'O Governo não gosta do jogo, a não ser que seja a casa' - Artigo de jornalista norte-americano
O jornalista John Stossel, ex-pivot do canal ABC News e que agora tem um programa no Fox Business Channel, escreveu um artigo a criticar a hipocrisia dos políticos norte-americanos no que diz respeito ao jogo.
O artigo com o nome Jogo e o Governo: o Tio Sam leva tudo, foi publicado no site Reason.com, aproveitando a loucura que as finais da NCAA (liga universitária de basquetebol) provocam entre os norte-americanos.
Jogo e o Governo: o Tio Sam leva tudo
Deste os teus palpites para a March Madness deste ano? Em muitos estados, se fazes uma aposta, isso é ilegal.
O site da NCAA avisa, "os fãs devem apreciar, dar os seus palpites apenas pela diversão que é, não pelo dinheiro que podem ganhar".
Não me lixem. Os americanos apostaram mais dinheiro na March Madness deste ano que na Super Bowl.
Os políticos não se conseguem decidir quanto ao joo: eles aprovam certos casinos e promovem lotarias estatais mas perseguem as apostas desportivas e alguns eventos solidários de poker. Parece que o governo não gosta do jogo, a não ser que seja a casa.
Após encerrarem casas de apostas por terem actividades "perigosas e criminosas", a maior parte dos estados oferece agora odds muito piores nas lotarias estatais. Depois pegam no dinheiro dos contribuintes para fazerem publicidade aos seus esquemas.
Alguns estados até fazem publicidade que goza com o árduo trabalho, promovendo os benefícios de um jackpot improvável. As pessoas pobres, ficam mais pobres, porque são as que mais bilhetes da lotaria compram. Depois os políticos gabam-se do dinheiro da lotaria que ajuda os pobres. É uma hipocrisia nojenta.
Os políticos atribuem licenças de casino a empresários com ligações políticas, que fazem a maior parte da sua fortuna em slot machines com odds miseráveis. Mas quando sites "não aprovados" ofereceram poker online, com odds muito melhores, o governo federal perseguiu os operadores por "lavagem de dinheiro" e encerrou os sites.
Recentemente, três estados repararam que as pessoas gostam tanto do jogo online que milhões de dólares saem da América para sites estrangeiros. Por isso New Jersey, Delaware e o Nevada imploraram aos políticos para permitirem a legalização do jogo online e avançaram com isso. Agora outros estados também o podem fazer.
Um grupo chamado Coligação para parar o jogo online quer impedir a legalização. Avisam eles: "o jogo estará disponível em cada casa, cada quarto, cada dormitório, cada telemóvel, tablet, e computador!" É de realçar que estas campanhas são financiadas pelo magnata dos casinos Sheldon Adelson. É óbvio que ele não quer que vocês deixem de jogar. O que ele quer é que só o façam nos casinos, que por acaso são dele.
O governo, de forma igualmente hipócrita, convida as pessoas a comprarem bilhetes da lotaria enquanto ao mesmo tempo encerra os concorrentes de jogo, e avisa-nos do perigo que o jogo pode ser. E sim, o jogo faz mal a algumas pessoas. Algumas destroem as suas vidas e gastam todas as suas poupanças a jogar. Quantos? Isso não é claro. Alguns críticos do jogo dizem que talvez 2%.
Mas Patrick Basham do CATO Institute afirma que o jogo é mais um sintoma que uma causa. "É muito complicado distinguir todas as coisas que correm mal na vida de determinada pessoa", talvez esteja deprimida ou tenha outros problemas psicológios, diz Basham. "As pessoas que se envolvem nestes problemas tendem a ter dificuldades".
Eu adoro jogar. Mas no meu programa televisivo ataquei o Basham por dizer que o jogo é "saudável". Divertido, talvez, mas disse-lhe que não penso ser saudável.
"Está enganado," respondeu ele. "É bom para a nossa saúde emocional... saúde física... Proporciona interacção social, que acarreta inúmeros benefícios psicológicos. As pessoas mais velhas que jogam, têm menos problemas com álcool, e menos depressões que os idosos que não jogam."
Não posso confirmar as estatísticas. Podem ler o livro dele e julgar por vós próprios - Gambling: A Healthy Bet.
O que eu sei, e detesto, é que com o jogo, e muitas outras actividades, o governo diz-nos que sabe o que é melhor, e depois proíbe as coisas. As proibições levam as pessoas a apostar com criminosos. Os políticos transformam pequenos problemas em grandes problemas.
Desejo que os políticos reparem que as suas leis únicas jamais podem ser ajustadas para as distintas formas como 300 milhões de americanos reagem a um assunto complexo como é o jogo. A forma como as pessoas jogam muda, assim como muda o que bebem ou o desporto que praticam. A maior parte das pessoas é cuidadosa, alguns não têm escrúpulos. Mas não respondemos proibindo as bebidas e o desporto.
A mente de cada um, hábitos e tolerâncias ao risco variam. Faz pouco sentido que o governo se intrometa e diga às pessoas quanto dinheiro podem arriscar, e onde podem fazê-lo.
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