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Daniel Negreanu explica porque se revoltou no High Roller do EPT Barcelona

Era de esperar que o Team PokerStars Pro, explicasse de forma mais demorada, porque foi all-in no escuro durante o high roller, como resposta a uma decisão da direcção do torneio contra si. O Kid Poker aproveitou a tarde para escrever um artigo que aqui, podes ler na íntegra.

Estava eu divertido nos primeiros níveis do €10k High Roller do EPT Barcelona, apesar de já ter desfeito meia stack, com umas saudáveis 22.000 fichas no nível 100-200-ante 25. Levantei-me da minha cadeira para esticar as pernas, atirei a minha ante e small blind e aguardava a próxima mão. Como fui eu próprio a colocar as fichas, obviamente estava mesmo atrás da minha cadeira. Um amigo na mesa ao lado cumprimentou-me, por isso virei-me para ele para devolver o cumprimento. Afastei-me, no máximo 12 polegadas (30 cm) para a esquerda, ainda bem dentro da distância de um braço da mesa. Estava, naquele momento, bem consciente da regra e sabia que era importante não me afastar da mesa ou a minha mão poderia ser considerada morta. Quando voltei a minha atenção para a mesa o dealer recolheu as minhas cartas. Eu, primeiro, educadamente expliquei que estava mesmo ao lado direito da minha cadeira e que a minha mão estaria viva. O dealer argumentou que não. A regra é clara:

32. No seu lugar - Um jogador tem que estar no seu lugar quando o dealer dá a primeira carta à mesa para que a sua mão esteja viva. Os dealers têm instruções para fazer muck às mãos dos jogadores que não estejam nos seus lugares quando é dada a carta final ao Botão, ou em jogos de Stud é dada a carta final da third street. Os jogadores têm que estar nos seus lugares para pedirem tempo. "Nos seus lugares" é definido pela área à distância de um braço da cadeira. Em caso de dúvida a decisão do Floor é final.

Ora, isto parece-me auto-explicativo, mas fui eu quem colocou a minha ante logo é claro que estava à distância de um braço da cadeira! O dealer declarou que eu estava mais afastado do que eu disse, mais uns 30 cm. Mas mesmo que estivesse onde ele disse que eu estava, a minha mão continuaria viva pois eu continuaria à distância de um braço da minha cadeira.

O director de torneio não foi claro na aplicação da regra e na sua formulação, referindo algo como "temos instruções para avaliar estas situações na perspectiva de se o jogador estava atento à acção da mesa ou não". Eu soube imediatamente que tal não era verdade. O director perguntou à dealer se eu estava perto e ela disse que não. No entanto não foi perguntado se eu estava "à distância de um braço da cadeira".

Eu estava no lugar 1 e a olhar para trás quando as cartas foram dadas. Houve zero risco de eu ter visto a mão de qualquer adversário e, apesar disso, eu não estava a quebrar qualquer regra. No final o floor foi com a posição da dealer, apesar do facto de ela não perceber o que a regra indica.

Foi a partir daqui que perdi um pouco a cabeça e reagi furioso. Decidi que não queria estar ali mais tempo, por isso coloquei-me all-in sem ver as cartas no botão e recebi call da SB. Ele tinha x7x7 e eu até tinha um decente hah3. Perdi o pote e investi sobre a porta de saída. Agora, a minha reacção foi tonta e eu percebo isso. Permiti que a ira me consumisse e me fizesse tomar uma decisão ridícula. Consigo viver com isso, mas sem dizer que lidei da forma mais correcta com a situação. A mão que foi morta é irrelevante, era xkxt off suit, o que interessava era o meu ponto de vista.

Não é segredo que eu, e uma VASTA maioria de jogadores não gostamos da regra da primeira carta, mas esta foi a primeira vez que a sua implementação me fez dano. A minha ira é menos relacionada com a situação do que com a realização que os jogadores, hoje em dia, estão sem poder. Estou comprometido em alterar isso e a certificar-me que os jogadores são ouvidos antes de alterarem as regras do jogo.

Eu compreendo que alguma organização e mudança sejam necessárias para que os jogos cresçam. Algumas das coisas com que a malta se safava nos anos 70 e 80 têm que ser limpas, mas existe o perigo de ir longe demais e penso que falhamos em permitir que os directores de torneios e os dealers possam usar o bom senso para certas situações, com o foco na decisão mais amigável, justa e com bom senso para o jogador. Todas as situações de dúvida têm que cair para o jogador, desde que não comprometa a integridade do jogo.

Aqui temos uma situação em que o jogador e o dealer discutem sobre a semântica. Discutem essencialmente sobre distâncias de 30 cm. Novamente, como já mencionei acima, mesmo que ela estivesse certa de onde eu estava, a decisão continua incorrecta, mas para a actual questão vamos assumir que interessa. Em situações destas é importante que todos os envolvidos dêm o benefício da dúvida ao jogador. Isto é apenas boa política e bom negócio. Até no baseball, um jogo de polegadas, o empate é em favor do corredor! (n.d.r. podemos comparar com a regra do fora-de-jogo no futebol, em caso de dúvida beneficia-se o ataque)

Estou agora no meu quarto a escrever isto e a arrefecer. O meu plano é de reentrar no torneio e fazer uma deep run. Já falei com o director de torneio, um homem simpático, sobre a situação e não há qualquer azedume. Ele fez um erro, mas a informação que recebeu do dealer não ajudou.

Fim de desabafo!

Daniel Negreanu voltou mesmo a inscrever-se no High Roller, e passou ao Dia 2 com 50.400 fichas.

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