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1 ano de mercado regulado espanhol - o que dizem os media espanhóis

Fez ontem, 5 de Junho, um ano que entrou em vigor o mercado de jogo online espanhol. Um mercado fechado nas suas fronteiras que obrigou à criação de salas com domínio .es, e que levou muitos profissionais de poker a abandonarem o país. Muitos deles passaram a fronteira e vieram para Portugal.

Nesta data salta à vista a necessidade do governo espanhol abrir as suas fronteiras de jogo online a outros mercados, sob o risco de sufocar e estrangular o mercado interno, incapaz de sobreviver de forma saudável, quer pela oferta mais escassa, quer pelas elevadas taxas cobradas. E isto é reconhecido tanto pelos governantes (de Itália, França, Espanha e até Portugal), como pelos próprios orgãos que coordenam todo o sector do jogo online. O último exemplo é o relatório anual da Arjel (autoridade francesa de jogo online) que alerta para a necessidade de o governo gaulês abrir as fronteiras do poker online.

Este é um dos factores desde cedo apontado pelos próprios jogadores, e que tem eco nos principais sites espanhóis especializados no poker.

No Poker10.com, Antonio Kaveson Carrasco faz um longo resumo sobre o ano de mercado regulado. Relembrando todo o processo que começou desde logo com alguns problemas. Como a migração de contas que algumas salas fizeram à rebelia das indicações governamentais.

Quando o mercado regulado entrou em vigor sobravam ainda muitas dúvidas sobre a tributação e respectiva forma de calcular.

Nós os jogadores, não aceitamos de bom grado o novo marco legal do jogo em Espanha, e os protestos estenderam-se de forma massiva pelas redes sociais. Tivemos dois trending topics (#FindelPoker y #TributacionJustaYa). Além disso apareceram iniciativas muito interessantes, como a Associação de Usuários de Jogo Online (AUJO), uma plataforma independente, cujos fins são a defesa dos interesses e direitos dos jogadores.

Com a dúvida a pairar sobre um possível patrocínio da PokerStars a Rafael Nadal, que se veio a concretizar, as salas tentavam captar o máximo de jogadores com "prémios garantidos exorbitantes".

Kaveson destaca que enquanto nos torneios as mesas rapidamente encheram, já no cash a adesão foi mais lenta, e apenas "a PokerStars e em menor medida, a 888poker.es, conseguiram reunir um número suficiente de jogadores para assegurar multitable de nível. A indefinição fiscal e a subida generalizada do rake pelas salas, levou à emigração da maior parte dos jogadores profissionais, para poderem desenvolver a sua carreira pokerística."

Jairo Moreno do site poker-red coincide com Kaveson, nos motivos que levaram à emigração de muitos profissionais:

Além da questão crítica da liquidez, que impede encontrar um volume de mesas interessante a partir de determinado nível, o assunto da tributação dos ganhos coloca a Espanha numa situação pouco atractiva para os jogadores em relação a outros países, onde estão isentos.

Sobre o governo, Moreno não tem papas na língua:

Sem dúvida, se alguém tem motivos para estar razoavelmente satisfeito depois de um ano de mercado regulado, e dois desde a entrada em vigor da lei de jogo, é o governo de Espanha.

Além do bonito discurso sobre a protecção dos menores, das pessoas com problemas de adição e dos consumidores em geral, ninguém duvida que esta lei foi feita com um objectivo evidente: recolher impostos de uma actividade comercial que até então lhes tinha esquivado

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O problema para eles é que de certeza os seus cálculos anteviam maiores receitas. Além disso, quando fizerem as previsões para o próximo ano, com as actuais condições de mercado, de certeza que os valores vão voltar a cair. E aí terão de pensar que há que fazer algo, como pensam os franceses e os italianos.

Numa fase de alguma indefinição, após a saída de Enrique Alejo da direcção da DGOJ (direcção geral de ordenação do jogo), os dois concordam que o futuro terá de passar por uma abertura de portas, que beneficiará não só os jogadores, mas o próprio governo.

Kaveson termina a sua análise dizendo:

Cumprimos um ano de poker regulado em Espanha, se bem que na minha opinião, não é algo que mereça celebração… Oxalá o 2º ano seja melhor. Oxalá o novo director da DGOJ queira aproximar-se de outros modelos melhores que o "latino", como o inglês ou o dinamarquês.

Moreno termina dizendo que a bola está do lado da DGOJ, que tem nas suas mãos a bola para "que as coisas tenham um aspecto algo melhor dentro de 365 dias."

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