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Visão do repórter Ricardo “Cacopt” Pinto sobre o Betfair Poker Open Estoril 2008

Vou começar aqui uma nova categoria de notícias que se vai centrar na visão dos torneios em que faço reportagem mas visto do lado da mesa de reportagem. Desta vez vou falar do Betfair Poker Open Estoril 2008, o torneio que se realizou no Casino do Estoril no passado fim de semana.

Quinta-feira foi o dia em que grande parte da nossa equipa reentrou ao serviço, como foi o meu caso, e as férias já pareciam algo bem distante. Assim saímos do Algarve em direcção ao Estoril com altas expectativas. Foi bom chegar ao casino e reencontrar tantas caras conhecidas e colocar a conversa em dia. Era dia de Super satélite, um torneio fácil de cobrir e leve. Com uma estrutura mais turbo, como é normal em satélites, não há facilidades em ver stacks ou chip leaders. Estes vão e vêm num ápice. A dureza do dia estava mesmo reservada para a nova versão 5.0 do Pokerpt.com que nos estava a dificultar a vida. Depois de 2 dias agarrados ao PC a arranjar pequenos defeitos, estava na hora de colocar o software em testes e muita coisa falhou. Falhou? Vamos arranjar... O que havia de bom naquela zona era a internet. Uma boa ligação que permitiu a todos os presentes trabalhar, subir fotos e vídeos com grande facilidade.

Lá conseguimos realizar uma cobertura decente do satélite, colocamos as notícias no ar e estava na hora de dar um saltinho ao Tamariz. Copos e mais copos, boa disposição e animação. No meio de tantos homens, as hospedeiras BPPT eram um luxo e foram um pouco assediadas mas sempre com uma conversa de nível “acima da cintura”. Ainda deu para rir, para beber, para conversar e acho que todos levamos uma boa recordação daquela noite. Uns mais que outros pois há alguns que não se lembram de metade.

Sexta começavam as hostilidades mas ainda tínhamos um site a funcionar a 40%... Apesar de a acção começar às 19.30, por volta das 16h tínhamos a equipa toda reunida para, junto com o programador, colocar tudo a funcionar. E aos poucos as funcionalidades foram aparecendo... Entretanto tivemos a o prazer de receber na nossa mesa dois repórteres da vizinha Espanha que iriam cobrir o evento. Para mim é motivo de orgulho que os espanhóis comecem a ver Portugal como um mercado de Poker, que venham cá jogar e que os Media coloquem o nosso país no roteiro internacional. São pequenos passos como este que fazem o Mundo do Poker girar.

Oito da noite e já tínhamos um eliminado. Já era a doer. Mas tudo corria sobre carris. Começou a horas, a internet estava estável, o site já dava para trabalhar (a 75%), o torneio estava esgotado, o serviço de bar era rápido e bom, o ar que se respirava era saudável e estava tudo bem. Começávamos com a hand by hand da Annette, algo que consome recursos em termos logísticos. Preciso sempre de duas pessoas para isto. Uma para ver as mãos e outra para escrever. Acho que funciona bem, é bom saber como ela joga e dá para saber como a mesa se adapta ao jogo dela. Ou não!

Por esta altura recebíamos informações de que não poderíamos fazer vídeos na área de jogo, por restrições legais, e não podíamos fazer fotos dos jogadores e mesas juntos. Ou seja, caras tudo bem, fichas tudo bem, as duas juntas, nem pensar... Limitava a acção, não era tão divertido fazer este trabalho e, seguramente, quem estava em casa não achou grande piada mas tínhamos de aceitar. Pior mesmo era a música que rolava na Du Art Lounge. Os Lucky Duckies e mais uma banda secundária actuavam durante a realização do torneio. Algo completamente impróprio, inacreditável, algo que nunca tinha visto nas centenas de torneios onde já estive. E num volume tal que havia jogadores a bater palmas (com um ar perfeitamente irónico) como quem diz “Desta não estava à espera. Fui surpreendido, mas pela negativa...”. Enfim...

O dia terminava com mais de 130 ainda em jogo, ainda havia muito trabalho pela frente e, apesar de muitos ainda terem ido até ao Tamariz, Sábado era um dia longo para a Equipa de reportagem e decidi ir descansar.

Sábado foi atipicamente rápido. Deviam estar todos com pressa de ir para o Tamariz. Começou às 15.30 e à 1 da manhã estava despachado, com intervalo de jantar pelo meio e tudo. Estranho... Visto da mesa de reportagem, o dia foi intenso, cheio de informação, muita mão relatada, a Annette era eliminada e terminava o hand by hand, subíamos centenas de fotos à galeria, nem deu para jantar com calma. Mas tínhamos uma novidade que alguns devem ter reparado. Não houve posts na reportagem com um vilan ou um jogdor desconhecido... Pois... Isso é o reflexo do trabalho de uma equipa que conseguiu identificar, durante o dia de Sábado e Domingo, todos os jogadores em prova. Inédito...

Só actualização das stacks de 2 em 2 horas consumia os intervalos e a Equipa não parava. Se não fossem os preguinhos do bar, metade teria desfalecido! Neste dia ainda deu para fazer umas entrevistas, fora da área de jogo e foi com grande orgulho que ouvi as palavras de Juan “Vietcong01” Maceiras. Este senhor que já ganhou todos os torneios da PokerStars disse que este torneio era perfeito em todos os aspectos. Em palavras dele, “nota diez!”. Fiquei contente mas fiquei ainda mais orgulhoso do que fazemos quando descobri que esta opinião era geral entre todos os estrangeiros que participaram.

Com alguma alegria/tristeza, o Paulo “Tripeiro” Hora foi o bubble. Alegria por o voltar a ver depois de uns tempos afastado das mesas de Poker e tristeza por ver o regresso terminar na bubble. It’s Poker... Mas sempre ao som dos Lucky Duckies...

Final do dia, toca a contar stacks, fazer uma listinha, colocar online, fazer a notícia, etc... O momento alto do final do dia foi quando o Chinoca me chama, com a ficha de um jogador na mão, e disse para eu ler. Nome Fulano, Apelido Tal e coisa, Mesa 2, Lugar 3 (estou a inventar), Chipcount “4 fichas verdes”! Risota geral e deu para descomprimir.

Era altura de fechar o tasco mas os meus níveis de cansaço não permitiam ir ao Tamariz. Assim estive com a equipa Pokerpt.com, dealers e alguns jogadores a beber um copo mesmo ali no bar do casino.

Domingo e back in business. Ainda ouvimos uns boatos sobre a noite de Sábado no Tamariz mas decidimos ignorar e ir trabalhar... Andavam umas mini apostas no ar sobre as horas em que o dia iria terminar mas acho que ninguém acertou pois todos apontavam para as 23h da noite e acabou muito depois. Tudo por culpa da extraordinária estrutura do torneio. Cansativa para nós e todo o staff mas aposto que os jogadores adoram cada minuto nas mesas.

Ainda deu tempo para uma cobertura superficial do Torneio de Encerramento que acabou por ir parar às mãos de Pike, um jogador conhecido pois é da equipa de Lostlucky e Wade e costuma ir a todos os EPTs.

A mesa final do Main Event até foi fácil de cobrir e acho que quem estava em casa sentiu o que se passava. Acredito que com vídeos tudo seria mais “vivo” mas com as armas que tínhamos, deu para fazer uma boa reportagem. Quanto ao vencedor, acho que um dos mais fortes candidatos devido aos dois dias anteriores. Não foi uma enorme surpresa ver o Luís Nunes a vencer pois era algo que passava pela cabeça de quase todos.

Saldo final, acho que todos se divertiram, houve momentos para rir, houve momentos mais sérios em que tive de tomar decisões duras para que os membros em casa pudessem saber tudo o que se passava na Du Arte Lounge. O espaço do Casino é fabuloso, excelentes condições para trabalhar, o staff do Casino sempre incansável (excepto um segurança mais casmurro que julga ter o controlo das operações. Por estar de fato e ter um auricular no ouvido, estava em modo ”I’m in control” mas nem um copo de água consegue pedir sem autorização...), Betfair Lounge, mesmo muito lounge e foi um torneio perto da perfeição...

Para terminar quero apenas saudar toda a Equipa pois sem eles nada disto era possível.

Podem comparar esta reportagem com qualquer uma que fiz sozinho num EPT. Esta é o creme de la creme enquanto que as minhas são apenas amostras do potencial que se pode extrair de um torneio de Poker.

E a todos os jogadores com quem convivi, sem comentários. Acho que todos temos um fim-de-semana para lembrar mais tarde.