Galfond fala de empréstimos e dívidas
Aqueles que já estiveram num torneio ao vivo, já viram com certeza um jogador a pedir a outro para lhe adiantar dinheiro para pagar aquele buy-in, que ele mais tarde ou no dia seguinte, lhe pagará. É sobre casos como este que Phil Galfond escreveu o seu último post.
Lindgren, empréstimos e um pequeno conselho
Olá malta,
Espero que esteja tudo bem.
Apercebi-me recentemente do gigante tópico no 2+2 sobre Erick Lindgren. Não tenho muito a dizer sobre isto, porque não sei o suficiente para dar a minha opinião. Fiquei muito desapontado à medida que li os posts. O Erick sempre foi muito simpático, amigo e relaxado nas poucas interacções que tive com ele. Sempre gostei muito dele. Quanto a empréstimos, emprestei-lhe uma pequena quantia na FTP, que ele pagou rapidamente. Isto é o que "sei" sobre o assunto e Erick.
Também conheço e confio em algumas das pessoas que estão contra ele, como tal assumo que a maior parte das acusações são verdadeiras.
Não tenho mais nada a dizer especificamente sobre a situação, mas esta deu-me algumas ideias que quero partilhar convosco. Se algo do que digo abaixo parecer que estou a falar de Erick novamente, é apenas coincidência.
1) Conselho aos meus companheiros do jogo online
Vamos ser honestos: A geração online pode ser definida, em grande parte, por pessoas que caem na escala entre introvertido sem sabor até completamente inadaptado socialmente.
Somos inteligentes. Temos o desejo ou pelo menos a habilidade para jogar e estudar horas e horas em frente ao computador, sozinhos no nosso quarto (a maioria das pessoas não conseguem ligar com uma profissão/vida assim). Se nos tornamos profissionais antes de acabar os estudos, temos falta de experiência de vida. Os jogadores de 21 anos têm normalmente muito menos experiência de vida do que os restantes colegas, e muuuuito menos do que um jogador de 30-50 anos.
(Isto não se aplica a toda a comunidade de poker online, mas penso que isto será útil para alguns)
Quando vens a Vegas para as tuas primeiras WSOP, é intimidante. Muitos destes jogadores, mesmo os que nunca viste ou ouviste falar, parecem conhecer toda a gente (especialmente nos cash games médio-altos). Todos sabem como funcionam as coisas nas mesas, nos casinos, etc. Estás nervoso e irás cometer um erro qualquer, quer seja na mesa ou algum tipo de faux pas social (nunca tinha visto esta expressão escrita, tive que ir pesquisar).
O teu desconforto e o conforto absoluto de outros (bem como o aparente todos se conhecem entre si) dá-te a ilusão de reputações estabelecidas e pessoas de confiança. Claramente que se este tipo sabe muito e é amigável com todos, ele é um membro de confiança da comunidade, certo? (obviamente que não...)
Não me interpretem mal; há uma tonelada de malta super-simpática e íntegra no mundo do poker, mas também há muitos que irão dobrar as regras, mentir e roubar. Tem cuidado.
Por vezes aparece um tipo que parece muito simpático e cool, e que te faz sentir bemvindo num local onde te sentes um forasteiro. Normalmente, ele é o que parece - um tipo fixe. No entanto, a simpatia de um tipo em nada tem a ver com ser de confiança e ético. De facto, quase todas as pessoas mais obscuras que conheci são extremamente charmosas. Têm que ser de forma a enganar e retirar vantagem de pessoas como tu.
Se és uma pessoa desconfortável socialmente, e te sentes especialmente desconfortável na tua primeira experiência no poker ao vivo, tem em atenção que tu irás QUERER confiar nas pessoas que são simpáticas contigo e irás querer que eles gostem de ti também. Isto poderá levar a que estejas mais disponível do que pensas a emprestar dinheiro. Podes não querer "ficar mal" na fotografia quando alguém te pede dinheiro emprestado que tu claramente podes emprestar. Queres integrar-te.
Penso que muitas pessoas na nossa área têm dificuldade em admitir uma fraqueza destas. São extremamente espertas e têm muito orgulho, por isso é tão importante que acreditem que decidirão com acerto em todas as situações. Sê honesto contigo mesmo. Não és bom em tudo. Tens falhas e inseguranças que interferem com a tua capacidade de tomar decisões.
Há ocasiões em que emprestar dinheiro a alguém é uma boa decisão. Pode ser lucrativo para ti no imediato (se eles continuarem a jogar contra ti e mal), lucrativo para ti no futuro (quando eles devolverem o favor, se tiveres necessidade), ou pode ser algo simplesmente simpático de fazer.
Tens de ter cautela. Jovens jogadores com muito dinheiro e pouca experiência no panorama do poker ao vivo são os maiores alvos do mundo do poker.
Quase toda a gente que conheço já foi queimada pelo menos uma vez, eu incluído. Espero que possas aprender algo com isto, em vez de aprenderes da maneira mais difícil, vivendo uma experiência semelhante.
Quando estás a apostar com ou a emprestar dinheiro a alguém relativamente desconhecido, o melhor que tens a fazer é perguntar por aí informações sobre esse "alguém". A comunidade de poker é pequena. Deves conhecer alguém que conhece alguém que te pode dar alguma informação.
Se não tens conhecimentos suficientes para saber mais, pergunta-te: "Porque é que esta personalidade "estabelecida" veio ter COMIGO para um empréstimo?".
Habitualmente, ou o jogador já deve dinheiro a todos os que conhece ou todos os seus conhecidos já sabem que não devem emprestar-lhe dinheiro.
Quando comecei a jogar os limites mais altos, um daqueles pros que jogam na TV (de quem gosto genuinamente) conseguiu o meu contacto e pediu pequenos empréstimos de tempos a tempos. De uma forma mais lenta do que a prometida, ele pagou tudo, todas as vezes. Olhando para trás, deveria ter-me apercebido que seria mais normal ele pedir empréstimos ao seu enorme círculo de amigos de poker e não a um puto do online que ele não conhecia. Penso que ele pedia empréstimos a outros também e acredito que se tivesse tido menos sorte nas mesas, poderia facilmente nunca ver o meu dinheiro. É difícil de imaginar que um pro que estás habituado a ver na TV possa estar busto ou ser desonesto (não estou a falar de ninguém em específico), mas é uma possibilidade bem real.
Há uma mão cheia de pessoas no mundo do poker que partilharam comigo o seu estado financeiro numa dada altura ou outra e outros de quem ouvi relatos, em segunda mão, sobre as suas bancas. Todos, mesmo todos, tinham menos dinheiro do que o público geral poderia pensar. Nunca conheci ninguém que tivesse na realidade uma banca maior do que a se dava a entender. Tem isto em atenção.
Uma vez há uns anos, enquanto jogava um torneio WSOP, joguei com uma personalidade relativamente conhecida do mundo do poker ao vivo. Na altura, não sabia quem era, mas ele claramente conhecia toda a gente e estava muito confortável na mesa. Ele parecia jogar com muita confiança e bem. Demo-nos bem na mesa... ele tinha boa personalidade e era charmoso.
Encontrei-o nos corredores do Rio uma semana mais tarde. Ele disse que tinha descoberto mais sobre quem eu era... não me tinha apercebido que eu era assim tão importante. Ele conto
u-me que estava numa situação estranha (esqueci-me dos detalhes) e perguntou-me se o queria patrocinar para o resto das Series daquele ano. Na altura, considerei fortemente. Não tinha ninguém a quem perguntar informações sobre ele. Ele parecia ser muito conhecido e todos pareciam gostar dele, jogava bem, foi o que retirei de um dia de observação.Acabei por rejeitar, mas nem deveria ter considerado. Se ele era bom, honesto, com tantos amigos, porque haveria ele ter que pedir ajuda a mim? Certamente que muitos dos seus amigos estariam na disposição para o ajudar, certo? Tinha que haver uma razão.
Interagi com esta personalidade muitas vezes desde então e ele sempre foi simpático e cool de falar com. Dito isto, acredito agora que se tivesse aceite ajudá-lo na altura, ter-me-ia metido num mau negócio e/ou arriscava não ser pago.
Tal como te perguntas porque é que alguém jogou a mão assim antes da decisão no river, tens também que te questionar porque é que alguém te está a pedir ou oferecer algo.
Isto aplica-se não só a empréstimos mas também a negócios: quer seja relacionado com patrocínio, oportunidade de investimento ou outro negócio. Há muitos negócios que beneficiam ambas as partes, mas tem em mente que todos estarão primeiramente preocupados com os seus próprios interesses. Se não conheces o "parceiro" o suficiente para confiares completamente e não sabes bem todos os detalhes do negócio, nem o seu valor, deves proceder com extremo cuidado (se tanto).
Não quero assustar os jovens para que não confiem em ninguém, ou que todos estão à procura de os agarrar. Não tem nada a ver.
Apenas quero que a nova colheita de putos do online esteja preparada. Sê céptico. Faz perguntas. Lembra-te que mesmo que o sintas, ainda não sabes tudo. Prometo.
2)Poker e Dívidas
Parece que alguns pensam que as dívidas são algo de errado e que mantê-las mais do que algumas semanas é sinal de algo irresponsável ou desonesto. Não é assim que o mundo do poker funciona. As dívidas são normais.
É quase inevitável ter dívidas ou estar a dever dinheiro, neste mundo. Talvez "inevitável" seja tecnicamente a palavra errada, pois podes decidir nunca emprestar ou receber empréstimos, mas será algo pouco prático para os jogadores de limites mais altos.
Não é fácil ter de largar quantias de dinheiro em todos os locais onde podes jogar (FTP, Stars, Bellagio, WPT/EPT, etc). Por vezes ficas sem dinheiro na Stars e pedes a um amigo que tenha muito. Por vezes perdes $500k numa mesa ao vivo e não tens mais dinheiro em Vegas, por isso pedes a alguém que tenha. Como é óbvio, devolves o favor quando o teu amigo também precisar. Ambos estão melhor na relação do que se nenhum emprestasse dinheiro.
Há situações em que fazes uma aposta com alguém e, como resultado, um de vocês fica a dever dinheiro ao outro. Também há casos onde podes comprar 25% da acção de alguém, de novo alguém deve a alguém.
Na minha opinião há três tipos de dívidas e estas devem ser lidadas de maneira diferente. Isto significa que tens que saber identificar o tipo de dívida antes de te envolveres.
Dinheiro que eles têm
Esta situação acontece quando alguém te deve dinheiro (por uma razão qualquer) que eles próprios têm noutro lado. Se eles não te conseguem pagar da mesma forma do empréstimo, eles têm outra forma de te dar o dinheiro. Quer estejam curtos online, mas tenham o suficiente em dinheiro, ou ao contrário.
Eu divido este caso em duas categorias:
- Relações onde o dinheiro anda de um lado para o outro constantemente
Com amigos que conheces bem, onde confias 100%, e a dívida muda de direcção frequentemente, é normal não haver um plano ou discussão para o pagamento. A dívida altera-se constantemente, sendo mais fácil do que estar sempre a corrigi-la.
Neste momento, eu provavelmente devo dinheiro a três pessoas (uma delas uma quantia grande) e há três a cinco pessoas que devem a mim. Penso que devo um pouco mais do que me é devido, mas tal não é assim tão relevante. Nenhum de nós está preocupado. Se algum de nós precisar com urgência do pagamento porque está curto, o devedor irá fazer todos os possíveis para resolver o assunto imediatamente.
Já passei por casos onde os pagamentos foram lentos, mesmo quando eu precisava do dinheiro. Isto é diferente de não existir um plano de pagamento. Nunca temi que não houvesse intenção de pagar, mas tendo a estar menos disponível para no futuro emprestar dinheiro a estas pessoas, devido ao risco de uma maior inconveniência.
Também já tive amigos que nunca estavam disponíveis para emprestar mas que pediam dinheiro constantemente.
Em qualquer um destes casos não deves sentir-te mal em negar um empréstimo a um amigo. Simplesmente não é uma relação justa para ti. Dito isto, ainda sinto alguma culpa por dizer não quando tenho o suficiente para emprestar. É a natureza humana.
- Relações onde dívidas são raras ou novidade
É raro eu emprestar dinheiro a alguém que não é um amigo chegado. Aconteceu ocasionalmente e outras vezes fiz apostas com pessoas, como tal aconteceu ficar a dever dinheiro a "conhecidos".
Sempre que devo a alguém não-chegado, eu pago o mais rapidamente possível. Se não tenho o dinheiro para pagar logo, aviso em antemão. Ex: "Pagarei no final do dia, se não perder tudo. Se perder, transferirei o dinheiro na próxima semana."
Uma versão perdedora será: "Importas-te que fique assim até acabar? Se precisares do dinheiro rapidamente é só avisares-me e eu resolvo logo."
Dinheiro que eles não têm
Quando o empréstimo não é só para a conveniência da altura, transforma-se numa outra situação. Se alguém pede $100k, com uma banca no valor de $15k, está a pedir um favor bem maior (especialmente se não tiver outro rendimento).
Se eles perderem os teus $100k, eles podem não ter a possibilidade de pagar por muito tempo. Podem nunca conseguir pagar enquanto estiverem bustos; especialmente se deverem a mais pessoas ficarão com uma dívida total gigante.
Obviamente que a pessoa que empresta percebe o elevado risco desta acção. Por vezes ouvi malta a pedir ou exigir uma taxa nestes empréstimos mais arriscados. Penso que é algo bastante razoável de se fazer.
Vivi uma situação parecida com esta uma vez, há uns anos. Devido a uma combinação de despesas imprevistas e uma má forma nas mesas, deparei-me com a situação de ter uma banca muito pequena para jogar os limites mais altos.
Enquanto decidia o que fazer, um bom amigo (muito bom, como verão) ofereceu-se para me emprestar $1 milhão por tempo indefinido e sem qualquer taxa. Eu insisti que pagaria taxa se aceitasse e agradeci a oferta. Acabei por declinar e jogar limites inferiores para reconstruir, mas nunca me esquecerei do quão generoso o meu amigo foi comigo naquela fase mais complicada.
Est
e empréstimo específico estará compreendido na situação citada acima, mas eu tinha dinheiro preso em outros sítios. Se tivesse perdido $1 milhão e mais, continuaria a poder liquidar algo e efectuar o pagamento. Eu pessoalmente não pedirei nunca dinheiro acima das minhas possibilidades, excepto talvez se tiver uma forte fonte de rendimento que poderia rapidamente cobrir o valor. Não considero necessariamente errado pedir mais do que podes pagar no momento (desde que o emprestador esteja a par), mas não é algo com que esteja confortável.O que reter
O principal ponto de vista que quero passar, para além de explicar algumas coisas a quem esteja pouco familiarizado com o mundo dos empréstimos dos high-stakes, é que precisas de saber no que te estás a meter. Eu acredito que o plano de pagamento e o fornecimento de todas as informações citadas são da responsabilidade da pessoa que pede.
Se estás a pensar em emprestar, deves perguntar por estas informações, caso não te seja dada (excepto que seja uma daquelas relações com dívidas constantes de um lado para o outro, e vice-versa).
A ética de quão rapidamente se deve pagar uma dívida é subjectiva, pois todos podem ter diferentes opiniões sobre o assunto, mas é claramente errado e desonesto fazer alguém acreditar que há dinheiro noutro lado quando claramente não é verdade. O que me leva ao meu próximo pensamento...
3) Éticas e acusações públicas:
Veio à baila no 2+2 que há pessoas que querem expôr nomes por não pagamento de dívidas, mas que não o fazem. Isto acontece normalmente porque o emprestador sente que não é o seu papel tornar o assunto público ou que ao fazê-lo está a prejudicar as suas hipóteses de receber.
Esta última é, infelizmente, uma boa razão para não publicar nomes. Nunca culparei aqueles que colocam as suas hipóteses de pagamento acima da eventual ajuda que poderia receber do público geral ao nomear pessoas e dívidas.
Já a questão de não ser o seu papel, eu acredito que depende. Se alguém está a ultrapassar claramente a linha do que é ético, penso que perde o direito à privacidade do assunto. Claro, não é da minha responsabilidade dizer a todos que alguém está busto. Mas se esse alguém continua a pedir dinheiro a vítimas insuspeitas, enquanto mantém a versão do "posso pagar a todos num instante", acho que se deve dizer qualquer coisa.
Isto não se aplica só a empréstimos. Se alguém está a quebrar as regras ou envolvido em algum esquema manhoso, as pessoas devem saber.
Há outros factores a ter em consideração, no entanto. Quero que esta pessoa com quem terei que lidar me odeie? Temo algum tipo de retaliação? Na essência, há muitas razões para NÃO expôr alguém publicamente. É a infeliz verdade.
O que chateia nisto tudo, sem que nomes sejam publicados, é que fica difícil de saber em quem confiar verdadeiramente. Por exemplo, tudo o que ouvi e vi levam-me a acreditar que malta como o Patrik Antonius e o Daniel Negreanu são 100% de confiança. Mas se alguém vier ter comigo e pedir para assegurar $500k por umas semanas por causa deles... Quer dizer, eu não sei, não sei meeeeesmo. Nunca tive envolvido em negócios com eles e mal os conheço pessoalmente fora das mesas. Estou muito confiante de que ambos são tipos altamente, mas como ter a certeza?
Sentia o mesmo sobre Chris Ferguson, que alguns culpam parcialmente pela sua parte (seja ela qual for) no escândalo da FTP. Eu até passei algum tempo com o Chris fora das mesas e ele sempre foi muito simpático, generoso, um tipo impecável. Espero que eventualmente se conclua que ele não fez nada de errado (para além de talvez não saber tanto como deveria), mas é óbvio que não o consigo conhecer de verdade só com algumas interacções superficiais.
Na verdade, tenho-me sentido tentado a defender um pouco algumas das figuras que têm sido atacadas, mas detive-me, compreendendo que não conheço verdadeiramente o suficiente para tecer mais do que meio-educadas opiniões. Talvez diga mais sobre isto noutra altura.
A verdade é que me tenho chocado demasiadas vezes por saber que alguém que parecia de confiança de facto não o era. Aprendi a nunca ter certezas até ter certeza absoluta.
Outro problema com o silêncio é que a pessoa que não foi ética pode não se ter apercebido que fez algo de errado. Claro, ela sabe que há malta que discorda do que está a fazer, mas é frequente acreditar que está do lado certo.
Por algumas coisas que li, e pela minha própria experiência, todos se consideram boas pessoas. É da natureza básica do Humano que se veja ao espelho e pense, "Sou ético. Faço o que está certo."
Penso que são poucas as pessoas que acreditam que fazer algo está errado ou é desonesto e o fazem na mesma. Simplesmente arranjam justificações para tal.
"Algumas pessoas fazem o mesmo e safam-se. Estou em desvantagem se não o fizer" Sim, mas se 95% das pessoas não o estiver a fazer, estás a ganhar uma vantagem injusta sobre eles.
"Ele prejudicou-me primeiro, posso ser injusto em retaliação." Mas e se estás errado quanto ao facto de teres sido prejudicado, e se é um mal-entendido? Afinal é apenas a tua opinião. Agora não estás a ser ético e a fazer coisas que sabes que são erradas.
"Yah, eu sei que não é o ideal demorar a pagar, mas irei fazê-lo eventualmente. Não estou a roubar." A sério?
Por causa de tudo isto, penso que o melhor que tens a fazer, se não estiveres numa de publicar nomes, é mostrar ao devedor a forma como vemos as suas acções. Apercebi-me, após escrever isto, que soa a um conselho elementar, mas deixem-me explicar.
Por exemplo, ainda há pessoas que acham que ter várias contas é normal, que não há nada de errado e que faz parte do jogo.
Mas digamos que alguém que eles respeitam diz, "Hey, acho que várias contas é errado. Estás enganado neste ponto e não é sequer perto."
E se mais três outras pessoas respeitáveis que dizem o mesmo? Talvez esta crença comece a ser repensada. Talvez as pessoas erradas mudem a sua perspectiva sobre onde está a linha do que é ou não ético.
Talvez surja na conversa, oportunidade para eles explicarem o seu ponto de vista, revelando o porquê de acharem que não estão a fazer nada de errado. Dependendo de como te sentires nestes casos, podes debater o assunto, concordar com eles ou até considerares que são más pessoas e que a amizade acabou ali.
Talvez isto seja insignificante e eu esteja a ser idealista, mas acredito mesmo que as pessoas não tentam quebrar as regras ou roubar, na maior parte dos casos - pelo menos nas suas cabeças. Se deixarmos que eles continuem a pensar que estão correctos, o seu comportamento nunca irá mudar.
Se o conseguirmos convencer que ele está a ser incorrecto mas o comportamento não mudar, pelo menos ficamos com a certeza que quando ele se vê ao espelho, vê uma besta.
Fiquem bem
Phil
Este texto foi extraído do último post de Phil Galfond no seu novo site.