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'O ponto positivo de se perder $10 milhões é que tens $10 milhões para perder' - Gus Hansen

Aproveitando a realização das World Series of Poker, e a presença de quase todos os grandes nomes do poker em Las Vegas, a PokerNews tem realizado alguns Google Hangouts com jogadores. Um desses Hangouts foi com Gus Hansen, que falou de vários temas interessantes.

Logo à partida foi pedido a Gus Hansen que falasse dos rumores de estar falido. Gus Hansen tem um registo muito negativo na Full Tilt, sala que o patrocina, com o seu saldo neste momento a ser negativo em mais de $18 milhões.

Apesar disso Gus Hansen é sempre um dos jogadores mais activos nas mesas, e muitas pessoas se questionam como é que ele consegue aguentar tamanho rombo. Os que estão mais dentro do mundo do poker, sabem que Hansen vai fazendo pequenas fortunas em jogos privados, tanto de poker como de especialmente gamão, e que por diversas vezes deixou de ir jogar o Dia 2 de torneios, por ter uma suculenta mesa de gamão para disputar.

Assim sendo eis a resposta de Hansen sobre a sua suposta bancarrota:

Não é segredo para ninguém que ultimamente tenho perdido muito dinheiro. As pessoas podem seguir os resultados e tudo o resto. O ponto positivo de se perder $10 milhões online, é que tens $10 milhões para perder. Essa é a parte positiva. Estou bem, continuo no jogo, mas obviamente levei um grande rombo. Tento manter-me relaxado, e estou bem. Ainda estou aqui para as curvas.

Outra pergunta foi se Hansen admitia algum dia desistir de jogar poker:

Eu sou um gambler, um jogador, como quiseres chamar. Fui toda a minha vida, sempre gostei da natureza competitiva, quer seja do poker, do gamão e do desporto em geral, por isso não me vejo a algum dia desistir. Vejo-me a jogar menos do que jogo agora. A passar menos tempo a viajar pelo mundo para participar nos torneios. Mas na maior parte das vezes sou muito conservador sobre onde vou jogar. Gosto de ir à Austrália todos os anos, gosto de vir a Las Vegas, jogo sempre a Grand Final no Mónaco que é onde vivo. Não sou como o Daniel Negreanu que joga 217 eventos por ano, ou algo assim. Nesse sentido não jogo assim muitos eventos, mas gosto do jogo, vou sempre continuar a jogar poker.

O que mudou mais nos torneios de poker dos últimos anos para Gus Hansen?

O que mudou mais? As pessoas ficaram muito, muito melhores. É espantoso ver o desenvolvimento. Gosto sempre de fazer analogias com o desporto, e por exemplo se pegares no Bjorn Borg (tenista), um grande jogador da sua Era, se vires o seu físico comparado com o do Nadal, são dois mundos diferentes. São ambos grandes tenistas nas suas eras, mas o jogo é diferente.

Não quero tirar nenhum mérito aos grandes nomes do passado como o Doyle Brunson e o Chip Reese. O Doyle ainda compete nos maiores cash games, ainda joga nos maiores torneios, mas é um jogo diferente. Acho que alguém como o Doyle Brunson, que joga há décadas e décadas, é muito melhor jogador em 2014 que o que era em 1985. Se em 1985 ele tivesse o mesmo conhecimento que tem agora em 2014, ele dominaria toda a gente. E hoje em dia tens muitos jogadores que dominam a matemática, são bons a escolher os melhores spots, têm bons conhecimentos sobre os adversários na mesa, e que tomam decisões bem ponderadas. É um jogo duro.

Um dos temas da actualidade é o da personalidade ou falta dela de alguns jogadores nas mesas. Jogadores que se centram unicamente no seu jogo, e passam horas sem dizer uma única palavra aos adversários nas mesas ao vivo. Jogadores que actuam como verdadeiras máquinas que seguem à risca um pensamento, e que raramente tomam uma decisão baseada no instinto:

Vou responder em dois pontos. Primeiro, tenho saudades dos fields onde eu era de longe o melhor jogador. Tenho mesmo muitas saudades desses tempos.

Hoje existem muitos bons jogadores. Dito isto, acho que o que queres perguntar é "porque é que estes super génios jovens, não sabem estar numa mesa". Alguns destes jogadores deviam ter aulas de cortesia ou algo assim, para aprenderem a interagir. Não é assim tão difícil.

Um dos meus comediantes favoritos, o australiano Jim Jeffries, costuma dizer: "Tenta não ser um idiota". Acho que alguns deles podiam aprender um pouco sobre como interagir. E com o tempo isso vai também ajudar a desenvolver mais personalidade. Têm de fazer algo mais na mesa, além de agirem como robots.

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