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Mike McDonald fala do seu afastamento em 2010

Em 2010 era um dos jovens jogadores que mais atenções concentrava, então e com apenas 20 anos Mike McDonald (conhecido por Timex) decidiu retirar-se do poker e voltar aos estudos. De volta ao poker Timex, fala do que o levou a deixar o poker e o que o fez regressar.

Estas respostas foram dadas em entrevista ao site do Global Poker Index:

Em 2010, eu sentei-me para escrever o meu post mensal ou bimensal no blog. Não tinha nada planeado, mas quando terminei, tinha-me retirado do poker. Estou feliz por ter tomado essa decisão. De certa forma, poderia tê-lo feito de forma mais privada, mas queria que os meus amigos e seguidores soubessem como me sentia, o que pensava.

Penso que na altura, foi a coisa certa a fazer. Hoje estava a falar com um amigo sobre isto; quando jogas poker, tens tanta liberdade e tão pouca orientação. Por um lado, eu já tomava as coisas por certas; por outro lado queria descobrir coisas novas. Queria explorar, voltar à escola. Quando entrei na Universidade a primeira vez, tinha 16 anos. Não tive a habitual experiência universitária. Queria voltar, para saber como era. Voltei e diverti-me muito. Fiz bons amigos… Saí-me bem nas aulas, mas uma coisa é ser melhor que outros míudos de 20 anos num teste de Gestão, outra coisa é estar entre os melhores do mundo em algo. Penso que como jogador de poker deixei de valorizar isso. Com o tempo que dediquei, penso que era um desperdício rejeitar o poker. É difícil ter tanta dedicação a algo e deixar-mos de estar envolvidos.

Não posso dizer que houve um momento Eureka. Eu sabia que ia a Vegas jogas as World Series of Poker (2011) e que ia ficar em casa do Andrew LuckyChewy Lichtenberger com 6 amigos, a falar de estratégia com pessoas com quem normalmente não falava. Penso que isso me despertou a fome de jogar. Nessa altura era complacente para com o meu jogo, e essas conversas fizeram com que passasse a pensar de forma mais crítica.

Não relacionado com o poker, tive um fim de semana em Agosto do ano passado em que eu e doze amigos fizemos uma road trip até Montreal para uma despedida de solteiro. Foi exactamente o que se espera de algo assim…. diversão com um monte de amigos. Durante esse fim de semana, apercebi-me que ao estar a estudar e tendo responsabilidades, a diversão e momentos destes tinham de ser planeados. No poker, podes ter um fim de semana assim todos os fins de semana. Claro que te podes cansar rapidamente, mas concluí que mesmo que o poker não te traga nada de substancial, tens poucas barreiras e obstáculos. Fez-me sentir falta dessa liberdade que o estilo de vida de um profissional de poker tem.

Sinto-me mais versátil, mais capaz de observar a minha situação do lado de fora e apreciar onde cheguei, valorizar mais as coisas. Existem tantas situações no poker em que estás junto de pessoas com vidas extraordinárias mas que não estão felizes. Na verdade, o estilo de vida de um profissional de poker pode ser tão bom ou tão mau como o fizeres. Desde que não te obrigues a jogar demasiadas horas seguidas, e que convivas com pessoas de que gostes. Estás a jogar um jogo como modo de vida, a viajar por todo o mundo e a escolher o teu horário. Pode ser muito bom se assim o quiseres.

Penso que muitas pessoas passam por uma fase onde se fecham a jogar demasiadas horas. O meu roommate que é dos Estados Unidos, foi para Malta jogar online um ano, e agora está aqui (McDonalds mora em Waterloo, na província de Ontario, Canadá). O facto de irmos ao ginásio todos os dias, beber uns copos com pessoas de outras actividades, o facto de fazermos outras coisas que não seja jogar durante 6 dias por semana, faz com que Waterloo seja um dos melhores locais em que ele já esteve. Concentrei-me de forma a não fazer do poker o centro de tudo. Tornei o poker no melhor que pode ser por agora, e penso que muitos jovens jogadores têem a tendência de fazer o que eu fiz há uns anos; é sexta à noite e vão ficar a jogar porque é mais produtivo. Podes sempre arranjar desculpas para te distanciares das outras pessoas quando estás a jogar. Quanto tinha 16 anos, não saía tanto, era mais introvertido que agora. Ainda sou introvertido, mas não como há 6-7 anos atrás. Aprendi que podes culpar o poker dos teus defeitos. A culpa não é do poker, apenas o facilita.

Definitivamente falhei na minha retirada. Tentei engulir o meu orgulho e não me levar muito a sério. Estava sentado em Outubro de 2011, a estudar e a rever os prós e contras de regressar ao poker, e o maior pró para continuar na Universidade era não admitir o falhanço. Não queria admitir perante toda a comunidade que tinha errado quando me retirei. Pensava ' Posso acabar a escola em dois anos e depois ninguém saberá que fiz asneira.' Passado um ano olho para trás, e é ridículo, mas tudo tinha a ver com o admitir o falhanço.

Em retrospectiva, estou muito feliz por não ter deixado isso impedir o meu regresso. Liguei ao meu pai, expliquei a minha decisão, liguei a alguns amigos como o Lichtenberger e o Tony Dunst…. Pensava que as pessoas iam criticar a minha decisão, mas toda a gente disse "é bom ter-te de volta, ou "já era tempo", todos me apoiaram. Ninguém podia dizer que tinha sido uma má decisão voltar aos estudos. Tem sido tudo positivo.

Penso que me fez apreciar mais o trabalho duro e não tomar tanto o meu sucesso por garantido. Sei que o meu jogo agora não é bom o suficiente, a visão de "se não está partido não vale a pena mexer" não serve. Penso que a maior parte do que faço está bem, mas olho para as coisas como se tivesse errado, e por isso estou constantemente a emendar as coisas. Penso que é uma visão positiva que realmente ajudou o meu jogo. Pode parecer uma contradição, mas teve um efeito positivo no meu jogo.

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