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'Aniversário maldito' - D33P e o ano que passamos sem poker online

Foi a 29 de Abril de 2015 que a nova lei de jogo portuguesa, foi publicada em Diário da República, sendo que durante a primeira quinzena de Julho desse mesmo ano, as salas deixaram de aceitar jogadores nacionais.

Um triste aniversário que todos esperam que não se prolongue por muito mais tempo, e que foi desta forma recordado por Gabriel D33P Fonseca (texto de 16 de Julho):

Aniversário maldito.
(da vírgula ao ponto final)

Fez recentemente, há dois dias atrás, um ano desde que deixámos de poder jogar online em Portugal. Um ano, 365 dias sem poker e excluindo os Americanos com a sua Black Friday não conheço mais nenhum país onde os seus cidadãos fossem privados de jogar online por tanto tempo. É de certeza o capítulo mais negro da, ainda breve, história do jogo online em Portugal.

Um ano depois o que temos?

Temos duas licenças emitidas para apostas à cota (Betclic e bet.pt) e uma licença emitida para apostas físicas (placard). Em relação às apostas online ainda não existem dados para podermos tirar grandes leituras mas em relação ao placard, tornou-se um fenómeno instantâneo nos jogos sociais do nosso país e para termos noção dos números são apostados em média por dia 1 milhão de euros(!) só nesse jogo.

É como se um milhão de Portugueses apostasse todos os dias um euro no placard.

A santa casa recebeu em 2015 mais de 65 milhões de euros em apostas e teve um resultado líquido superior a 12 milhões de euros, mas nesta época desportiva (até Maio) já tinha arrecadado 161 milhões para um resultado liquido superior a 38 milhões o que faz com que, com o ano ainda a meio e já estão com um aumento de 22% de lucro face ao ano passado. Isto sem contabilizarmos o Campeonato Europeu de Futebol.

O placard ajudou e muito nesta subida mas, apesar de extremamente bem sucedido, é (só) o terceiro serviço de apostas mais utilizado na santa casa, atrás do euromilhões e das raspadinhas e isto diz muito do sucesso destes jogos sociais.

E a malta do online?

Somos representados pela ANAon - Associação Nacional de Apostadores Online que faz o que pode mas foca-se mais nas apostas e tem pouco interesse e conhecimento sobre as especificidades do Poker e assim tivemos quase tudo num ano.

De previsão em previsão falhada, sustos e diz que disse, fontes seguras e espíritos da lei, surpresas e desilusões, com o tempo mesmo a malta do copo meio cheio reconheceu que passámos do sonho a pesadelo e que fomos dos piores a regulamentar e a regular o jogo online.

A Regulamentação foi toda feita em cima do joelho com traços de amadorismo difíceis de adjectivar de forma elegante e o Regulador mostrou e continua a mostrar a sua impreparação.

Como exemplo, fazem amanhã 4 meses que está a tratar do regulamento da liquidez partilhada que ainda nem foi enviado à Comissão Europeia apesar de ter terminado o período de consulta pública há quase 3 meses. Quando finalmente o enviar, ainda terá que passar pelo período de status quo e se tudo correr bem, ser publicado em diário da república. Depois disso ainda teremos certificações técnicas.

Para os civis claro que isto nem chega a ser notícia mas para nós foi o fim do mundo tal como o conhecíamos. O impacto nas vidas dos jogadores e das suas famílias foi e é imenso quer para quem emigrou quer para quem teve que ficar.

Quem pôde e quis emigrou, quem não pôde ou não quis ficou por cá e por cá as opções são três: ou jogam live, ou jogam online ilegalmente ou… não jogam e infelizmente nada vai ser como dantes

Ficou confirmado que a liquidez afinal sempre seria internacional, mas que por não terem estudado bem o modelo dos operadores online a nossa legislação tal como foi feita não vai permitir o licenciamento das empresas que partilhem software o que vai fazer com que na prática o único operador previsível seja a PokerStars e esta situação só poderá ser alterada numa próxima revisão legislativa.

Isto faz com que para além das já anunciadas salas Francesas e outras mais secundárias que já eram dadas como “perdidas”, os jogadores profissionais só tenham uma sala para operar, isto numa altura em que a esmagadora maioria já aprendeu que o mais inteligente é repartirem o Schedule em várias salas e que para muitos a Stars representa 50% ou menos do total dos seus jogos o que me faz questionar se será uma opção viável ser profissional em 2016/2017 a jogar exclusivamente na Stars?

Tenho sérias dúvidas que seja, tal como tenho sérias dúvidas que neste panorama seja uma opção viável para os jogadores que emigraram poderem regressar.

Também me parece cada vez mais difícil termos de volta o Poker Online ainda este ano, assim é com tristeza que sou obrigado a reconhecer que nada será como dantes e que o Poker Online tal como era antes desta data maldita morreu.

Para acabar numa nota positiva diz que este fim de semana vai estar um calor de doidos.

Boa praia!

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