva, Ayaz Manji e Sérgio Bessa... Do dia 1ª terminava mais cedo do que o esperado e saí do casino em direcção aos restantes tugas em Londres.
Jantarada num restaurante italiano e fomos para o Cheers beber um copo. Inspirado na série de televisão, este franchise é bastante similar ao que víamos na TV, com especial destaque para o melhor lugar do bar. No canto do bar, uma cadeira alta e uma chapa com um nome. “Norman”.
Sam: What'll you have Norman?
Norm: Well, I'm in a gambling mood Sammy. I'll take a glass of whatever comes out of that tap.
Sam: Looks like beer, Norm.
Norm: Call me Mister Lucky.
A melhor cadeira sem dúvida. Para minha felicidade havia After Shock, licor de canela altamente alcoólico, a minha bebida favorita. Três shots e um rum depois, estava na hora de descansar que no dia seguinte havia mais Poker.
Daí até ao fim da estadia, só Poker... Estive a acompanhar João Barbosa no seu 2º cash consecutivo na European Poker Tour. Simplesmente fabuloso. Estive horas a ver o João jogar e devo dizer que é simplesmente gracioso vê-lo movimentar-se na mesa...
Chegávamos a Domingo, decorria a Final Table do EPT, e estava na altura de voltar para casa.
Estando agora na privacidade do meu lar e recordar todos estes belos momentos, faz-nos acreditar que o Poker Nacional ainda é uma criança. Mas uma criança que está a crescer a um ritmo alucinante. De certeza que, nos próximos torneios internacionais, vamos ter mais motivos de orgulho.
Espero que tenham gostado de ler, tanto quanto eu gostei de escrever e reviver estes momentos.
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