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Entrevista a Andy Bloch ex-accionista da Full Tilt

Se ontem apresentamos a primeira parte da entrevista de Howard Lederer à PokerNews, hoje temos mais uma entrevista feita em redor do mesmo assunto - a Full Tilt Poker. Agora é Andy Bloch, ex-accionista da sala que abre a boca.

A entrevista foi feita pelo site DiamondFlushPoker e a seguir podem lê-la na totalidade:

DF: Andy, obrigado por teres concordado com esta entrevista. Sei que a comunidade ainda tem muitas perguntas por responder. Foste um dos donos da FTP desde o seu início, certo?
 
AB: Sócio da Tiltware, sim.
 
DF: Tiveste funções de representação da empresa, seja como manager ou lugar na direcção antes da Black Friday?
 
AB: Não, nunca.
 
DF: Ok, mas como dono/sócio tinhas uma ideia de como as coisas funcionavam na empresa. Não me refiro ao aspecto operacional mas sim ao clima no mundo do poker em geral.
 
AB: Sim, suponho que sim.
 
DF: Sempre consideraste que a operação da FTP nos EUA não era ilegal?
 
AB: Do que via, sim... do que ouvi depois do que fizeram... Quer dizer, nunca soube.
 
DF: Ouvi dizer que desde a instauração do UIGEA que os donos discutiam frequentemente que caso houvesse alguma repercursão do governo que a FTP estava disposta a lutar porque todos acreditavam na empresa. Confirmas?
 
AB: Alguns sempre quiseram lutar e outros, provavelmente com outra percepção das consequências, que sempre quiseram sair dos EUA, bem antes da Black Friday. Penso que se se soubesse a real dimensão das consequências, mesmo sem pensar na possibilidade da Black Friday, que se teria decidido "Hey, é tempo de sair dos EUA.". Penso que esta decisão teria sido tomada se se tivesse tido acesso à informação total. Imagino que desde Junho de 2010 até ao final desse ano que, não totalmente mas, estado a estado, vendo a legislação e a sua evolução, baseados no que o DOJ ia fazendo nas diferentes jurisdições, se poderia ter saído do mercado. Mas acho que se as pessoas estivessem conscientes do impacto negativo na companhia, definitivamente se teria saído.
 
DF: Pensas que a maioria dos donos, sem mencionar nomes, não estava consciente das apreensões feitas?
 
AB: Penso que as pessoas sabiam das apreensões, algumas delas até foram notícia, mas nunca na dimensão de poder prejudicar a habilidade da empresa em recuperar.
 
DF: Então, durante os anos que antecederam a BF, houve apreensões feitas pelo DOJ de dinheiro que circulava entre a FTP e os seus clientes nos Estados-Unidos. Sabias da existência destas apreensões?
 
Tudo isto é público, não só no mundo do poker como também nos media mais generalistas. Quer dizer, não estou a afirmar mas a perguntar, não houve qualquer discussão sobre estas grandes perdas, como a Account Services (Rennick) e a Intabill (Daniel Tzvetkoff)? A da Intabill, sozinha, foi mais de $40 milhões...
 
AB: Bem, nunca houve uma conversa com todos, podem ter existido conversas do Ray com indivíduos sobre diferentes coisas, sem nunca dar a real e total dimensão do que se estava a passar.
 
DF: Bem, mesmo concentrando-nos nos casos de Rennick e Tzvetkoff, ambos chegaram aos grandes media. Estás a dizer que ninguém perguntou ou que as respostas que receberam não eram verdadeiras? Sem falar dos outros, dás-nos a tua visão?
 
AB: Certo, não posso falar pelos outros mas antes de mais, nós nunca tivemos muita intervenção na operação da empresa e estou certo que qualquer informação que o Ray fornecia a outros não era a totalidade da informação.
 
DF: Mas apenas estes são quase $100 milhões.
 
AB: Mas não eram todos da Full Tilt, certo?
 
DF: Bem, sim, mas a Intabill/Daniel T foi qualquer coisa entre $42 - $44 milhões que apreenderam à Full Tilt.
 
AB: Nunca soube os números exactos.
 
DF: Ok, Account Services (Rennick) foram provavelmente outros $30 milhões que podemos somar mas acho que percebes o panorama geral.
 
AB: Sabes melhor os números do que eu.
 
DF: Muitas dessas apreensões foram notícia, por isso suponho que não seja possível mentir sobre a sua existência. Ninguém perguntou? Ou então achas que alguém acreditava que $100 milhões não faziam assim tanta diferença na empresa? Que não interessava? Sem falar pelos outros, se eu te disser que mais de $100 milhões desapareceram em 2009, entrando em 2010 pensas que seria o suficiente para motivar mudanças na empresa?
 
AB: Primeiramente acho que ninguém, para além do Ray e talvez o CFO, sabia os montantes totais, o custo para a companhia e se a mesma tinha superavit. Quer dizer, as pessoas perguntavam ao Ray mas ele provavelmente não dava a informação total.
 
DF: Tentaste, pessoalmente, descobrir alguma coisa, perguntaste alguma coisa?
 
AB: Provavelmente fiz algumas perguntas, sobre as apreensões e devo ter recebido uma resposta que não eram completamente verdade, mas não fiz nenhuma pergunta específica e nunca nada me fez pensar que o balanço dos jogadores não estivesse 100% coberto.
 
DF: Antes da BF, a FTP compensou no balanço dos jogadores as apreensões feitas. Com o decorrer do tempo, alguns blogs e fóruns reportavam problemas com levantamentos e que as apreensões estavam a fazer moça. Estavas consciente disto?
 
AB: Aprofundadamente, não. Se recebesse alguma chamada ou e-mail a perguntar por isso, apenas reenviava para o Howard, para o Ray ou alguém. Quer dizer, mesmo com essa actividade nos fóruns, ninguém sabia bem a real extensão do problema, pelo menos eu não. Eu não sabia mesmo o que se estava a passar.
 
DF: Dizes o mesmo sobre a situação dos e-checks?
 
AB: Sim. Não estava a ler o 2+2 nessa altura mas após o BF, quando alguém me apontou para os tópicos sobre as pessoas que ainda usavam e-checks, fiquei surpreendido. Se soubesse disso quando se passou, teria ficado mesmo lixado e teria pedido respostas.
 
DF: Ok, tendo em conta as apreensões e alguns indicam que foram frequentes, poderia ter-se pensado que o DOJ estava a preparar-se para "atacar" a FTP? Para além das apreensões em 2010, o vosso maior processador de pagamentos, Daniel Tzevetkoff foi preso nos EUA e, embora não houvesse muitos detalhes sobre a sua detenção, ficou claro que ele saiu sob fiança. Só saber isso não podia ser bom.
 
AB: Na altura, não sabia bem o que achar disso ou como iria afectar a Full Tilt ou a PokerStars ou se havia alguma possibilidade de isso levar a caso maior contra a indústria.
 
DG: Sabes se o SDNY (South District of New York) estava em contacto com alguém da FTP no ano anterior à BF para tentar algum acordo? Por exemplo a saída do mercado americano?
 
AB: Não.
 
DF: Então em 2010 não estavas consciente de qualquer investigação ou discussão que possa ter havido entre a FTP e o SDNY?
 
AB: Não, nada.
 
DF: Hoje, como é óbvio, sabes que essas conversas aconteceram, certo?
 
AB: Sim.
 
DF: Onde estavas e o que soubeste quando se deu a Black Friday?
 
AB: Estava em Coachella! Algumas chamadas de telefone aconteceram, mas não sabia o que fazer ou com quem falar durante quase uma semana, antes de ouvir algo oficial. Já tinha planeado ir a Amesterdão no final de Abril e, uma vez lá, decidi ir a Dublin e ver o que podia fazer, dar algum apoio e até saber o que se passava por mim.
 
DF: Foi aí que descobriste a situação financeira da empresa?
 
AB: Sim, recebi alguma informação quando estava a embarcar para Amesterdão. Foi a primeira vez que me apercebi da seriedade da situação financeira.
 
DF: Foi o Ray que te ligou e contou, houve alguma hierarquia de chamadas entre os membros ou foi uma chamada para todos?
 
AB: Eventualmente houve uma grande chamada para todos, mas isso foi mais tarde. Recebi uma mensagem do Howard quando ia para Amesterdão para que ficasse livre para receber chamadas, para feedback, votações ou qualquer coisa. Recebi toda a informação enquanto o avião levantava.
 
DF: E foi aí que aprendeste que não havia dinheiro nos cofres?
 
AB: Sim, e eles estavam em conversações com um grupo para tentar vender a empresa ou para conseguir investidores para vender partes da empresa. Havia relatórios contrários. Tínhamos acordo, depois não tínhamos, depois tínhamos, depois não tínhamos outra vez...
 
DF: Isto foi no final de Abril de 2011?
 
AB: Sim, no final de Abril e cheguei a Dublin a 30 de Abril.
 
DF: E foi-te dado livre acesso à contabilidade?
 
AB: Livre acesso, não sei. Vi a mesma informação que estava a ser partilhada com os possíveis compradores/investidores. O cenário era negro, nessa altura.
 
DF: Estiveste envolvido nesses negócios, com potenciais investidores?
 
AB: Com alguns, sim. Algumas das discussões já tinham terminado quando aterrei em Dublin. Isto foi entre Abril e Maio. Acho que estive em Dublin por duas semanas. Acho que foi útil ter mais um membro por lá. Acho que foi útil ter alguém que não pertencia à direcção a ver o que se passava e até para conversar com os investidores.
 
DF: Estiveste nas conversas com a AGCC?
 
AB: Não, não estive.
 
DF: Então, para ficar claro, neste ponto já sabias que a empresa não tinha virtualmente dinheiro. No final de Maio já nada existia, certo?
 
AB: Bem, não estava vazio. Havia algum dinheiro, havia vários milhões que estavam "pausados" e não congelados pelo DOJ.
 
DF: Mas estás a falar do "congelamento voluntário" das contas em bancos estrangeiros?
 
AB: Sim. Acho que o total era de $60 milhões, algum do qual foi liberto rapidamente e algum que demorou meses. Havia esse dinheiro e algumas discussões, talvez por e-mail, sobre não haver dinheiro porque não estavam a contar com ele. Noutras palavras, "não temos dinheiro mas estão aqui $20 milhões, se os conseguirmos descongelar".
 
DF: Sim, compreendo. Estás a falar de contas na Irlanda, Suíça e Luxemburgo que foram congeladas pelos próprios bancos, caso o DOJ os quisesse investigar, certo? Mas algumas destas contas foram logo descongeladas. O DOJ cooperou com os bancos para a libertação dos fundos, certo?
 
AB: Sim, nalguns casos o DOJ esteve envolvido, noutros resolvemos o assunto sozinhos.
 
DF: Mas mais de metade desses fundos foram disponibilizados cedo, provavelmente em Maio, correcto?
 
AB: Sim.
 
DF: E corrige-me se estou enganado, esse dinheiro foi utilizado em despesas indispensáveis para o funcionamento da empresa, sejam salários ou custos operacionais, como servidores ou semelhantes? Ou foi disponibilizado para que os jogadores levantassem o seu dinheiro?
 
AB: Penso que foi uma combinação. Acho que se os $60 milhões tivessem ficado logo todos disponíveis que mais teria sido utilizado para pagar aos jogadores. Julgo que se mais desse dinheiro tivesse ficado disponível que a FTP o teria usado para pagar aos jogadores americanos, pelo menos em parte, numa pequena estrutura de pagamento.
 
DF: Discutiu-se isso entre os membros? Houve conversas sobre ir pagando aos jogadores pouco a pouco?
 
AB: Sim, houve sempre discussões sobre como e quando se iria começar a pagar aos jogadores americanos. Antes do processo de Phil Ivey havia, aparentemente, um plano para começar a pagar aos jogadores. Descobri isto mais tarde. Pelo menos havia uma proposta em cima da mesa mas que nunca chegou a ser implementado porque após o processo de Ivey houve um pico de levantamentos dos jogadores do resto do mundo que esgotou o dinheiro disponível. Por isso, havia um plano de pagamento que usava todos os fundos disponíveis para começar a pagar às pessoas. Não sei exactamente o procedimento que seria utilizado, mas acho que se iria começar pelas contas mais pequenas, mas depois dos efeitos do processo, mais de $10 milhões em levantamentos, esse plano foi abandonado. Se todo o dinheiro tivesse ficado disponível e não existisse o processo de Ivey, então seria provável que $10-$20 milhões teriam ido para os jogadores americanos, talvez pagando todas as contas até $500. Não é certo o procedimento porque nunca chegamos tão longe, mas desde o início que a conversa esteve em pagar aos jogadores e em como o fazer.
 
DF: E isto seria feito com uma injecção de dinheiro, um empréstimo ou até com dinheiro dos investidores?

AB: Mesmo sem isso, eles falavam de um plano para começar a pagar aos jogadores.

DF: Existiu algum plano para nova injecção de capital por parte dos membros da Full Tilt Poker?

AB: Sim, também se falou disso. O maior problema no momento era o facto de alguns dos membros não possuírem no momento dinheiro para uma injecção de capital por variadíssimas razões. Algumas pessoas tinham dinheiro investido no mercado imobiliário e alguns tinham mesmo perdido dinheiro nessa área de investimento. Infelizmente, nem toda a gente é como o Chris Ferguson que não gasta muito dinheiro. Se todos fossem assim, a injecção de capital no valor de $100 milhões tinha acontecido e os problemas deixavam de existir.

DF: Bem, concordo com a estagnação da economia nos anos que antecederam o Black Friday. Muitas pessoas perderam dinheiro em imobiliário ou noutros investimentos. No entanto, aqui estamos a falar de $10 milhões mensais que saíam da empresa para os seus donos. Certamente que a 1 de Maio, as distribuições mensais do dia 1 de Abril ainda não tinham desaparecido completamente ou mesmo a dos 3 a 5 meses anteriors. Esse valor tinha feito uma grande diferença no pagamento aos jogadores.

AB: Certo, tivemos muitas discussões sobre o assunto. Muita gente estava disposta a fazer penhoras para garantir os pagamentos. Outros resistiam e outros não tinham o dinheiro e a situação ficou complicada porque existiam algumas pessoas que não podiam de forma nenhuma pagar porque não tinham dinheiro enquanto outras não tinham vontade de pagar. Era muito difícil alguém enviar efectivamente um cheque para nós.

DF: Sobre as pessoas que queriam pagar, estas não o fizeram porque os outros se recusaram a pagar?

AB: Em parte, sim. Outra razão foi a falta de garantia que o dinheiro investido por essas pessoas não ia ser desperdiçado. Nós tentamos que as pessoas que deviam dinheiro à empresa o devolvessem. De todos eles, penso que a única pessoa que o fez foi o Howard. 

DF: Penso que outra pessoa também o fez, embora não fosse um grande valor.

AB: Sim, talvez outros tenham pago mas por exemplo o Phil Ivey disse que enviou parte da sua conta mas esse dinheiro nunca chegou à FTP.

DF: Só para ficar registado, tu não eras uma das pessoas que devia dinheiro à empresa no Black Friday, certo?

AB: Não, eu não devia dinheiro à empresa.

DF: Então as pessoas nessa lista, pelo menos os sócios que estavam incluídos nessa lista de pessoas que deviam dinheiro à FTP, foram contactados para para pagar a dívida e não o fizeram, certo?

AB: Sim, foi pedido a toda a gente, sócios ou não, que pagassem o dinheiro que estava em dívida. Tivemos problemas com isso. A influência/importância das pessoas é obviamente um grande problema e outras simplesmente não tinham dinheiro disponível. Outras pensaram que se nunca pagassem e a empresa se afundasse nunca teriam de pagar. Parece-me que alguns se safaram com essa.

DF: Voltando um pouco atrás, à possível injecção de capital, mencionaste que alguns sócios não tinham dinheiro para enviar e outros simplesmente não queriam contribuir. Podes falar mais disto?

AB: Alguns disseram “Eu não quero mandar dinheiro com o Ray ainda como CEO” ou “Eu não quero enviar dinheiro na situação actual da empresa”. Penso que existiam justificações para alguns deles. Penso que mesmo que as coisas tivessem acontecido de maneira diferente, alguns encontrariam desculpas para não enviar o dinheiro e infelizmente penso que existiam demasiadas razões para as pessoas não enviarem o dinheiro. Se todos pudessem enviar a mesma percentagem de dinheiro teria sido mais fácil. Nada seria injusto desta forma, mas infelizmente não era possível. Como é que incentivavas pessoas a dar o dinheiro quando outras não o dão? Tivemos imensas discussões sobre isto.

DF: Bem, o incentivo seria salvar a empresa.

AB: Sim, o incentivo de salvar a empresa era grande mas o risco também era enorme. Como é que mandas dinheiro se pessoas com dívidas muito maiores que a tua não pagam?

DF: Bem, teriam de fazer uma diluição das acções da empresa, certo?

AB: Sim, discutimos este tema. Também discutimos se a entrada de dinheiro poderia ser vista como um empréstimo de alguma forma, mas tanto empréstimos como acções podiam acabar a valer zero se a empresa não sobrevivesse. Algumas discussões com investidores tinham funcionado como uma oportunidade para que alguns dos membros também investissem. Mesmo assim, era difícil que levar as pessoas a comprometerem-se com algum valor. Tentamos colocar como valor alvo investimentos de $10-$20 milhões mas nunca chegamos a saber se esses números seriam reais, pois tal nunca aconteceu. Para algumas pessoas este valor resultaria de liquidação de bens pessoas ou investimentos imobiliários. Para outras esta opção nem se aplicava pois estavam muito mal de dinheiro e não possuiam bens para liquidar.

DF: Uma das condições de alguns investidores era ter acesso ao dinheiro hipotecado ou bens por parte dos sócios, certo?

AB: Certo, mas era impossível aceder ao dinheiro ou bens penhorados naquele momento.

DF: E relativamente aos investidores, os empréstimos que iam fazer ou o dinheiro da compra de acções seria usado para pagar aos jogadores, certo?

AB: Sim, provavelmente 75% do dinheiro seria destinado ao pagamento imediato dos jogadores sendo que o restante seria para pagar as facturas pendentes de maior valor.

DF: Bem já que tocaste do assunto, o processo do Phil Ivey foi no início de Junho. Segundo sei, nesse mesmo mês, a maioria dos sócios tentou demitir a Direcção da Empresa e substituir Ray Bittar como CEO, certo?

AB: Sim.

DF: E tu foste um dos sócios que aceitou assumir uma posição na direcção depois desta transição ocorrer?

AB: Sim, relutantemente depois de ter sido induzido em erro.

DF: Foste induzido em erro?

AB: Sim.

DF: Podes explicar?

AB: Bem, em primeiro lugar eu não estava presente nas reuniões em que decidiram que este era o rumo a tomar. Não fui convidado. Posteriormente recebi uma chamada após a segunda reunião, a questionar se eu aceitava ou não a posição nos quadros da direcção da empresa, decisão que estava praticamente tomada uma vez que eles tinham votos para a tornar efectiva. Penso que foi provavelmente uma má decisão alinhar nisto. Penso que a ideia de nos livrarmos do Ray tinha sido boa se tivessemos encontrado um bom substituto para o seu lugar e isso significava um substituto para todas as suas funções como licenças, CEO da Pocket Kings, etc, e não apenas como membro dos quadro da Tiltware. Para o substituir precisavamos de encontrar alguém que soubesse tudo sobre a empresa. Alguém que tivesse uma boa relação com os funcionários e que estivesse disposto a colocar a sua vida em pausa a 100% para se dedicar full tilme nos meses seguintes até que tudo ficasse resolvido. Não sabíamos no momento se o processo iria durar três semanas ou seis meses a ser resolvido. 

DF: A informação que eu tenho é que iria ser formada nova direcção e nomeado um CEO interino até estar encontrado um novo CEO exterior à empresa que ajudaria a nova direcção a resolver a situação. Certo?

AB: Sim, mas não existia um plano real sobre como fazer isso. Existiu sempre o plano, desde o início, que assim que a empresa fosse vendida ou quando se desse a entrada de investidores, o Ray deixaria a posição de CEO. Esta nunca foi uma questão. Novos investidores teriam obviamente escolhido o seu CEO.

DF: Portanto, mesmo que fosse um pequeno investidor, uma pessoa ou uma entidade que não fosse comprar a totalidade da empresa, poderia escolher um CEO?

AB: Sim, o Ray teria na mesma que lidar com as queixas apresentadas contra ele pessoalmente. Ele iria deixar a sua posição, nós iríamos encontrar um novo CEO e as coisas seriam mais fáceis na altura. Teria sido difícil encontrar um CEO novo tendo em conta a posição da empresa na altura se não existisse um um investidor, uma vez que tal acção custaria muito dinheiro , dinheiro esse que nós não tinhamos. Passaram-se tantas coisas que não esperavamos, como o processo do Ivey e a acumulação de cashouts pendentes, que a coisa mais importante a fazer era injectar capital. Esse seria o primeiro passo de um novo CEO. A transição para uma nova direcção e um novo CEO deveria ter sido a primeira coisa a ser feita. A empresa precisava de dinheiro para começar a pagar aos jogadores americanos. Se tivesse aparecido um investidor que exigisse a mudança de direcção ou a saída de Ray, tal teria acontecido rapidamente. O próprio Ray teria desistido da sua posição. Mas nenhum investidor insistiu que isso acontecesse antes de um acordo.

DF: Essa transição nunca aconteceu, certo? Eu ouvi dizer que apesar de existir uma maioria de mais de 50%, tu mudaste o teu voto no dia antes da transição. Portanto, na altura, tu pensavas que manter a direcção e o Ray como CEO era a melhor ideia para a fase de negociações?

AB: O Phil Gordon foi para Dublin, eu fui e o Phil Ivey apareceu dois dias mais tarde para fazer parte desta nova direcção. O Phil Gordon regressou a Vegas para um evento pessoas qualquer, Ivey estava em Dublin mas com uma postura desinteressada, aparecendo só ao final da tarde. E estavamos num período crucial, os investidores estavam em Dublin e não estavamos a fazer boa figura. Nessa altura, eu já não me sentia confortável em aceitar fazer parte da direcção e ninguém quis substituir-me também. Para além disso não me sentia confortável com os restantes membros da direcção, nem com os Phill’s, bem talvez o Gordon, mas ele estava com demasiada vontade de se confrontar.  A nossa maior preocupação deveria ser encontrar dinheiro e eu tenho as minhas dúvidas que essa fosse fosse o foco principal do Phil Gordon. Eu não sei, mas penso que o Phil Gordon estava lá para obter provas contra o Ray ou algo assim. Eu não sei bem. Eu não sentia que tinha de ser o DOJ pois o DOJ iria recolher todas as provas que precisava. O mais importante para mim era angariar dinheiro para pagar aos jogadores. Por isso sim, eu mudei de ideias e pensei que o melhor seria adiar um pouco essa transição. Um par de investidores estava próximo de ter sucesso nas negociações.

DF: Foi nesta mesma altura que o investidor apresentado pelo Phil Ivey entrou em cena, certo?

AB: Sim, creio que foi quando ele esteve em Dublin.

DF: Acreditas que a ida sem resultado dos investidores dele a Dublin estão na origem do processo que ele lançou como muitos acreditam?

AB: O processo do Ivey não faz nenhum sentido. Eu não sei. Talvez ele tivesse algum acordo especial ou algo do género com eles, mas ele não tem qualquer base legal para o processo e o comunicado de imprensa dele dizendo que esta acção era em prol dos jogadores, foi uma “tanga” completa. O processo não referia nada disso. O timing do mesmo parecia mais uma tentativa de ferir a empresa e prejudicar os acordos que estavam a ser negociados pressionando a direcção a falar com os investidores dele. Quer dizer, eu não sei. Talvez o Ivey estivesse apenas chateado por não estar a levar a melhor. É um pouco ridículo que um sócio que deve milhões de dólares à empresa processe a mesma e tente terminar o seu contrato. Nada disto faz sentido.

DF: Eu ouvi dizer que ele tentou que a empresa lhe emprestasse dinheiro mesmo antes do Black Friday. Muitos milhões, certo?

AB: Eu não sei o que ele fez e o que ele tentou fazer. Eu penso que ele tentou mas acabou por pedir emprestado a outras pessoas ou outras entidades.

DF: Ok, então ele não só devia milhões à empresa como tentou conseguir mais uns quantos milhões mesmo antes do Black Friday, certo?

AB: Sim.

DF: Então durante o mês de Junho, entre o processo e o fim o mesmo, o Ivey alguma vez aceitou pagar as suas dívidas?

AB: Sim, ele sempre admitiu que devia dinheiro. Ele disse-nos que tinha alguém que lhe devia dinheiro e que ia enviar $500.000 mas esse dinheiro, que eu saiba, nunca chegou. Talvez essa pessoa lhe tenha dito que o dinheiro foi enviado, mas o dinheiro nunca chegou. Sobre o restante valor que devia, ele disse que não o tinha no momento.

DF: Então a transição para a direcção nunca chegou a acontecer?

AB: Sim. Um dos problemas é que todas as licenças estavam em nome do Ray e quem assumisse o lugar teria de pedir novamente as mesmas; mais uns quantos acontecimentos legais que também tinham de ocorrer. A maioria dos passos que se tinham de dar eram legais e este demoram tempo e custam dinheiro; para além disso ninguém ter o nome na licença.

DF: Referes-te ao nome na licença da AGCC?

AB: AGCC e outras. Nós não sabíamos o que é que iria acontecer se retirassemos o nome do Ray destas licenças. Nós não sabemos se a AGCC suspenderia a licença caso o nome do Ray já não estivesse lá, mas as razões que deram para a suspensão não estavam apenas relacionadas com o Ray, mas sim com o facto da empresa não ter dinheiro e ter usado o dinheiro para outros fins.

DF: Então tu fizeste parte das nefociações com investidores que começaram logo depois do Black Friday. Tu estavas em Dublin. Chegaste a ver os registos dos movimentos bancários e os cheques sem cobertura?

AB: Vi algumas cópias.

DF: Sabias que essas impressões incluiam o equivalente ao dinheiro apreendido na altura e que não haveria forma de o recuperar nos anos seguintes?
 
AB: Não, eu nunca vi nenhum breakdown, apenas impressões que mostravam a nossa posição após a BF. E ainda não tenho resposta para como puderam essas apreensões serem feitas antes da Black Friday. Não sei se a AGCC não sabia das apreensões ou se não quis saber. Os documentos que eu vi, suponho que criados pelo pessoal das finanças, foram os mesmos documentos dados aos potenciais investidores. Não havia nada em lado nenhum sobre um número tão grande. No final, os únicos números que tive conhecimento foram os dos saldos das contas de toda a gente. 
 
DF: Certo, e isso foram apenas cerca de $9-10M
 
AB: Sim. 
 
DF: Ok, se falaste com investidores sabes que estavam a pedir apenas $100-150M em Maio e Junho, certo?
 
AB: Sim.
 
DF: E nessa altura, o dinheiro que tinha sido "descongelado" já tinha sido parcialmente gasto, seja com  jogadores ou com despesas?
 
AB: Sim, sobravam pelo menos $20M que estavamos a tentar libertar em Junho. 
 
DF: Mas já que isso aconteceu depois da tua ida a Dublin e teres vistos os livros, sabias que a empresa devia mais de $350M só para cobrir as contas dos jogadores e apenas estavas a tentar conseguir $100-$150M dos investidores, que seriam usados para pagar aos jogadores norte-americanos, e mesmo que conseguisses os $20M que estavamos a falar, explica-me como poderias justificar ao resto do mundo manteres-te aberto, a receber depósitos e a jogar no site, sabendo que não conseguirias pagar os saldos dos jogadores, mesmo com dinheiro dos investidores?
 
AB: Acho que dependeria mais do que eles achassem que os reguladores iriam exigir. E eles acharam que seria suficiente satisfazer a AGCC. Temporariamente.
 
DF: Foi-te dito que seria suficiente para a AGCC? 
 
AB: É provável que não tenha sido exactamente assim, mas basicamente sim. No início, acho que eles pensaram que tinham que ter $300M. Depois, perceberam que a AGCC os deixaria operar com metade, pelo menos temporariamente. Mas isto foi antes do fim de Junho. E talvez a AGCC tenha dito isso até terem feito nova auditoria. 
 
DF: Portanto, deste a BF até 29 de Junho, o site esteve aberto para todo o mundo e os jogadores estavam a tentar levantar o dinheiro, mas não tanto como podiam. Ainda havia depósitos a serem feitos e caiam dois milhões de dólares por semana. O dinheiro gerado era supostamente pata fortalecer os cofres e pagar aos jogadores americanos? Ouisso era suposto acontecer com os "lucros" gerados pela ROW nesses meses?
AB: Claro que teria sido melhor ter conseguido os $300M necessários para cobrir todas as contas imediatamente. Mas $100-150M teria sido o suficiente para pagar aos jogadores americanos e o excesso delevantamentos do resto do mundo. Mas tens razão, acho que a empresa devia ter tido os 100%. Se vires outros exemplos, a indústria da banca, e eu sei que a Full Til não era um banco, nunca têm 100% do dinheiro disponível.
 
DF: Certo. Também há a FDIC que segura os depósitos de dinheiro, o que nos ajuda. Se o banco falhar, eu não perco o meu dinheiro, assumindo que estou dentros dos limites de depósito de cada conta. Não vou perder o meu dinheiro. 
 
AB: Sim, mas os negócios têm mais riscos do que dinheiro disponível. Olha para o Harrah's ou o Ceaser's, por exemplo. Devem muito mais do que o dinheiro que têm disponível. 
 
DF: Ok, mas sendo uma empresa pública os números são conhecidos e a qualquer altura há um mecanismo em acção para todas as fichas que estão a ser usadas no Caesers.
 
AB: Sim, mas também há dinheiro dos jogadores em depósito. Não sei quais são as regras do Nevada e se o Caesers tem ou não que ter esse dinheiro disponível.Há muitas questões acerca disso. Contudo, se a companhia anuncia que o tem, devia te-lo. Especialmente com todas as incertezas legais nos Estados Unidos, a FTP devia ter protegido os jogadores americanos do Governo americano assim como todos os outros jogadores. 
 
DF: Uma forma de o fazer teria sido ter contas segregadas e protegidas, certo?
 
AB: Certo, mas é incerto porque não sabemos se o governo iria embargar essas contas também. Tecnicamente, qualquer dinheiro que eles apreendam é dos jogadores. teria sido impossível ter uma conta bancária para cada jogador.
 
DF: Mas tem que ter havido inúmeras contas para acomodar o processo. 
 
AB: Ainda não sabemos que contas poderiam ter sido embargadas mesmo que fossem dos jogadores.
 
DF: Sim, tens razão, mas a verdade é que o Governo não embargou nenhuma conta de jogadores na PokerStars, excepto as que estavam a ser processadas na altura. 
 
AB: Eles não tinham as informações bancárias da Stars. A PokerStars não era dirigida por nenhum americano. Não tinham que preencher a FBAR para informar onde parava o seu dinheiro, portanto o governo dos Estados Unidos nem sequer sabia onde estavam essas contas. A FTP preencheu todos esses relatórios e eles sabiam onde estavam as nossas contas. 
 
DF: Mas todas as contas estavam em trânsito pelos Estados Unidos, através dos processadores de pagamentos. A PokerStars teve os mesmos problemas. 
 
AB: Mas não a conta pessoal do Isai. Ele não teve que preencher o FBAR. 
 
DF: Mas essas contas pessoais não teriam sido congeladas em consequência da queixa civil e não conteriam fundos dos clientes. E o mesmo com as contas de Ray.
 
AB: Certo, mas o Ray tendo o controlo das contas da empresa teve que reportar tudo e o governo sabia onde estavam. 
 
DF: Mesmo assim, não há indícios que o DOJ iria apreender as contas de fora dos Estados Unidos, o que acaba por ser irrelevante porque a FTP não tinha dinheiro para pagar aos jogadores, de qualquer das formas. Voltemos ao assunto, o plano era deixar cair os jogadores do resto do mundo para poder continuar com os pagamentos e reconstruir a empresa?
 
AB: Sim, se fosse mais fácil obter $300M em vez de $100 teríamos feito isso. Mas esta foi a melhor solução que tínhamos na altura. 
 
DF: Então alguém na AGCC ou em nome na AGCC disse que metade do valor seria o suficiente para operar?
 
AB: Sim, em conversas com a AGCC, começamos por pensar que precisaríamos dos $300M, em Abril. Em Maio, depois destas conversas, ficou decidido que seria possível faze-lo com $150M.
 
DF: Mas tu não presenciaste essas conversas pessoalmente?
 
AB: Não. Ouvi algumas. E claro que seria mais confortável ter os $300M mas, contas feitas, era mais importante ter $150M do que não ter nada. 
 
DF: Bem, infelizmente, nem conseguimos os $150M.
 
AB: Pois, eles disseram que iriamos precisar de 40M, que seria o suficiente para  ajudar e que num mês poderiamos ter o resto dos 4150M.
 
DF: Quando dizes "eles", estás a referir-te ao BOD ou à AGCC?
 
AB: À Board. Disseram que precisavamos de pagar contas e os levantamentos até conseguirmos mais dinheiro. E talvez isso já incluisse $10-20M para começar a pagar aos jogadores americanos também. E este empréstimo poderia durar cerca de um mês até completarmos um negócio maior. 
 
DF: Infelizmente, isso também não aconteceu. Nessa altura a licença foi suspensa. 
 
AB: Havia um novo plano para a transição, no fim de Junho, o Transition 2.0. Iria haver um novo conselho de administração, com pessoas diferentes embora com interesses comuns. E Lederer seria mais interveniente, em Dublin. Tinhamos esse acordo. 
 
DF: Mas isso era suposto acontecer após o acordo, certo?
 
AB: Não, seria antes do acordo. Por exemplo, o Pgil Gordon não queria estar envolvido se o Ray ainda lá estivesse, por isso estavamos a tentar fazer com que isso resultasse. E estavamos no fim de Junho, era suposto acontecer nas duas semanas seguintes. Aqui, a AGCC retirou a licença e não tornei a ouvir uma palavra sobre a transição. As pessoas que estavam a puxar por ela, desapareceram. Nessa altura, os argumentos para manter o Ray deixaram de existir. A empresa não precisava da licença. Quer dizer precisavamos para só a teríamos passados meses, portanto estava na altura de o substituir. Seria fácil naquela altura mas ningu+ém o queria fazer. 
 
DF: É um pouco diferente quando a empresa não está operacional, não é? Já não há rendimentos.
 
AB: Claro que é diferente, mas se as pessoas estavam dispostas a ocupar o conselho de direcção, nada devia ter mudado. Ficaram com medo e pensaram em desistir. 
 
DF: E o Ray teria saido nessa altura?
 
AB: Acho que não teria escolha. Depois disso, nunca recebi um email, um telefonema que dissesse que temos que nos livrar do Ray agora. As pessoas puseram as culpas para o facto de não se ter demitido o Ray antes mas depois desapareceram e não quiseram dirigir a empresa. Não sei o que lhes aconteceu. 
 
DF: Quando a licença ficou suspensa, diminuiram os potenciais investidores?
 
AB: Sim. Ainda havia algumas conversações mas nós queríamos ter a certeza que se abdicávamos de 100% da empresa, os jogadores teriam que ser totalmente pagos. A maior incerteza na altura prendia-se com a multa aos Estados Unidos. E foi mais ou menos o que impediu todos os negócios. Nós discutimos o assunto mas só tinhamos palpites. Eles começaram por pedir mil milhões de dólares. Sabíamos que era ridiculo, mas qual seria o número mágico? $300M? $100M? $50M? Nunca o soubemos ao certo e os investidores queriam saber. Ninguém queria comprar a empresa e negociar com o DOJ depois. Se o DOJ tivesse mais predisposto a negociar, teria sido mais fácil e eles teriam conseguido um acordo melhor. Era quase impossível fazer um negócio por causa dessa incerteza. 
 
DF: Eras a favor do negócio com o Grupo Bernard Tapie?
 
AB: Preferia esse negócio do que nenhum. E a grade questão era como iriam eles pagar aos jogadores do resto do mundo? Eu seria a favor se os jogadores tivessem sido considerados como "um todo". Mas a versão deles de "um todo" é igual à definição francesa de "garantia". O termo "como um todo" esteve sempre lá mas não podiamos imaginar o que eles queriam dizer com isso. Ninguém sabe o que teria acontecido se ele tivesse conseguido a empresa. 
 
DF: Não interessa, ele poderia ter fechado a empresa a qualquer altura.
 
AB: Sim, poderia fechar, vender, licenciar o softwate e provavelmente tinha planos para isso. 
 
DF: Deves ser a favor do negócio com a PokerStars, claro?
 
AB: Acho que a Stars vai beneficiar muito disto. Não ficaria supreendido se daqui a dois anos, a FTP sozinha valesse mais do que a PokerStars pagou. 
 
DF: No fim, o mais importante é que os jogadores serão pagos. Felizmente, enquanto tentava resolver o seu próprio processo civil, a PokerStars  encontrouuma forma disso acontecer e a comunidade ficará sempre grata. 
 
DF: Andy, se tivesses que o fazer novamente, o que mudarias?
 
AB: Seria mais envolvido teria a certeza que alguém iria controlar o que o Ray fazia, que estava a fazer o seu trabalho e não a tomar decisões ridiculamente arriscados que colocou tudo em jogo. Acho que o Howard diria a mesma coisa. Quando ele deixou Dublin em 2008... pensar-se-ia que o CFO seria a pessoa responsável pelos aspectos financeiros e que avisaria o conselho. Afinal era o seu trabalho. 
 
É por isso que se tem um CFO que não é o CEO. São sempre duas pessoas separadas, porque uma precisa de estar atenta às finanças. Aparentemente, isso não existiu. Se eu soubesse que viria a tomar estas proporções, diria para irmos todos 6 meses para Dublin. 
 
Se eu tivesse sonhado que algo assim poderia acontecer eu ter-me-ia voluntariado. As pessoas temiam que o ray estivesse a roubar a empresa de alguma forma e isto acabou por piorar as coisas, porque Ray não queria admitir o verdadeiro estado da empresa por saber destas animosidades. Mas as pessoas que colocavam isso em causa, eram as mesmas que questionavam porque é que os lucros não são maiores. No final de 2010/início de 2011 perguntavam-se " como posso eu confiar no Ray se os lucros distribuídos não aumentam?"
 
Se a distribuição estava correcta era de esperar que ao fim de três aumentasse. Porque não aumenta? Algo deve estar errado. Mas ninguém fez call ao seu bluff...se é que era um bluff. O Ray sempre disse que as portas estavam abertas, se quisessem ir ver os livros a Dublin, e verificar pessoalmente. Nunca ninguém o fez. 
 
DF: As tuas intenções, a nível pessoal, são continuar a ajogar poker?
 
AB: Sim. E estou a trabalhar noutras coisas não relacionadas com poker. Não joguei muito , para além das WSOP. 
 
DF: Sim, parabéns pela tua bracelete. 
 
AB: Obrigado.
 
DF: Muito obrigado pelo tempo dispendido e por teres respondido a tudo.
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