PokerPT.com

Jogadores/

A maior emoção na carreira de Doyle Brunson? 'Quando o meu filho ganhou a sua bracelete WSOP'

Doyle Brunson deu-se a conhecer um pouco mais esta semana, ao responder a perguntas de membros de um fórum internacional. Entre muitas outras perguntas, quando lhe questionaram sobre a sua maior emoção no poker, Doyle não teve dúvidas: Quando o meu filho ganhou a sua bracelete WSOP.

Um homem com 10 braceletes em casa, e que faz parte dos pioneiros das World Series of Poker, Doyle disse ainda que aprecia o efeito que a vitória de Chris Moneymaker teve no poker, mas que tem saudades dos tempos em que todos se conheciam nas World Series.

Eis algumas das respostas de Doyle Texas Dolly Brunson, aos usuários do pokeratlas:

Tens saudades dos anos 70, e de jogar contra os grandes jogadores daquela era, como o Johnny Moss?

Sinto falta da camaradagem de conhecer toda a gente nas salas. Todos os meus amigos desapareceram. O Johnny Moss foi o melhor jogador de no-limit hold'em player contra quem alguma vez joguei. Os tempos eram outros, mas ele era espantoso. O Phil Ivey é provavelmente o melhor entre os jogadores mais novos. O Chip Reese era o jogador mais completo que defrontei. O Stu Ungar era o melhor na vitória, mas era terrível quando perdia.

Qual a coisa mais divertida que já viste alguém apostar numa mesa?

A coisa mais divertida que já vi, foi quando um gajo começou a urinar no dealer. Antigamente, quando a máfia andava por aí, eles podiam fazer o que queriam. Ele era da máfia.

A tua esposa alguma vez mandou vir contigo, por passares muito tempo a jogar poker?

Não, estamos casados há 52 anos, e ela nunca me ligou para uma sala de poker a queixar-se, a não ser em emergências. E também disse aos filhos para não me incomodarem. Por isso é que continuamos casados passados 52 anos.

Qual a tua sala favorita e porquê?

A sala do Bellagio, porque é onde normalmente se disputam os maiores níveis, e o staff de poker é muito bom. Antes do Bellagio, jogava no Dunes, que é onde está agora o Bellagio.

Se tivesses de recomeçar e com a possibilidade de escolher entre ser um jogador profissional de golfe e um profissional de poker, qual escolherias e porquê?

Seria jogador de golfe, porque não consigo imaginar uma vida melhor que essa.

Quem te ensinou a jogar poker e que idade tinhas?

Na verdade ninguém me ensinou, aprendi sozinho observando os jogadores que supostamente eram melhores que eu. Ficava a vê-los e depois copiava o que eles faziam. Fiz isso até me tornar profissional, com 23 anos.

Tu jogas mesmo com xtx2, ou fazes fold como dizem os livros? (n.d.r. xtx2 foi a mão com que Doyle Brunson ganhou o Main Event das WSOP em 1976 e novamente em 1977)

Quase sempre faço fold. Às vezes e só pelo gozo, jogo com essas cartas e sempre que o faço mostro as cartas no fim.

Quando jogas cash games, tens 100% da tua acção, ou tens algum investidor? A mesma pergunta sobre os eventos WSOP dos últimos 10 anos.

Nunca tive investidores. Uso sempre o meu dinheiro.

És mais feliz agora ou antes do efeito Moneymaker?

Estou feliz pelo poker, porque tornou-se muito maior. Mas pessoalmente gostava mais de antigamente, porque era mais pequeno e todos se conheciam. É mais divertido quando conheces as pessoas.

Se não jogasses poker, o que achas que terias seguido?

Se não jogasse poker, teria sido um professor do secundário. Foi esse o curso que tirei.

Deixando o poker de lado, gostava de saber como é que tu e a tua esposa relaxam. Filmes favoritos, comida. Outros passatempos?

Joguei todo o golfe que consegui até a minha perna piorar. A minha esposa e eu vemos muitos filmes em DVD, a maior parte westerns. Sou um grande fã do John Wayne. O meu filme favorito dele é o Rio Vermelho (Red River).

Achas que jogar ao vivo faz com que um jogador seja melhor e mais rápido? Ou vice versa?

Acho que o jogar ao vivo faz de ti um jogador melhor e mais rápido. São fields completamente diferentes. Há pessoas que conseguem jogar online melhor que eu, mas não conheço ninguém que jogue melhor que eu, os jogos que quero jogar, ao vivo.

Os teus filhos cresceram a jogar poker?

Nunca falamos de jogo em minha casa. Nunca disse à minha esposa se tinha ganho ou perdido, porque ela não o conseguiria suportar, e ela ainda não sabe. O meu filho tornou-se jogador profissional de poker, mas eu não lhe ensinei. Aprendeu na faculdade, regressou a casa e disse-me que queria ser jogador profissional, por isso levei-o a uns jogos. De imediato vi que ele tinha capacidades inatas de jogador de poker. Não o encorajei mas também não o desencorajei. Quando a Pam começou a jogar, foi muito bom ver o quão bem se saiu, e dei-lhe algumas dicas mas na verdade não consegues dar dicas às pessoas sobre como jogar poker. É algo dentro de ti que te diz o que fazer. Nunca soube o que ia fazer, até o fazer. O Todd tem isso e é óbvio que a Pam também, uma vez que a sua percentagem de ganhos foi fenomenal.

Tens alguma superstição?

Tenho algumas superstições, que na verdade nem acredito, mas adiro a elas porque não custa nada concretizá-las, como não passar por baixo de uma escada, etc.

Qual a tua maior emoção no poker?

Quando o meu filho ganhou a sua bracelete WSOP. (n.d.r. Todd Brunson ganhou a sua única bracelete World Series em 2005, num evento de $2,500 Omaha Hi-Low)

Como é que sabes que é a altura de sair de um jogo?

Saio quando acho que o jogo está a ficar mau. Não tem nada a ver com o estar a perder ou a ganhar. Por exemplo, se o tipo com o dinheiro todo perde e desiste, e os restantes jogadores são muito duros. Nunca deixo que o facto de estar a ganhar ou a perder seja determinante para sair ou continuar num jogo.

Qual a maior sessão que já jogaste?

5 dias e 5 noites, sem mais nada além de café. Nem sequer me lembro se estava a ganhar ou a perder. Foi em Fort Worth quando tinha 25 anos. A marca de um verdadeiro jogador é a forma como joga quando está cansado. Acho que essa era a força do Chip, e penso que também é a minha.

Jogas mais alguma coisa além de poker?

Costumava jogar bridge. Era na verdade um bom jogador de bridge. Joguei contra o Oswald Jacoby - ele foi um dos melhores de sempre, e derrotei-o. Não jogo nenhum jogo de casino. Há muitas armadilhas em Vegas. A
minha fraqueza são as apostas desportivas. O meu desporto favorito para apostar é o que estiver a acontecer naquele preciso momento. Os playoffs da NBA que se estão a jogar agora, são os meus preferidos.

Sabemos que foste assaltado com arma de fogo. Como e de que forma aconteceu?

Fui roubado com arma de fogo 5 vezes. 3 vezes no Texas, uma na West Virginia, e uma em Las Vegas em que assaltaram a minha casa há 12 anos. Dois tipos armados seguiram-me até casa, pois sabiam que eu tinha ganho um torneio. Atirei-lhes as chaves do carro, eles disseram "Vamos para dentro". O meu plano era fingir um ataque cardíaco para chamar uma ambulância. Eles abriram a porta. O alarme estava ligado e eu dei-lhes o código errado. Quando o alarme disparou, um dos tipos deu-me com a pistola na cabeça. Esses tipos eram profissionais, não entraram em pânico. Não tinha dinheiro em casa, apenas uns $4,000 ou $5,000 no bolso, que eles levaram. Tinha acabado de ganhar o torneio de Razz nas World Series, onde recebi $90,000. Esta e outras histórias estão na minha autobiografia - "The Godfather of Poker".

Qual foi o maior pote que já ganhaste?

700 e tal mil. E isto há uns 30 anos.

O que pensas fazer até às World Series?

Jogo poker todos os dias no Bellagio. Jogo e tento chegar a casa às 20:30h ou 23h, se começar ao meio-dia.

Alguma vez jogaste sem ver as cartas?

Sim já o fiz, mas acho que isso está um pouco sobrevalorizado. Hoje os jogadores são muito agressivos e por isso não o podes fazer, mas antigamente podias fazê-lo.

Quanto tempo passas a jogar poker?

Jogo poker 300 dias por ano, nos últimos 60 anos.

Achas que o poker é um jogo de sorte?

Não. O poker é um jogo de perícia. A longo termo, o melhor jogador vai ganhar. Nunca tive um ano perdedor em 60 anos.

Acompanha o nosso Twitter e Facebook para ficares a par das novidades do poker nacional e internacional.